Eu, que sou mendigo da alegria em meio ao vale de lágrimas, ganhei minha esmolinha nesta noite de sábado. É o Fluminense, o velho Fluminense, a única coisa que me acompanha desde a infância e que deve ir comigo até o fim. Ah, o Fluminense, que encanta e tropeça, escorrega e se levanta, desafia definições e deficiências. Vencemos e queremos um domingo de paz. Uma vitória, uma esmolinha, um golinho de sonho impossível mas nem tanto. Uma esmolinha para aquecer os corações vert, blanc, rouge. Humano, cheio de defeitos e cicatrizes, mas também de tatuagens maravilhosas, lá vai o Tricolor a sonhar em pleno domingo, a três dias de sua vitória mais emblemática, prestes a completar 30 anos. O aniversário de uma conquista imortal. Ê, Fluminense, eu me lembro da noite em que aprendi teu nome e lá se foram 52 anos. Aquele calor no peito perto da Praça da Bandeira ainda existe. Ainda pulamos e gritamos como há meio século, e celebramos nossas cores como se estivéssemos nos versos de Renato Russo: “enquanto isso, na enfermaria/ todos os doentes estão cantando/ sucessos populares”. Eu tenho minha esmolinha de alegria nesta noite.
Fluminense: sucessos populares (por Paulo-Roberto Andel)
1 Comments
Comments are closed.
Bela crônica. Parabéns. É isso, nosso Fluminense é o estuário das emoções reencontradas e perdidas, dociastutas, eternas. Saudações tricolores.