Fluminense, está difícil levar a sério (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o Fluminense encerrou a partida da noite de quarta-feira, contra o Alianza Lima com a seguinte escalação: Fábio, Samuel Xavier, André, Martinelli e Marquinho; Lima, Terans e Arias; Douglas Costa, Lelê e Kauã Elias.

Reparem que, com tal formação, perdemos no meio de campo dois dos jogadores mais capazes de construir no setor: André e Martinelli, ambos deslocados para a zaga. Dois volantes para substituir dois volantes na zaga, é sério isso? Enquanto o meio de campo era incapaz de criar situações de perigo para a meta adversária.

Diniz atribui o fato de o Fluminense ter passado todo o primeiro tempo sem dar um mísero chute a gol à surpresa com o comportamento defensivo do Alianza. Ao contrário de outros adversários tricolores, o time peruano, mesmo jogando em casa, evitou sair para caçar a saída de bola do Fluminense.

Não me parece razoável, para dizer o mínimo, ou ficar só na ironia mesmo, dizer que a Dissidência tenha adotado o mesmo expediente nos dois jogos das semifinais do Flamengão 2024. O adversário da ocasião sempre disputou a posse de bola e cada espaço da intermediária tricolor quando sem ela.

No entanto, pasmem, o resultado do primeiro Fla-Flu foi 2 a 0 para eles, com o consenso da comunidade futebolística de que poderíamos ter sofrido uma goleada verdadeiramente vexatória, em um jogo em que não demos um único chute a gol em mais de 90 minutos.
Reparem, pois, que o problema não está na forma como cada adversário joga. O problema está em como o Fluminense não joga, mas vamos à minha própria percepção acerca do que vem pavimentando o nosso caminho para uma temporada melancólica.

Na segunda partida das semifinais, Diniz reduziu o número de veteranos, colocou um pouco mais de sangue jovem no time e o Fluminense fez um duelo equilibrado. Esse time que eu descrevi lá no começo, o que terminou a partida em Lima, tinha, apesar da formação muito maluca, apenas três veteranos: Fábio, Samuel Xavier e Douglas Costa. Sendo que os dois últimos estão entre os mais novos dos veteranos.

Talvez isso explique, mesmo com a escalação extravagante, a razão de ter o Fluminense, ao longo da segunda etapa, desferido dez tiros contra o gol adversário, embora não tenham levado efetivo perigo ao Alianza, coisa que não fez em nenhum momento do primeiro tempo, quando jogou com cinco veteranos em suas linhas de defesa, fora Renato Augusto, que saiu lesionado com menos de 20 minutos.
Diniz pode inventar a desculpa que quiser para as péssimas atuações do Fluminense, mas não vai mudar o fato de que o problema está na política praticada no futebol tricolor, o que não me parece, de forma alguma, algo estabelecido pelo treinador, que, não obstante, a aceita, com ela compactua e a instrumentaliza nas escolhas do que vai a campo (não) defender nossas cores.

O empate obtido em Lima foi um prêmio valioso que conquistamos, haja vista, apesar da nossa média de quase 80% de posse (inútil) de bola, ter o Alianza tido oportunidades para ter conquistado uma vitória numericamente confortável.

Quem pode não se indignar com o fato de o Fluminense ter emprestado Luan Freitas, o mais qualificado, ao lado de Manoel e Marlon, dos nossos zagueiros, para escalar um veterano que nem zagueiro é para suprir a saída de Nino? Além da queda, minhas amigas, meus amigos, o coice.

Não está dando para levar o Fluminense a sério, se o Fluminense mesmo não se leva. Não é de hoje que nós olhamos para a escalação e temos a firme convicção de que ali não são escolhidos os melhores para entrar em campo. Aliás, se for jovem, bom de bola e começar a se destacar, como Luan Freitas e João Neto, a porta da rua é a serventia da casa. Afinal, é preciso varrer para fora da visão da opinião pública as evidências do que está óbvio aos olhos dos minimamente atentos.

Chega a ser surpreendente que Felipe Andrade, o que mais entre eles se destacou no início da temporada, não tenha tido o mesmo destino. Não obstante, já seria querer demais vê-lo em campo, inclusive na zaga, que é sua posição de origem.

Então, não se iludam, com a política atual teremos um ano para ser esquecido ou lamentado. O maior problema está posto quando fazemos as coisas errado e elas acabam dando certo. Porque quando você está preparando uma engrenagem fadada à queda, quanto mais alto você vai, maior ela será. Lá

Não há mais a menor graça em ver o Fluminense jogar. Só nos resta torcer, mesmo que vendo os jogos a contragosto. O próximo, aliás, verei em casa, porque na hora de fazer o check-in do ingresso, me esqueci da senha (como é possível lembrar de tantas?) e, ao clicar em “esqueceu a senha”, eu voltava para a página anterior, deixando-me sem solução.

Saudações Tricolores!