Fluminense 3 x 2 Vila Nova (por Paulo-Roberto Andel)

Eu não ia ao jogo por muitos e muitos motivos (embora já tivesse comprado o ingresso), mas o Raul me avisou que já estava no metrô e achei sacanagem que ele fosse sozinho. Eram 20:52h e o banco fechava às 21h. Num súbito, desci mesmo com o joelho doendo, fiz o saque às 20:59h.

Trinta e um minutos para chegar ao Maracanã. Podia ter pego um táxi ou Uber, mas sei lá que estalo me deu que resolvi andar uma quadra e logo veio o veterano 433. Pensei nos velhos tempos e entrei. Vazio, vazio. Passei pela Apoteose e estava linda com suas luzes e cores. O percurso foi rápido e tranquilo.

Devo ter chegado ao Maracanã umas 21:25h, caminhei com calma por causa do joelho, vi um monte de gente pegando ingresso à última hora e subi tranquilo, depois de atravessar o labirinto das grades que faz alguém feliz.

Cheguei com um minuto de jogo, fato raríssimo em minha vida. Subindo a arquibancada, pude dar um abraço no Baruque e no André Horta, sinais claros de sorte, bons presságios de respeito. Encontrei o Raul e revivemos muitas e muitas vezes daquele lugar que nos dá vida e até força para tentar superar dificuldades.

Enquanto rolava o péssimo primeiro tempo, conversamos de muita coisa, de gente que deixou saudade, de coisas que mudaram para pior – a vida é assim. Era um “joguinho gostoso”, máxima cunhada pelo radialista e advogado Maurício Menezes, que trabalhou muitos anos na Rádio Globo e agora é radicado em Juiz de Fora. Joguinho chocho, que não empolga, passatempo.

Num certo momento, Raul chamou atenção pelo fato do Vila Nova, fraquinho mas respeitável que é, estar enchendo o saco. Um, dois, três ataques. Pressão, escanteio e gol. Desagradável, mas sem chegar a constituir surpresa. A vaia veio forte na descida para o intervalo. Os colegas do PANORAMA estavam justamente furiosos no Whatsapp.

O que estava ruim ficou pior com Vila 2 a 0. A barra pesou. Só que nesse ínterim havia chegado o Lenyr com sua filha. Acho que vi uns 20 ou 25 jogos com ele e nunca tínhamos visto uma derrota. Tudo parecia que a escrita ia se espatifar, mas não aconteceu.

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Sem nenhum brilho e sem precisar correr, o Flu foi modificado e cresceu. Descontou com um gol de Ganso em boa cobrança de pênalti e empatou logo a seguir com Cano – eu estava a caminho do banheiro, mas resolvi parar e, do alto, atrás do gol e acima da Young, pude não somente ver a conclusão mas também lembrar de toda a minha mocidade, bem ali naquele lugar, onde aplaudir muito a elegância sutil de Assis, a garra incansável de Romerito e a realeza de Ricardo, um dos nossos maiores zagueiros da história. Do alto, a gente se sentia invencível.

Diante do desastre anunciado, ter empatado o jogo já causava pelo menos o alívio do Fluminense ter voltado à disputa, mas a virada veio no fim. Fred fez o gol com belo chute (raro ultimamente), fez também sua papagaiada, beijou escudo no gramado (…), a torcida vibrou mas é bom que se diga: 98,37% do gol foi o passe de Nonato, no melhor estilo Ganso, desconcertado a defesa. Tudo bem. Lenyr e Raul, que são pés infernais, decidiram a virada. Mesmo assim, teve vaia. O Venerável escapou de um Carnaval de palavrões.

Luiz Henrique foi muito mal, mas deixar Willian foi ainda pior. Marlon é a prova viva do dinheiro jogado fora (?) por Cris Silva. Coitado do Pineida, tem que virar toda hora até para passar. SX não serve nem como função matemática. Cano perdeu um gol feito, mas tem muita garra e crédito. Fred deveria aproveitar o momento, fazer o tal 200 assim que der e encerrar com grande estilo. Ah, se o Marcos Felipe tivesse tomado o primeiro gol, iam dizer que pulou atrasado.

Se tivessem trocado de camisa e time, Caio Paulista e Pablo Dyego seriam a mesma coisa. A diferença é que o Pablo não causou prejuízo de milhões ao Flu, e faz gol.

Comemorei solitariamente com um cheesesalada no Big Nectar do Catete, depois de ter voltado de metrô (outra raridade). Era para esticar a resenha com o Raul desde o Maracanã. Nos jogos o Doria faz falta. Havia um silêncio enorme na rua. Lanchei rápido, consegui um táxi no ponto e cheguei bem em casa. Na Lapa havia um tímido pré-Carnaval. As coisas estão se recuperando, mas a verdade é que quase todo mundo está muito triste. A cidade está triste, as pessoas choram de fome, muitos pensam em suicídio e, por isso, mesmo que o futebol seja ruim, é bom ver o Fluminense de perto e vencer, apesar de tudo. Enquanto há vida, talvez haja esperança, desde que longe da janela.

Hoje é aniversário do Luna. Um abraço geral pra ele. Amigo querido.

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