Fluminense 2019 – Meio-campistas (por Mauro Jácome)

Agora é vez da turma da meiúca. O setor teve altos e baixos como todos os demais. Quando Allan se firmou e o esquema de Fernando Diniz ainda enganava, o meio-campo mostrou qualidades e animou a torcida. No entanto, a partir do momento que o técnico mostrou aos adversários que não tinha aprendido todos os requisitos para seu esquema, principalmente o ataque à bola quando perdia o domínio, a coisa desandou. O meio-campo e a zaga sofreram com os revezes.

Outro aspecto que rendeu alguns frutos foi a proximidade de Daniel ao Ganso, que dava vazão e fazia a bola chegar ao ataque. No entanto, a fragilidade na marcação também quebrava a sintonia. Marcão estancou a sangria fixando um volante autêntico – Yuri – para proteger a zaga e dar mais autonomia aos companheiros para atacarem sem os espaços exagerados entre as linhas. Alguns jogadores contribuíram mais do que outros para a decepcionante campanha do Brasileiro, destaque para Airton e Nenê. Vamos às avaliações:

YURI

Não é craque, pelo contrário, mas é muito eficiente num esquema compactado. Tem agilidade, velocidade e consegue ocupar um raio amplo de marcação na intermediária defensiva. Depois que entrou no time titular, o sistema de marcação melhorou e o Fluminense começou a conquistar os pontos necessários para se livrar do rebaixamento. Com o contrato no fim, deve ter uma atenção para a permanência, exceto se o clube projetar um time de nível bem mais elevado, o que não acredito.

Melhor atuação: na vitória contra o Corinthians, em Brasília: “Muito bem à frente da dupla de zaga. Em diversos momentos, tornou-se um terceiro zagueiro entre Nino e Digão. Participou das trocas de passes na intermediária ofensiva”.

Pior atuação: contra o CSA, fora: “Errou passes que quebraram transições. Não esteve bem”. Também esteve muito mal contra o Ceará, no Castelão: “Não protegeu a zaga, não fez a saída de bola. Quando tentou jogar, a mediocridade falou mais alto”.

ALLAN

Pode-se dividir as atuações em três fases: começou bem, caiu de rendimento, cresceu na fase final do Brasileiro. Cada uma foi diretamente proporcional à fragilidade do sistema de marcação. Depois que os adversários mapearam o sistema de jogo do Diniz, Allan ficou na roda. Corria para todos os lados, não conseguia acompanhar os adversários em contra-ataque. Além disso, ficava preso naquele toque de bola inútil à frente do goleiro. Com Yuri ao lado, reduziu as tarefas defensivas, garantiu a transição da defesa para o ataque e voltou a auxiliar o pessoal mais avançado do meio-campo.

Melhor atuação: “O dono do meio-campo. Muita mobilidade, ocupa todos os espaços da intermediária defensiva. Tem facilidade de se livrar da marcação alta e dar o passe para iniciar o ataque pelos lados do campo” (Fluminense 0x0 Flamengo).

Pior atuação: “Péssima partida. Largou os zagueiros e foi jogar na armação. Além de dar espaços, não contribuiu na criação. Errou passes fáceis por displicência” (Fluminense 1×1 Chapecoense).

DANIEL

Finalmente teve as oportunidades necessárias para mostrar o seu futebol. Teve bons momentos quando Ganso o acionava ainda no campo tricolor. No entanto, quando se distanciava dele ou quando Ganso não atuava, sumia dos jogos. Falta-lhe ousadia, além de corpo para chegar à área. Nunca seria titular num time mais qualificado; foi em 2019 por falta de opções. Não teve o contrato renovado e tomou o rumo de Salvador para jogar no Bahia.

Melhor atuação: “Retornou muito bem, principalmente no primeiro tempo. Foi responsável pela jogadas de velocidade com Yony González, João Pedro e Caio Henrique” (Fluminense 2×1 Grêmio).

Pior atuação: “Inútil. Não marcou e não conduziu a armação para permitir que os atacantes recebessem em condições de conclusão” (Athletico 3×0 Fluminense).

PH GANSO

Talvez, seja o jogador mais difícil de se analisar. Por um lado, foi autor dos passes diferenciados; por outro, esteve muito aquém do que poderia render. Ainda precisa tirar o custo/benefício do vermelho e carregar o Fluminense a voos mais ambiciosos. A própria irritação e os faniquitos em campo provam que ele mesmo sabe que não está no nível esperado. Começando uma nova temporada, com um novo técnico, pode tomar uma direção mais produtiva e tem que ser assim, afinal, o dinheiro investido impede contratações mais audaciosas.

Melhor atuação: “O dono do jogo. Atuação à La Ganso. Quando os companheiros se movimentavam, tinha espaço para evoluir e comandava a transição e a distribuição pelos lados ou para os atacantes. Soube se colocar nos espaços entre as duas intermediárias. Só faltou o gol para coroar a excelente partida” (Fluminense 2×1 Internacional).

Pior atuação: não poderia deixar de ser no jogo contra o Santos, no Maracanã: “Sumido em campo, fez um papelão ao ser substituído. Xingar o treinador, por mais contestado que seja, não é atitude de profissional. Tem tentado disfarçar as atuações ruins com faniquitos dentro e fora de campo. Essas atitudes só colocam lenha na fogueira da crise tricolor” (Fluminense 1×1 Santos).

NENÊ

Uma decepção. A partir do momento que ficou claro que não seria titular, mostrou desinteresse e contribuiu para que o Fluminense perdesse pontos importantes. Taticamente foi uma tragédia, pois corria para todos os lados, menos para o que daria resultado. Fico preocupado em saber que continua nos planos para a próxima temporada.

Melhor atuação: “A melhor partida no Fluminense. Começou as duas jogadas dos gols de Evanilson. Cansou no segundo tempo e não prendeu a bola” (Corinthians 1×2 Fluminense).

Pior atuação: “Horroroso. Perdeu um gol sem goleiro no primeiro minuto. Errou passes, chutou mal, embolou com Yony e Nem” (Fluminense 1×1 Chapecoense).

DODI

Surpreendeu ao realizar boas partidas na reta final do Brasileiro. Era desesperador vê-lo à beira do campo para entrar no segundo tempo. Não acrescentava poder de marcação, muito menos opções ofensivas. No entanto, terminou o ano jogando com muita eficiência e com extrema dedicação. Pelo saldo, deveria pegar a estrada, mas bateram dúvidas: e se o futebol das partidas finais se repetirem em 2020? Poderia continuar compondo o elenco?

Melhor atuação: “Partidaça. Mudou o time. Deu movimentação, velocidade e opções nas trocas de passes. Além de muita garra” (Fluminense 1×0 Palmeiras).

Pior atuação: “Não sei o que foi fazer em campo” (Palmeiras 3×0 Fluminense).

AIRTON

Absurda a sua manutenção durante a temporada. Era vergonhoso vê-lo em campo com a camisa quase explodindo. Levou bailes dos adversários. E se automutilava em função do peso. Foi dispensado antes do fim da temporada para alívio da torcida.

Melhor atuação: Atlético Nacional, pela Sul-Americana, fora de casa: “Entrou para segurar e ajudou na marcação”. Peñarol, fora: “Entrou no final e mal tocou na bola”. Ou seja, quando a bola não passava pelos pés e o jogo estava decidido…

Pior atuação: todas, com destaque para a estreia contra o Goiás: ”Sem condições físicas para acompanhar a velocidade do jogo. Quando chega para o combate, a bola já foi passada”; contra o Santos: “Não conseguiu acompanhar a garotada santista. Ou melhora muito a condição física, ou muda de profissão”; Athlético: “Não tem a menor condição de jogar na Série A. Além de deixar espaços à frente da área (não acompanhou Lucho no primeiro gol), faz faltas violentas. A entrada que ele deu no Bruno Guimarães foi criminosa. Até achei estranho o árbitro ter dado primeiro o amarelo (já tinha amarelo e foi expulso), mas depois corrigiu, retirou o amarelo e deu vermelho direto”.

GUILHERME

Outro que não apresentou futebol nem para compor o elenco. Desinteressado, quando entrava em campo, mesmo com o time no sufoco, não se apresentava para tentar algo diferente. Ganhou o dinheiro mais fácil da sua vida. A sua saída antes do fim da temporada também foi comemorada.

Melhor atuação: na vitória contra o São Paulo, no Morumbi: “Recuperou as trocas de passes do meio-campo. Ao contrário de Daniel, procura a aproximação dos atacantes. Também tem mais força física”.

Pior atuação: No Castelão, contra o Ceará: “Entrou para chutar ao gol. Claro, errou o que tentou”.

CAIO

Jogou somente 37’ no ano. No ano… Mesmo assim, ficou marcado. Nestas horas me lembro de Nelson Rodrigues, que dizia que sorte é fundamental na vida. Além de ter entrado mal contra o Avaí no Maracanã, cometeu um pênalti infantil no fim do jogo que resultou numa derrota desanimadora. O fato o queimou junto a torcida. Não será fácil dar a volta por cima, mas é novo, mostrou qualidades na base e um empréstimo pode lhe dar um novo futuro, nem que seja numa venda.

Melhor atuação: não tem como ter algum destaque com tão pouco tempo em campo.

Pior atuação: Na derrota contra o Avaí, no Maracanã: “Horrível. Um pênalti infantil”.

BRUNO SILVA

Veio de um Estadual irregular e fez poucas partidas no Brasileiro. A forma de jogar, como a de um peladeiro, não agradou. Como não rendeu, foi para o Internacional.

Melhor atuação: Contra o Peñarol, no Rio, e olhe lá… “Entrou para melhorar o sistema de marcação. Regular”.

Pior atuação: Na Vila Belmiro: “Uma tragédia. Errou inúmeras saídas de bola e prejudicou a transição da defesa para o ataque”.

LÉO ARTUR

Não mostrou qualidades, logo, foi pouco aproveitado. Muito fraco. Difícil até de imaginar em qual faixa do campo poderia render.

Melhor atuação: Na derrota para o Botafogo: “Perdendo, entrou para aumentar a pressão em busca do empate. Conseguiu conduzir a bola até a área e criou perigo ao Botafogo”.

Pior atuação: derrota para o Athletico: “Outro inútil. Quando recebia, virava de costas para o ataque e voltava a bola para trás”.

Panorama Tricolor

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