Fluminense 2019 – Linha de frente (por Mauro Jácome)

Desde o Brasileiro de 2010, o ataque tricolor de 2019 no campeonato só foi melhor do que o do ano passado. Neste ano, o Fluminense marcou 38 gols no Campeonato Brasileiro. Seis a mais do que em 2018.

A contusão e a saída de Pedro para a Itália então entre os principais motivos. As saídas de Everaldo e Luciano também desestabilizaram o time. A rápida queda de rendimento de João Pedro apagou uma das esperanças da torcida. O garoto surgiu arrebentando, marcando gols em todos os jogos, mas a fonte secou. Por fim, o estéril esquema de Fernando Diniz, que o meio-campo tocava, tocava, tocava, mas não agredia, também fez com que as redes adversárias pouco balançassem.

Vamos ao panorama das atuações dos atacantes no Brasileiro, Sul-Americana e Copa do Brasil:

MARCOS PAULO

Surgiu para o futebol nacional este ano. Destaque nas categorias de base, chegou ao time de cima junto com João Pedro e chamou a atenção pelo entrosamento e alta qualidade. Marcos Paulo joga tanto no meio, quanto na frente, onde é mais produtivo. A torcida espera que não seja rifado como foi João Pedro e consiga dar resultados com a camisa tricolor. Sem contratações caras, deve continuar como uma das primeiras opções para o time titular.

Melhores atuações: “Na primeira bola que pegou, deixou João Pedro na cara do gol para marcar o terceiro. No quarto gol, deu um belo chapéu em Egídio” (Fluminense 4 x 1 Cruzeiro). “Mais uma vez foi o nome do jogo. Dois gols, passes, dribles, arrancadas. Está garantindo a camisa de titular” (Fluminense 3×1 Peñarol).

Pior atuação: “Era claro o incômodo com a situação. Errou muitos passes e conclusões. Teve dificuldades em encontrar espaços para organizar e ficou embolado com Daniel e Ganso. Poderia ter buscado o jogo pela direita” (Fluminense 0x1 CSA)

YONY GONZÁLEZ

É um tanque, mas lhe falta habilidade para dar continuidade às jogadas. Quando recebe na velocidade e não precisa se livrar de adversários, conclui ao gol. No entanto, se tiver que parar e pensar, já era. Teve uma fase muito ruim na metade do segundo semestre. Faltou aos técnicos treinar mais jogadas pelos lados do campo para aproveitar o cabeceio do colombiano. Dificilmente ficará para 2020 e, apesar das deficiências citadas, fará falta se sair.

Melhores atuações: “Dois gols com a mesma características: arranque, velocidade e toque por baixo do goleiro. Com Pedro em campo, movimenta-se melhor” (Peñarol 1×2 Fluminense). “Muito bem, criou as principais jogadas ofensivas. Sofreu o pênalti e levou a defesa baiana à loucura. Cansou no segundo tempo, mas continuou brigando” (Fluminense 2×0 Bahia).

Piores atuações: “Brigou muito com a bola. Teve poucas oportunidades para concluir” (Palmeiras 3×0 Fluminense). “Apanhou da bola. Quando tentou a conclusão, foi uma tragédia” (Ceará 2×0 Fluminense).

JOÃO PEDRO

Surgiu como a maior promessa do futebol brasileiro em 2019. Fez gols maravilhosos e decisivos. No entanto, a luz se apagou de repente. Muitos dizem que por problemas extracampo. Independentemente do motivo, a explosão quando chegou ao time de cima fez a torcida ficar revoltada pela forma e pelos valores da venda já efetivada quando ainda estava a base. Despediu-se no final do ano e tomou o rumo do Watford, na Inglaterra. Precisa se concentrar na carreira para ter sucesso na Europa. Se o fizer, terá um futuro fantástico.

Melhores atuações: “Tem muita estrela, coragem, capacidade de deslocamento e visão de gol. Marcou um gol de oportunismo e outro de talento. Sua venda foi um crime” (Fluminense 4×1 Cruzeiro). “Três gols, dribles, assistências. Uma das maiores atuações individuais dos últimos tempos. Sorte de quem viu o jogo (Fluminense 4×1 Atlético Nacional, pela Sul-Americana)”. “Teve uma oportunidade. Meteu uma bicicleta e empatou o jogo no último minuto” (Cruzeiro 2×2 Fluminense, pela Copa do Brasil).

Piores atuações: “Não foi participativo como costuma ser. Parecia desconcentrado” (Fluminense 0x1 CSA). “Correu de um lado para outro, mas não deu em bola” (Fluminense 1×1 Corinthians).

WELLINGTON NEM

Decepcionou. Chegou para melhorar o setor ofensivo, mas afundou no pior momento do Fluminense no Campeonato Brasileiro. Quando titular, não conseguiu colocar em prática sua principal característica: a velocidade para ultrapassar a última linha de defesa adversária para concluir ou fazer a assistência. Ao entrar durante os jogos, geralmente para reverter o resultado, a ansiedade para resolver atrapalhava e os dribles não surtiam efeito. Um nome para permanecer em 2020 e tentar recuperar parte do futebol que conquistou a torcida.

Melhor atuação: “Ao contrário de Nenê, foi para cima dos defensores do Internacional. Marcou um golaço” (Internacional 2×1 Fluminense).

Pior atuação: “Outro que errou tudo que tentou. Tropeçou na bola, tentou dribles sem sucesso, finalizou na arquibancada” (Fluminense 1×1 Chapecoense).

PABLO DYEGO

Uma tragédia. Opção para o segundo tempo, principalmente na cabeça de Marcão, acabava tornando-se auxiliar do Caio Henrique ou de Gilberto na marcação. Quando ultrapassava o meio-campo, a afobação destruía qualquer tentativa de usar a velocidade e a força física para chegar à área adversária.

Melhor atuação: “Marcou o gol que deu alguma esperança. Não produziu em meio a afobação nos minutos finais (Fluminense 1×1 Corinthians, pela Sul-Americana).

Piores atuações: quase todas. O comentário na última partida do ano resume a temporada dele: “Fez um monte de bobagens como nas partidas em que entrou” (Corinthians 1×2 Fluminense).

EVANILSON

“O nome do jogo. Dois gols que mostraram a qualidade. No primeiro, leu a jogada e se antecipou para dar um toque de categoria. No segundo, mostrou visão de gol”. Os dois golaços contra o Corinthians, na última rodada, deixaram esperanças na torcida para 2020. Será que vai seguir o caminho de Richarlison, Pedro, João Pedro, que surgiram muito bem e foram vendidos na primeira oportunidade?

MIGUEL

Apareceu como grande promessa, no entanto, é muito novo e precisa ser mais trabalhado para compor definitivamente o elenco profissional. Por enquanto, deve revezar entre a base e o time de cima.

LUCÃO

Chegou como solução para suprir as saídas de Pedro e de Luciano. É um jogador de explosão, de força, mas não deu em bola. Talvez, o longo período de inatividade entre a saída do Goiás em 2018 e a chegada ao Fluminense tenha contribuído para o fiasco.

EWANDRO, BRENNER, KELVIN

Contratações sem fundamento técnico e realizadas no desespero. A torcida respirou aliviada porque foram dispensados e não será obrigada a vê-los em campo com a camisa tricolor.

PEDRO, EVERALDO, LUCIANO

Perceberam que o Fluminense estava se afundando em meio ao desgoverno, aos salários atrasados, às perspectivas de tragédia no final do ano. Pedro é uma das maiores promessas numa posição que tem poucos valores. Cobiçado por Flamengo e pela Fiorentina, não pensou duas vezes em se mandar. Everaldo e Luciano despertaram interesse de equipes que podiam oferecer uma perspectiva melhor e não perderam a oportunidade. Pior para o Fluminense.

Panorama Tricolor

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