Fluminense 2 x 1 Ceará (por Paulo-Roberto Andel)

Se a grande atuação diante do Corinthians não se repetiu, é importante dizer que o Fluminense não apenas conseguiu uma boa vitória, mas o Alvinegro cearense foi um adversário bem mais complicado do que o mistão paulista.

Importante celebrar a fase de Cano. Reparem na cabeçada do primeiro gol: o argentino olha serenamente para tirar a bola por completo do goleiro. Vive uma fase esplendorosa.

Na defesa, Nino também vive um momento espetacular. Desarmes precisos, sem falta, e com vigor físico. Tomara que ainda tenha um bom tempo com a nossa camisa.

A noite de festa permitiu até a boa partida de Fábio, com grandes defesas, ainda que o velho atraso de um segundo esteja presente.

O fato é que, para brigar pelo título do Brasileirão, é preciso estar no topo da correria, como se fosse o pelotão de elite da Corrida de São Silvestre. Bem, o Fluminense está nesse pelotão perto da virada do turno. A se manter assim, o sonho tricolor mantém a chama acesa e forte, fruto da vocação ofensiva de Fernando Diniz.

A grande festa aconteceu na arquibancada com mais de 60 mil pessoas, recorde do Fluminense como mandante no Novo Maracanã contra adversários de outros estados. O gol 200 não veio mas Fred saiu celebrado como o maior ídolo do clube nestes 22 anos, além de grande símbolo de uma era de conquistas, 2010-12. Resta saber o que o Fluminense fará para ter novos ídolos se não parar de rifar seus talentos pela primeira mariola que aparece no caminho. Fred se tornou o que é porque, além do talento, teve tempo de 2009 a 2016. O camisa 9 está consagrado na eternidade merecida, e o clube agora precisa de novos ídolos, mas para tê-los será necessário manter grandes nomes com tempo.

Sobre a celebração no fim do jogo: é inaceitável que Arthur Moreira Lima, um dos maiores pianistas do mundo, execute uma peça em condições de som tão precárias. A imensa demora com particularidades na louvação a Fred fez com que muitos tricolores fossem embora, já que mal ouviam a ladainha preliminar: bastava apagar as luzes, jogar o foco no artilheiro com um grande som e deixá-lo falar. Por fim, depois de se tornar o único mandatário da história tricolor a ser merecidamente xingado na conquista de um título e na primeira despedida de um grande ídolo tricolor no Maracanã (encerrando a carreira pelo Fluminense), já está na hora do presidente tricolor se mancar, pois sua figura pessoal e política é minúscula na história do clube, pouco adiantando qualquer autopromoção rasteira. Perdeu mais uma grande oportunidade de não pagar mico.

Mesmo assim, vivemos uma grande noite neste sábado. A grande preocupação é vislumbrar as próximas noites de gala. Já sabíamos o que viria, mas agora cabe ao Fluminense continuar a escrever sua estrada que, todos sonhamos, cumpra a sentença de Nelson Rodrigues: a vocação da eternidade.

##########

A justiça tarda mas não falha.