Fluminense 1 x 4 Palmeiras (por Aloísio Senra)

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Tricolores de sangue grená, nesta quarta-feira, 16 de Setembro, Fluminense e Palmeiras se enfrentaram no Estádio Mário Filho, o Maracanã (que deveria se chamar Estádio Nelson Rodrigues), pela vigésima-sexta rodada do campeonato brasileiro do ano de 2015.

Com Ronaldinho no banco pela primeira vez, sem Gum, suspenso pelo terceiro cartão amarelo e sem Gustavo Scarpa, poupado por desgaste físico (mesmo tendo apenas 21 anos, vá entender), o Fluminense jogou suas fichas finais no campeonato brasileiro. Era, de fato, a última chance para tentar algum esboço de arrancada que diminuísse a enorme distância de 7 pontos para o G4 e alongasse a já preocupante distância de 7 pontos para a zona de rebaixamento.

Além da manutenção de Marlon e Léo Pelé (ou só Léo), Cícero e Antônio Carlos voltavam ao time que encararia o Palmeiras, que perdera os cinco últimos jogos como visitante no campeonato. Os números, ao menos, jogavam a favor. Com Fred em campo, temos um aproveitamento infinitamente superior ao que apresentamos em sua ausência. Em suma, esse jogo proporcionava condições excelentes para uma reação.

E ainda no início o Fluminense teve ótima chance de gol após levantamento de bola de Jean, com conclusão de Cícero em impedimento. Logo após, Gerson fez boa jogada, avançou e bateu de longe, para boa defesa do Prass.

Após esse lance, o Palmeiras começou a atacar, tentando acabar com o ímpeto inicial do Flu. Mas não impediu que o Tricolor continuasse em cima. Gérson fez boa tabela com Fred e recebeu falta na entrada da área. Na cobrança, Jean bateu forte, longe do gol.

Depois disso, o Palmeiras pareceu acertar a marcação, e ficou mais difícil fazer a transição da defesa para o ataque. Alguns chutões e lançamentos começaram a aparecer. Nesse momento, o Fluminense tinha 62% de posse de bola, o que não se convertia em chances claras de gol. O Fluminense esbanjava vontade, mas errava passes em demasia.

O Palmeiras, por sua vez, não jogava de igual pra igual. Fechava-se bastante na defesa, para tentar explorar o contra-ataque, já que também sentia dificuldades para penetrar nas linhas adversárias.

O jogo seguia no perde-e-ganha de ambos os lados, e já passava da metade do primeiro tempo. Após bela tabela entre Marcos Jr. e Léo, cruzamento perfeito do garoto para Fred que, sozinho, colocou para fora, perdendo um gol que ele não costuma perder. Seria o primeiro do Fluminense. Logo depois, Gérson, que fazia boa partida, sinalizou um problema na coxa, e teve que ser substituído. Osvaldo entrou em seu lugar.

A maior parte das jogadas acontecia, nesse momento, no meio-de-campo. A marcação do Palmeiras não dava descanso, mas também não avançava, chamando o Flu para o seu campo. Aos 35, Wellington Silva recebeu um bom lançamento, mas estava impedido. Aos 37, após uma cobrança de lateral do Flu para a área, o palmeirense Jackson cortou de forma bisonha, deixando a bola livre para Jean finalizar com competência e frieza, 1 a 0 Flu.

Após o gol sofrido, o Palmeiras pareceu acordar e tentou dar a resposta, começando a equilibrar as ações, mas ainda sem efetividade. No finzinho da etapa inicial, a marcação do Fluminense parecia meio perdida em alguns lances, e o Palmeiras conseguiu chegar mais, embora sem conseguir nada de útil.

E o primeiro tempo terminou com o Palmeiras apontando duas finalizações apenas no scout, tendo o Flu 58% da posse de bola, dando uma sensação de justiça ao placar.

Para a segunda etapa, o técnico Marcelo Oliveira substituiu o bom lateral Egídio pelo atacante Rafael Marques, deixando claro que iria para o ataque. Por outro lado, Zé Roberto acabaria por cobrir a lateral esquerda, fato que poderia ser aproveitado pelo veloz Wellington Silva.

E o Palmeiras veio para cima de vez. Com 5 minutos de jogo, após uma tabela involuntária entre Alecsandro e Gabriel Jesus, o jovem atacante palmeirense concluiu com perigo para boa defesa parcial de Diego Cavallieri. A bola foi depois afastada para a linha de fundo pela zaga do Flu.

Dois minutos depois, Robinho cruzou para Alecsandro cabecear com perigo, mas Diego pegou, fazendo uma cerinha básica depois. O adversário claramente crescera no jogo. Mas o avanço do Palmeiras deixava o jogo mais franco, além de faltoso. Anderson Daronco, que noutras vezes já nos prejudicou, era complacente com a violência. Em um lance de cotovelada clara de Arouca em Marcos Jr., não houve a penalização conforme a regra.

Em um dos contra-ataques do Flu, Cícero recebeu ótimo lançamento de Marcos Jr. e, sozinho na área, foi derrubado por Fernando Prass. Tive a impressão de que o Cícero dobrou o joelho antes de ser tocado pelo goleiro, mas recebeu a carga por baixo mesmo assim. Infelizmente, Fred bateu mal demais, e a bola saiu à direita do gol.

Alecsandro deu lugar a Lucas Barrios, indicando que o Palmeiras continuaria tentando empatar. Após Wellington Silva perder a disputa de bola com Zé Roberto, meteu a mão na mesma e tomou um amarelo. Na cobrança, o mesmo palmeirense levantou pra área, mas a zaga afastou. Na sobra, uma disputa de bola entre Arouca e Marcos Jr., batendo cabeça, levou o tricolor a nocaute temporário, e o alviverde a sangrar. Este último, deu lugar ao meia Allione. Marcelo Oliveira abriu de vez o Palmeiras, que fizera a última substituição com 22 minutos de jogo.

O pênalti perdido ainda não havia sido digerido. E dos jargões existentes no futebol, o mais correto é “quem não faz, leva”. Aos 24, após levantamento de bola pela direita de ataque, executado por Rafael Marques, Barrios empatou para o Palmeiras, que já merecia o gol.

O Palmeiras seguiu atacando, exigindo a intervenção de Cavallieri. E Enderson seguia assistindo a tudo. O Fluminense só voltou a assustar após erro crasso de Robinho, que permitiu a roubada de bola de Fred, que avançou, foi derrubado na entrada da área, mas houve vantagem. Na sobra, Cícero bateu em cima da defesa e a bola saiu em escanteio. Foi uma chance de gol bastante clara.

A marcação deficitária da defesa e a inação de Enderson rapidamente cobrariam o seu preço. Inexplicavelmente, Marcos Jr. estava na área do Flu, ameaçou fazer a cobertura para o goleiro, que caiu para defender. Só que o nosso atacante “resolveu” tentar sair jogando, e perdeu pra Gabriel Jesus, que sem dificuldade, bateu pro gol. Era a virada do Palmeiras, em menos de sete minutos.

A defesa do Fluminense, que sempre fica no mano-a-mano de forma incompreensível com os atacantes quando as bolas são levantadas, mais uma vez foi determinante. Vinícius deu lugar a Jean, numa tentativa desesperada de tentar evitar novo insucesso. Em seguida, Marcos Jr. saiu para dar lugar a Michael. E o Fluminense foi pra cima. Afobado, torto, com dois centro-avantes. Os levantamentos para a área antes da linha de fundo, que eram comuns com Bruno e Carlinhos, se tornaram a regra.

O Palmeiras tentava aproveitar os contra-ataques para matar o jogo, invertendo a situação que se criara no início do segundo tempo. Nesse momento, era o Fluminense que finalizara apenas duas vezes, contra sete do Palmeiras. E o time da casa seguia tentando, errando passes, lançamentos e finalizações.

Aos 44, foi sinalizado cinco minutos de acréscimo. Eu já imaginava que poderíamos tentar o empate no tempo que restava, mas no íntimo temia que tomássemos outro, devido ao que se via em campo. E não tardou. Em uma falha risível de Antônio Carlos, que furou uma bola fácil no meio-de-campo, Lucas Barríos (de novo) dominou a bola, envolveu facilmente o garoto Marlon e bateu no canto de Diego. Era 3 a 1 e o jogo estava encerrado. Ou não.

Ainda deu tempo para o 4 a 1 do Palmeiras aos 47, o terceiro do Barrios, após trama constrangedora de tão fácil, com nossa defesa envolvida e entregue. Vexame dos grandes, que nos fará ter mais uma semana de cabeça quente.

Por falar em cabeças, já foi servida a do Enderson numa bandeja de prata. Sete rodadas sem vencer, sem vitória no segundo turno e caindo pela tabela, aproximando-se do Z4.

Até quando?

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: xm

o fluminense que eu vivi tour outubro 2015