Fluminense 0 x 2 Fortaleza – Marcão levou um nó de Vojvoda (por Marcelo Savioli)

O Fluminense tem uma grande capacidade de construir vindo de trás e nos últimos jogos vinha conseguindo fazer isso, surpreendentemente, de forma ágil, o que explica, em parte, nossos seguidos triunfos.

Vojvoda espelhou nossos três volantes e ainda colocou três zagueiros, colocando em campo uma dupla de atacantes inusitada, com o intuito de jogar por uma bola. Mesmos assim, o Fluminense foi incapaz de dominar o meio de campo e pressionar a saída de bola do adversário, o que provavelmente encaminharia nossa vitória.

Marcão manteve o pragmatismo de marcar um adversário sem ataque no nosso campo, recuando nossos ponteiros excessivamente, fazendo um jogo que não fazia sentido para nossas pretensões. Mesmo tendo três volantes com capacidade de combate, controle de jogo e construção. Conseguiu o absurdo de colocar o ônus de correr atrás da bola nas nossas costas.

O primeiro tempo foi entediante, algo que o Fortaleza apreciou. No segundo, acharam duas jogadas de bola parada e fizeram dois gols, sem que Marcão houvesse feito uma única mudança para tentar mudar o rumo da prosa.

Um adversário que veio a campo para se defender, saiu daqui com uma vitória de 2 a 0. É preciso muita incompetência para conseguir tamanho feito, e falo do Fluminense. Eu posso estar errado, sempre posso, mas era jogo para atuar amassando os caras, com as linhas avançadas, marcando pressão na saída de bola, para desmontar a estratégia do técnico deles, mas não conseguimos fazer isso em momento algum.

Ao contrário, recebíamos até mais pressão na saída de bola e tentávamos construir pacientemente um jogo a partir dos nossos volantes, mas não havia espaços na frente. Luís Henrique e Caio Paulista não tinham espaço para evoluir pelos lados, enquanto Fred fazia um pivô inútil, sem espaços para isso. Haja falta de espaço e de imaginação!

Era jogo para provocarmos o erro deles e inverter a estratégia, mas Marcão parece não ter percebido isso, o que fica claro com a falta de mudanças individuais e táticas no intervalo. As substituições, quando vieram, foram ruins. Tudo bem colocar Gabriel, mas era no lugar de Fred e não no lugar de Caio Paulista, que tem intensidade física, algo necessário naquele momento do jogo. Mas Marcão não sai da bolha na hora de substituir, apenas melhora um pouco as substituições em determinados momento.

E pagou caro, porque Gabriel se contundiu, e acabou fazendo uma zona federal colocando Lucca e Bobadilla em campo, deixando Fred, tirando Luís Henrique e deixando o Fluminense com a mobilidade de um dromedário, mesmo perdendo de 2 a 0. O que fazer com um ataque que tem Bobadilla, Lucca e Fred? Alguém pode me explicar?

É claro que o Fortaleza teve méritos pela ousadia de seu treinador de mexer profundamente no time que tinha levado três do Atlético GO jogando em casa. Teve méritos por mapear bem o jogo do Fluminense e montar seu time para neutralizar todos os nossos recursos, mas é preciso lembrar que fomos para o intervalo com 0 a 0 no placar e que Marcão não mudou nada, talvez achando que uma cobrança de falta na trave, falta que não aconteceu, era indício de que estávamos próximos de nossos objetivos.

Ao ponto de dar espaços para o Fortaleza se aproximar da nossa área, um time que nos últimos jogos vive de jogadas aéreas e mais nada. Pelo amor de Deus Marcão! Precisa desenhar? Não dá para fazer sempre a mesma coisa, porque os desafios são diferentes. Cadê a leitura e o plano de jogo?

Muito cuidado, porque os resultados podem ser enganosos, até em função das facilidades oferecidas pelos adversários. É preciso evoluir. O Fluminense não pode ficar parado, porque ainda está longe de poder assegurar sua posição entre as principais forças do campeonato, o que significa vaga na fase de grupos da Libertadores, pelo menos isso.

A torcida presente, embora diminuta, verbalizou sua insatisfação, depois de apoiar o time até pacientemente num primeiro tempo insosso, em que pese o sempre desagradável ambiente político da arquibancada tricolor, que pode ser muito válido no dia em que todos se unirem em torno de um projeto maduro para o clube. Tomara que um dia isso aconteça, porque aí está a sobrevivência do maior clube do mundo, que está acima de vaidades, interesses e de quase tudo que habita sob o sol.

Só para reiterar, não é que um time que jogue com três zagueiros e três volantes seja necessariamente defensivo. Só é quase isso. Mas um time com a formação de hoje do Fortaleza não tinha nem o direito de passar do meio de campo com a bola dominada, se é que me entenderam.

Acorda, Marcão!

Saudações Tricolores!