Fluminense 0 x 0 Atlético-MG (por Walace Cestari)

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Mais café!

Tricolebei. Por conta de uma série de questões pessoais, acabei restando ao sofá quando o Flu entrava no gramado do estádio do consórcio. Passes errados, cruzamentos errados, falta de objetividade em uma partidazinha pra lá de morna às sete e meia da noite… Tive de resistir a alguns cochilos no primeiro tempo. Talvez tricolebar nem tenha sido tão ruim assim.

O Flu manteve a posse de bola, mas esbarrou na eterna falta de velocidade. Faltam tantas coisas ao Fluminense, que se faltasse qualquer outra, já não haveria espaço para colocá-la no time. Cícero e Conca trocavam bem de lado a todo momento, mas faltava verticalidade. Passes laterais. Roda daqui, roda dali. Um carrossel. Mas daqueles que enjoam, sabem? Às vezes, uma tentativa de uma enfiada mais aguda saía dos pés do argentino. Nada que me fizesse levantar do sofá. Nem a galera, das cadeiras do estádio.

Como faltasse agudeza, cruzávamos. Na dependência das laterais, encontravam-se o remédio para a insônia dos que já desistiram de Bruno ou a receita do isordil para os cardiopatas. Do outro lado, o garoto Fernando mostrava que será um dia uma boa opção. Um dia. Talvez mais de um. Mas não hoje. Ou ontem, não sei. Cícero (quantos há deste rapaz em campo?) e Wagner dobravam nas laterais ofensivas e cruzavam. Córneres, faltas… Vamos de chuveirinho.

E num desses quase Fred marcou. Movimentação rápida e precisa, cabeceio de quem entende. Bola no pé da trave para o atônito olhar de Vítor. Aliás, o goleiro do Galo é campeão de sair do gol e socar a bola para o meio da área. Entretanto, faltou-nos a pontaria nos rebotes. Bola pra lá, bola pra cá. Minuto final. Sem acréscimos. Preferia 46 ou mesmo 44. Assim, regulamentar, dá azar. Prefiro nem escrever os algarismos. Sai rápido do sofá. Pula na cozinha. É pressa para um café. Em instantes, o cheiro doce do perfume do grão abissínio já auxiliava no despertar. Olhos abertos. Esperança para um segundo tempo.

Um Galo encolhido, recuado, retrancado, jogando por uma bola, congestionava o meio campo. E o Flu? Sem a menor ideia ou inspiração de como jogar contra um adversário assim. Troca passe. Erra passe. Erra passe. Erra mais passes ainda. Passa mais café, assim não vai dar. Volta e meia, um chute a gol de ambos os lados nos faziam lembrar de que aquela era uma partida de futebol. Desenhava-se mais um confronto de intermediárias, amarrado no meio, sem emoções, na apreensão única de um erro do adversário.

Não demorou e os gritos de “burro” tomavam as arquibancadas contra Cristóvão. Em campo, o Fluminense parecia invejar minha posição de torcedor recostado no sofá. Uma acomodação do tamanho da insatisfação de cada torcedor. Uma equipe letárgica, que não se esforçou para criar nada de diferente dentro da partida. De um lado, uma equipe disposta a não perder. Do outro, um conjunto desinteressado em ganhar. Marasmático, o prélio encaminhava-se à apatia absoluta. Um final apropriado para um jogo que poderia não ter acontecido.

De repente, o garoto Kennedy é chamado. É agora! Trinta segundos de esperança, uma jogada mais incisiva e nada. Conca, Fred, Wagner, Cícero, novamente, Fred. Golaço. Ganhamos? Escuto um apito. Acordo e vejo que, diferentemente de meu sono, o placar continuou como começou.

Foi daqueles empates em que ninguém merecia nem sequer um ponto. Mas não é assim. Somamos um (ou perdemos dois?). Mais longe do G4. Mas sem perigo de entrar na “confusão”. Resta-nos aceitar a mediocridade de nossa participação no Brasileiro. Terminemos o campeonato com dignidade. Que estejamos acordados, pelo menos. Precisaremos de muito mais no Beira-Rio. Pois, já está difícil vencer o sono. Mais café! Mais café!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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