Flu de Diniz, entretenimento de qualidade (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, quantas vezes viramos as costas ao futebol, aborrecidos com espetáculos de má qualidade?

Torcedores, como eu, que debutaram nas arquibancadas do então gigante de concreto assistindo à formidável Máquina de Francisco Horta facilmente se entediam com determinadas partidas.

Eu vejo o futebol como paixão. Paixão essa que nos faz suportar as piores agruras futebolísticas. Vejo, entretanto, o futebol, também, como entretenimento. Afinal, não saímos de casa ou ligamos a TV apenas para torcer. Queremos ter entretenimento de qualidade.

É isso que nos proporciona o futebol do Fluminense de Fernando Diniz: entretenimento de altíssimo nível. Uma obra de arte, que nos arranca lágrimas de emoção, nos faz rir, vibrar, delirar, pular, cantar. Em celebração à arte de jogar futebol.

De 2019 para cá, Fernando Diniz aperfeiçoou seu modelo. Encontrou no elenco atual do Fluminense o material que precisava para dar vida às suas ideias. Ideias que nos fazem pensar em uma nova revolução no futebol. O Fluminense de Diniz é único. Tenho visto movimentos de outras equipes no sentido de reproduzir o modelo tricolor, o que é muito bom para o espetáculo, mas, por outro lado, a dificuldade é visível, seja por conta das peças disponíveis, por conta dos improvisos ou de se desconhecer os meandros do que acontece no CT Carlos Castilho.

Não somos Fundo de Quintal, mas o show tem que continuar, pelo bem do Fluminense, pelo bem do futebol, a quem o Prêmio Nobel do Esporte mais uma vez presenteia com sua vocação para o pioneirismo. Depois de ser um dos principais artífices da criação do futebol brasileiro, inclusive da Seleção, o Fluminense oficializa a recriação do futebol com esse gênio das quatro linhas.

É uma pena que esse extraordinário Flu de Diniz chegue ao final da temporada sem conquistar um título. Sim, porque o Estadual foi conquistado sob o comando de Abel Braga, que, por tudo que já fez pelo clube, merecia muito viver a honra de devolver o grito de campeão às nossas vozes.

Se me parece óbvio que o Fluminense tem que manter Diniz, Ganso, Cano e Cia, mais óbvio ainda, porque em condição de recorrência, é a necessidade de mudar a política no futebol tricolor, que mais uma vez nos furtou a possibilidade de grandes conquistas. Que, mantido o atual grupo, com o aporte de Xerém e de investidores, virão naturalmente nos próximos anos.

O Fluminense termina a temporada se consolidando como uma das grandes forças do futebol brasileiro, processo que vem se sedimentando nos últimos anos. Diante disso, temos uma grande oportunidade em nossas mãos. Olhando do ponto de vista do marketing, temos um produto formidável, o melhor, hoje, do futebol mundial. Que começa na genialidade do modelo de Diniz, passa por um elenco com jogadores do mais alto nível, como Ganso, André, Arias, Cano, Martinelli e Nino, e termina no espetáculo de uma torcida linda na força de suas cores e de seu canto. Com investimento, profissionalismo e gestão de qualidade, o Fluminense pode protagonizar por muitos anos o futebol brasileiro e internacional.

É claro que não se pode deixar de falar no jogo de sábado. Lindo, fantástico, extraordinário. O Fluminense merecia ter saído para o intervalo com uma vitória, mas Luciano, em lindo arremate, foi quem abriu a contagem. No mais, foi bola na trave, uma defesa espetacular do goleiro são paulino e um arremate rente à baliza, tudo com passes magistrais de Ganso e arremates de Germán.

Começou o segundo tempo e não deu nem tempo de respirar. Com treze minutos, o Flu já virara e vencia de 3 a 1, com três gols do formidável, fantástico e extraordinário argentino. Diniz fizera trocas ousadas no intervalo, tirando um zagueiro, Nino, para colocar um meia, Nathan, que foi decisivo na virada tricolor. Assim como Alexsander, que entrou no lugar de Cristiano, que destoava do resto do time na primeira etapa, e foi logo apresentando seu cartão de visitas com um tiro venenoso da entrada da área. O goleiro deu rebote e lá estava o argentino para mandar a bola para o barbante.

Matheus Martins no lugar de Yago foi a outra troca. Com o São Paulo completamente baratinado, o atacante recebeu um presente incrível na entrada da área, mas bateu rente à trave. Na sequência, porém, se infiltrou para receber passe milimétrico de Nathan e cruzar com perfeição para Cano marcar o segundo. Por falar em passes milimétricos, foi também de Nathan um toque preciso para Ganso cruzar “com a mão” na cabeça do argentino goleador. Fluminense 3 a 0, com o São Paulo incapaz de compreender o que estava acontecendo.

A gente até pode se conformar com o fato de que está terminando a temporada. Vai ser duro passar mais de um mês sem ver o Flu de Diniz jogar. Porém, a certeza, pelo menos, de saber que o show vai continuar em 2023, já nos fará muito felizes.

Fica Diniz! Chegou a hora de fazermos história juntos.

Saudações Tricolores e Todo Poder ao Pó-de-Arroz!