Festa estranha com gente esquisita? Você decide (por Paulo-Roberto Andel)

Não dá para dizer que a deprimente derrota para o Bahia foi uma surpresa. Afinal, o Fluminense é líder nesse quesito entre os 12 primeiros colocados a uma rodada do término do Brasileirão. Perdeu 14 jogos, sendo que quase nada se salvou deles. Contudo, a pontuação alcançada permitiu o sonho de figuração na Libertadores e, para parte da torcida, isso basta.

Na verdade, a nossa maior derrota vem de longe mas cresce a cada dia. É a perda de senso crítico que a torcida do Fluminense teve desde os tempos da Rua Guanabara. Ela, a perda, é que permite que os dirigentes façam verdadeiras sandices e muita gente aplauda. Outros caem em factoides planejados, mas tão estúpidos, que parece difícil que alguém o faça, mas acontece. Alguns exemplos: o MBA do vestiário, o “apoio incondicional”, “tem que jogar muitas Libertadores para ganhar uma” e até premissas burlescas, como a de que nosso grande problema nas derrotas é que Marcos Felipe ainda não pegou um pênalti. Ok, esta é uma terra onde pessoas acreditam que manga com leite mata. Tudo bem.

A 33 pontos do campeão Atlético e a sete da já esconjurada zona de rebaixamento, o Fluminense tem vivido verdadeiros dias de farsa. Ainda que não tenha tido a menor condição de ganhar títulos nos últimos anos, é decantado como se assim fôssemos. Parece que a obsessão é ir à Libertadores, mas não ganhá-la, até porque desde 2013 o clube não tem um elenco qualificado para isso. Haja o que houver, joga pequeno, insignificante, na retranca, fato que não impede suas muitas derrotas e pênaltis cometidos. Aí o goleiro não pega e a culpa é dele, entendeu? Não. Nem eu.

Quando finalmente vai jogar para um público expressivo no Maracanã, a diretoria se supera e surge o inacreditável Felipe Melo, ponta de estoque do campeão Palmeiras, contundido e com 38 anos de idade, para ocupar a posição de um dos melhores jogadores da equipe, o jovem André. Desnecessário falar de sua total falta de sintonia com a história do clube. E apadrinhado por Fred. Diria Zanzibar, o eterno conselheiro: “Meus sais!”.

Então a torcida, com parte apaixonada e parte iludida – às vezes ao mesmo tempo -, vai lotar o Maracanã para… o que mesmo? Ah, sim, para ir à Libertadores. É claro que depois de tanto tempo, frequentar o estádio pode ser reconfortante, reencontrar amigos etc. Mas é uma festa estranha, porque não temos nada a comemorar: diante do atual campeonato, medíocre ao extremo, o poderio financeiro do Fluminense torna a ida à Libertadores uma obrigação. E que ninguém se iluda: depois de levar uma sova do Bahia, tratar a briosa Chapecoense com respeito é o mínimo que se pode fazer.

No fundo, no fundo, continuamos a ser um delivery de jovens jogadores, que são rifados para pagar os altos salários de veteranos decadentes, sem compromisso com títulos e correndo para não chegar. De toda forma, bateremos um recorde: pela primeira vez na próxima quinta, a retranca vazada de Marcão vai ter tanta torcida presente. Tomara que o grande projeto de reconstrução do clube, o “novo jeito de torcer e o “clima” de vestiário não atrapalhem a noite tricolor daqui a quatro dias. Contudo, não convém apostar.

VOCÊ É CONTRA O FELIPE MELO? CLIQUE AQUI.

#########

Só para fechar: das 14 derrotas do Fluminense no Brasileirão, umas 10 não se tornaram goleadas humilhantes porque Marcos Felipe fechou o gol. Da mesma forma, o goleiro foi o principal responsável pela nossa passagem à fase final da Libertadores. Para quem tiver dúvidas, é só ver no YouTube ou ler as resenhas aqui do PANORAMA.

O que fazem com esse rapaz já passou de injustiça ou perseguição: é putaria mesmo. Escrotidão.