Felipe Andrade, um mistério no Fluminense (por Wagner Victer)

Escrevi aqui no PANORAMA uma crônica antes do jogo do Fluminense contra o Bragantino no ultimo sábado, 13/04, no Maracanã, onde resgato em parte algumas teses, apreensões e indignações.

Na ocasião, disse, até em forma provocativa, que seria um absurdo completo não escalar o zagueiro Felipe Andrade em função dos problemas acontecidos, não só com Thiago Santos, um jogador bastante limitado e improvisado insistentemente na zaga, o problema com o Manuel e a cirurgia do Marlon.

Não havia qualquer razão lógica para não testar o jovem Felipe Andrade em sua posição, que veio das bases de Xerém no Fluminense e que, com umas três ou quatro partidas no time principal, certamente não sairá mais do time que, absurdamente, apostou com vigor em recentes contratações para a zaga como David Duarte e Antônio Carlos, só aplaudidas a época pelos permanentes “passadores de pano” de plantão.

Era muito claro que improvisar Martinelli na zaga, por sua altura, comprometeria na zaga e, sem ser pitonisa, vimos o que aconteceu nas bolas aéreas que tomamos sequencialmente e, consequentemente, os dois gols sofridos.

Quem já havia assistido o jogo contra o Colo-Colo constatou que, nos poucos minutos em que Felipe Andrade entrou na zaga, teve uma performance exemplar, inclusive, numa jogada em que o atacante estava bem à frente e ele, com experiência de um zagueiro de origem, conseguiu deslocar com o corpo o jogador, evitando o gol que seria o de empate. Técnica para a posição que nossos cabeças de área improvisados não treinam, o que justamente teria afastado os gols sofridos contra o Bragantino.

Felipe Andrade é um jogador já de 21 anos e de 1,82m de altura, portanto, mais alto do que muitos jogadores da zaga, e sabe sair jogando, pois já atuou como cabeça de área. Tem que ter essa chance para ser efetivado e o seu não aproveitamento é algo no mínimo misterioso.

O mistério é tanto que, não obstante ao que aconteceu, agora se especula em sussurros, a absurda escalação de mais um improvisado na zaga, que é Gabriel Pires, o eterno frequentador do Departamento Médico, que não disputa 40 partidas numa temporada desde 2016.

A ascensão de Felipe Andrade na zaga levaria André e Martinelli para o meio campo, afastando o limitado Lima, que aliás fez dois gols que impedem, pelo menos nessa crônica, de classificar sua atuação de pífia, além de reduzir os espaços potenciais para a escalação de Felipe Mello numa posição que lhe permite ser sequencialmente improvisado por 45 minutos.

Não ter dado essa oportunidade nessa partida a Felipe Andrade e continuar com tal atitude sugere um Jabaculê em gestação para justificar trazer outra baranga de interesse de empresários, ou até desgastar o jovem para uma negociação futura na bacia das almas. Isso sem falar que ele vira a caracterização de um fantasma para preservar jogadores bem mais velhos escalados na zaga e que já perderam o tempo da bola para atuar no setor.

Vamos aguardar e ter a expectativa porque, se mais uma vez não acontecer, devemos não só cobrar por Felipe Andrade mas também pelo empréstimo de Luan Freitas e nos juntar ao mantra que muitos já repetem, de que nosso técnico Diniz não gosta de usar a nossa base, certamente um desestímulo reiterado e um balde de água fria nos nossos jovens atletas de Xerém.