Eu vou de Chico Buarque (por TTP)

Com um exame, com afeto,
Eu comprei o seu ingresso,
Pra você jogar em casa…
Qual o quê!
Com seu terno mais bonito,
Sai a campo, eu acredito,
Quando diz que é favorito.
Você diz que é um guerreiro,
sai em busca de sanear as contas,
Pra poder se sustentar…
Qual o quê!
No decorrer da partida,
Há um bar em cada esquina,
Pra alguém comemorar…
Sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto,
Você vai puxar assunto,
Discutindo futebol…
E ficar olhando as laterais,
De quem vive pelos esquemas,
Coloridos pelo sol…
Vem a noite e mais um tosco,
Sei que alegre ma non troppo,
Vai querer justificar…
Na caixinha um novo amigo,
Vai bater um novo artigo,
Pra torcida se culpar!
Quando o time enfim se cansa,
Você vem feito criança,
Pra chorar substituição.
Qual o quê!
Diz que quer a base agora,
Diz que aposta em Xerém,
Pede aos gritos pra Marcão .
E ao ver Fred assim cansado,
Maltrapilho e maltratado,
Como vou me aborrecer?
Qual o quê!
Logo vou lembrar dos gols,
Dou um beijo em seu retrato,
E abro os meus braços pra você…
 
Só assim, com releitura de Chico, pra tentar ver mais bonito o quadro que está pintado na parede: “A tragédia anunciada do Mediano Príncipe”.

Pintado a várias mãos, que usam dos teclados para ajustar contornos. Aclamado aos microfones alugados daqueles que fazem algo parecido com jornalismo, mas que o cheiro podre denuncia.

Haverá um novo dia, disso sabemos, mas por enquanto, vou de Chico.