Estatísticas… (por Paulo-Roberto Andel)

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Para alegria das redações e estúdios, mais aqueles pouquíssimos que lutam pelo “quanto pior, melhor” (ora por espírito-de-porco pessoal e intransferível, ora por mesquinharias ou outros fatores ocultos/ pavorosos, ora pela necessidade pessoal e pueril de torcer pelo caos e, ao vê-lo confirmado, dizer “Estão vendo? Eu estava certo, sei mais do que vocês…”), o Fluminense chegou a outubro de 2013 em seu pior cenário desde 2009. De toda forma, os porquinhos nada têm a ver com a incompetência nos resultados do time, ainda que em muitos jogos não tenha faltado – aliás, não falta – vontade de reverter a situação.

Bom, claro que 2009 era muito pior, mas é hora de viver o hoje, o agora.

E o Flu não chegou ao momento de agora apenas por azar, ressalte-se: diversos erros cometidos desde o fim da temporada 2012 levaram ao panorama atual.

Contudo, se há algum sentido em torcer para o clube de seu coração (e parece que há, senão eu não estaria aqui escrevendo e nem você lendo), o momento parece certeiro: quando um time vai mal, a torcida empurra – ou deveria ajudar a empurrar – em busca de uma situação melhor. O coletivo prevalecendo sobre as individualidades, a natureza inteira sendo mais importante do que brilhos de pavão – aliás, a história do Fluminense em suas conquistas no campo sempre rezou pelo coletivo, pelo grupo, pela briga contra meios de comunicação que sempre insistiram em colocá-lo num lugar menor.

A coisa está feia, bem feia e não adianta negar, mas algumas radiografias podem ser bastante úteis por ora.

Ao se comparar a pontuação dos times da zona de rebaixamento do ano passado com a deste ano, por mero exemplo, chega-se a duas conclusões fáceis: primeiro, os times nela contidos estão “menos rebaixáveis” no certame atual do que no anterior – o que é péssimo. Segundo, a pontuação média dos times da ZR em 2013 continua baixa, o que significa dizer que uma reação Tricolor depende somente do próprio time. Abaixo, as comparações a respeito  – e o que aqui se trata de pontuação estimada é tão somente o aproveitamento de pontos até a 30ª rodada multiplicado pelas oito rodadas de fechamento da competição. Evidentemente, isso é APENAS uma aproximação que não leva em conta os fatores jogo-a-jogo, mas também não tem um resultado muito distante dos respeitáveis modelos matemáticos amplamente divulgados pela mídia (algumas vezes dotados de probabilidades hiperbólicas, todos eles com relativas falhas de estimativa).

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Outro fator fundamental: a sequência de jogos à frente. Alguns dos times dentro da ZR terão confrontos diretos entre si – o raciocínio natural é que alguém obrigatoriamente perderá pontos, enquanto alguém poderá ou não avançar – em caso de empate, mortes abraçadas a cada rodada.

Dos times que estão na zona de rebaixamento ou próximos dela, eis o caminho.

Fluminense: Vitória (casa), Flamengo (neutro), Corinthians (fora), Náutico (casa), São Paulo (casa), Santos (fora), Atl-MG (casa) e Bahia (fora);

Bahia: Atl-PR (casa), Grêmio (fora), Atl-MG (casa), Santos (fora), Náutico (casa), Portuguesa (casa), Cruzeiro (fora) e Fluminense (casa);

Vasco: Ponte (fora), Coritiba (casa), Santos (casa), Grêmio (fora), Corinthians (fora), Cruzeiro (casa), Náutico (casa) e Atl-PR (fora);

Criciúma: Cruzeiro (fora), Ponte (casa), Náutico (fora), Atl-PR (casa), Coritiba (fora), Vitória (casa), São Paulo (casa) e Botafogo (fora);

Ponte: Vasco (casa), Criciúma (fora), Vitória (casa), Goiás (fora), Cruzeiro (fora) Grêmio (casa), Portuguesa (casa), Internacional (fora).

Bastante razoável que o Fluminense tem três jogos cruciais em casa onde não pode errar de jeito nenhum: Vitória, Náutico e o Atl-MG na penúltima rodada, este provavelmente com um time pra lá de reserva tendo em vista a disputa do Mundial Interclubes. Nos outros cinco jogos, quinze pontos em disputa; capturando três (uma estimativa baixíssima), teremos o total de doze pontos que, somados aos trinta e seis atuais, completariam os teóricos quarenta e oito da grande salvação  – o que não quer dizer de forma alguma que alguém não vá se salvar com menos, como já se viu em temporadas anteriores.

Informação relevante: hoje, exatamente, hoje, além dos quatro times na zona de rebaixamento, sofrem ameaça matemática – por menor que seja – todos os outros que chegaram à abertura desta 31ª rodada com menos de 43 pontos pelas estimativas acima, a saber: São Paulo, Flamengo, Corinthians, Portuguesa, Coritiba, Fluminense e Bahia, onde o primeiro tem apenas quatro pontos de vantagem do último. Depois de domingo, todo o cenário probabilístico pode ser alterado ou não, dependendo dos resultados.

A coisa está feia para o Flu. Bem feia. O que não justifica faniquitos descontrolados ou pré-rebaixamento. O momento é de APOIO e isso significa dizer casa cheia nas partidas em casa, sem vaidades pessoais e joguetes do tipo “tomara-que-caia” típicos de momentos eleitorais do clube. Como bem disse nosso amigo Leo Prazeres nesta semana por aqui, depois da queda não adianta chorar. Empurrar o time para que 2014 não seja a tragédia do coma.

O brilhante ano de 2012 é passado bem-guardado na história, nas bibliotecas e na memória afetiva. A luta de 2013 é outra, é complicada, mas não tem nada de impossível. Absolutamente nada. Jogaremos no próximo domingo e, independentemente de outros resultados favoráveis, não podemos errar. Todos os esforços ficam contidos nisso. O placar de 1 x 0 contra o Vitória é um título.

Estimatimas falham, às vezes mais do que o devido. Contudo, com seis pontos acima da estimativa baixa – ou três -, dificilmente isso acontecerá ao fim da competição. Fazer o dever de casa apenas, com afinco.

E para quem gosta de se apegar ao passado de grandes desafios – superstição, ora! -, na última vez que enfrentamos o rubro-negro da Bahia sob grave ameaça de morte (muito, mas muito maior do que agora), a história foi desse jeito abaixo. Se não temos mais o time capaz de tal proeza, que tal a torcida fazer sua parte dignamente no novo Maracanã e, com isso, ajudar – e MUITO! – a evitar o pior?

O lema de agora? “Quem não atrapalhar já ajuda bastante”.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

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