Em defesa de Fábio (por Paulo Rocha)

Minha visão a respeito das coisas que envolvem o Fluminense nem sempre coincide com o que outros tricolores pensam. Até mesmo com meu saudoso pai, de quem herdei a paixão pelas três cores, eu possuía divergência de opiniões a respeito de alguns jogadores. Na verdade, minhas preferências nem sempre são racionais. Mas se baseiam no que sinto e, para mim, é isso que importa.

Muitos companheiros não partilham da minha opinião em relação ao Fábio. Respeito, até porque se tratam de pessoas que julgo tão tricolores quanto eu, com conhecimento do clube, de suas histórias, sua mitologia. Mas eu sou muito fã do veterano goleiro tricolor. E a atuação de gala no clássico de domingo não me surpreendeu, pois sempre confiei nele.

Conheci o Fábio no início de sua carreira quando cobri o Vasco pelo Jornal dos Sports. Era um rapaz promissor, lembro-me de vê-lo sendo treinado pelo Carlos Germano em São Januário. O entrevistei para fazer uma matéria especial no prédio em que morava, na Barra. Naquele ano, 2003, foi titular do time que conquistou o título carioca.

Depois, passou muitos anos no Cruzeiro, tornando-se ídolo, ganhando muitos títulos. Injustamente, teve poucas chances na seleção. Deixou o clube mineiro de forma conturbada quando este chegou às portas da falência. Detalhe: foi o atleta que, em toda história, mais vezes vestiu a camisa estrelada celeste.

Chegou ao Fluminense no início do ano passado, a princípio para revezar com Marcos Felipe – por quem a torcida nutria muito carinho, afinal, era prata da casa. Mas conquistou a posição de titular e foi campeão estadual. Aliás, em minha opinião, antes de Fábio, o último goleiro de ponta que tivemos foi Diego Cavalieri (por sinal, também o último que havia conquistado títulos pelo clube).

Fábio, às vezes, comete falhas? Sim, como todo goleiro falha. Tem 42 anos? Prefiro-o do que a dois de 21. A verdade é que sinto firmeza nele. E para nós, tricolores, a posição de goleiro é uma coisa muito séria. Somos exigentes ao extremo, daí tantas opiniões divergentes.

Nego-me a atribuir certa implicância ao fato dele ser agenciado pela galera ligada ao Fred, que tanta gente deixou de admirar por sua proximidade com o atual presidente do clube. Só sei que sou fã do Fábio. Sinto que nossa meta está segura. Em boas mãos. Em anos recentes, tivemos cada goleiro de lascar… Não nos esqueçamos disso.