Editorial: o voto on line é a garantia de um Fluminense verdadeiramente democrático

O Fluminense dentro do campo vai bem, obrigado. Começa a decidir as semifinais do Carioca 2021 neste domingo e, na próxima semana, conquistando uma boa vitória sobre o Junior Barranquilla na Colômbia, consolida o caminho de sua classificação na Libertadores.

Há quem equivocadamente interprete que o bom momento no campo é suficiente para eliminar todo e qualquer questionamento fora dele. Ledo engano, assim como a confusão inadequada entre política e politicagem. A política é a vida. A expressão de opinião é um ato político. E que bom que se discuta política além dos tempos de crise.

Consideradas e suavizadas as eventuais hipérboles, descontando-se os problemas relativos à pandemia, sabe-se que o Fluminense tem mais de duas dezenas de milhares de sócios ativos, e que essa população é espalhada pelo Brasil, muito além das fronteiras da cidade do Rio de Janeiro. E hoje, perto de 70 a 80% destes sócios estão alijados do processo eleitoral mesmo com direito a voto, a não ser que gastem milhares de reais exclusivamente para viajar e votar na sede do clube, quando poderiam exercer seu direito dentro de casa, com alguns cliques.

O estatuto do Fluminense prevê a implementação do voto on line, instrumento seguro e garantidor do processo democrático. Inclusive se tratou de promessa eleitoral por escrito da atual gestão do clube e que, por isso mesmo, deve ser cumprida.

Contra a implementação, naturalmente estão os grupos minoritários que, há anos, decidem as eleições do Fluminense às custas de acordos e compadrios que mais lembram a época das capitanias hereditárias. A favor, milhares e milhares de tricolores em todo o país.

O Tricolor não pode ser refém de uma minoria que decide o destino de milhões de torcedores conforme a vontade do “dono” da piscina, do “capitão” da quadra e do “imperador da sauna”, ou das milícias digitais de ocasião. Estamos em 2021 e não em 1940.

A implementação do voto on line se faz imperativa para os anseios da massa tricolor em todo o Brasil. Justiça para os sócios que há anos contribuem com o clube, em sua maioria a troco de absolutamente nada. Democracia verdadeira, tirando o colégio eleitoral da condição de permanente curral de casuísmo e de museu de grandes novidades, dando-lhe o tamanho e o respeito que o Fluminense merece.

Quem nada deve, não tem medo da ampliação democrática nas eleições do clube. E quem tiver medo, no mínimo gera desconfiança.

Não basta apenas as postagens (legítimas, por sinal) do discurso do clube de todxs se, na hora da eleição, o poder do voto estiver na mão da minoria. A ação precisa superar o discurso.