Editorial – Fluminense: trocando o futuro pelo passado

“Se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória”.

A definição de Nelson Rodrigues, o maior dos tricolores, era perfeita há vinte e cinco ou trinta anos. Ela sintetizava a história do clube, que teria um futuro maravilhoso à frente porque seus feitos eram permanentes.

Infelizmente, há tempos, até as sentenças de Nelson correm perigo quando se trata de Fluminense. É o caso desta década quase perdida, salva por 2011/12 mas já com erros crassos, que só aumentaram com o tempo. Desde então, o clube teve três presidentes e a mesma linha de atuação: o uso de revelações da base para a quitação de folhas salariais recheadas de jogadores duvidosos, bem como outros de reconhecido talento mas em final de carreira.

O resultado deste sistema de operação é uma desmotivação a cada nova temporada, onde se indica que o Fluminense será figurante das competições que disputa.

O Tricolor campeão em 1980 com nove jogadores titulares formados no clube já não existe. O modus operandi do Fluminense é um giro incessante de jogadores desconhecidos e, muitas vezes, sem condições técnicas de jogar no time titular. Vêm, vão, entram e saem quase sem serem notados. Pouco tempo depois, ninguém se lembra. Enquanto isso, o Flu segue sem novos ídolos, já que os jovens mal ficam seis meses como titulares. Negociados previamente em fatias e percentuais, geram aos cofres tricolores muito aquém do razoável, com praticamente nenhum retorno esportivo.

Não é preciso ter dado dois treinos para se saber que a manutenção deste modelo é lesiva ao Fluminense, em termos históricos, esportivos e econômicos. Enquanto isso, torcedores e sócios do clube são ameaçados de processo porque denunciam a verdade, o óbvio ululante – e aqui volta o eterno patrono Nelson Rodrigues.

A cada três anos, ou menos, o intenso debate eleitoral promove um mar de promessas dos vencedores que nunca são cumpridas – e algumas, até contrariadas. Os jogadores, jovens ou não, ganham seus salários – às vezes na Justiça – e alguma visibilidade na carreira. Seus representantes legais e agentes, idem. O Fluminense, não: é sempre derrotado.

Trocar o futuro pelo passado pode até ser interessante para poucos, mas não para os milhões de tricolores Brasil afora. Hoje, por mais que fosse esperado, todos estão irritados com a saída de Evanílson. Só que não se trata de uma questão pontual: basta ver a quantidade de promessas que o Fluminense negociou por tostões, substituindo-os por material humano de segunda ou terceira linha. Evanílson é apenas o mais novo dentre dezenas de nomes.

A quem isso interessa?

Panorama Tricolor

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