Editorial – Dispensáveis fiscais de torcida

Enquanto o Fluminense se prepara para a continuação da temporada 2024, não há jogos oficiais. Com isso, as redes sociais exigem temática de movimento extra e o mesmo vale para o imenso manancial de conteúdo na internet, com os mais variados formatos e gostos, de informação e jornalismo até pretensos comediantes de stand up, equivalendo a verdadeiras focas amestradas pró-gestão.

Claro que nada é à toa porque há dinheiro e poder nisso: nem todos são amadores e, em nome da audiência necessária para a monetização, há quem busque polêmicas no estilo Superpop para, digamos, “causar”. Ganhar dinheiro trabalhando com conteúdo sobre o Fluminense não é ilícito nem pecado, desde que não se choque com princípios constitucionais e éticos. Ilícito é discursar sobre o mundo de Pollyanna por acordos com dirigentes.

A variedade é livre, o gosto também e cada um curte o que bem quiser. A torcida tricolor é livre, embora nem todo mundo entenda isso e uns poucos tenham muita dificuldade em fazê-lo.

Contudo, alguns discursos perigosos têm sido estimulados na internet tricolor há tempos, e devem ser rechaçados energicamente.

Por exemplo, a conversa fiada de se colocar a culpa na torcida por eventuais insucessos claramente provocados dentro das quatro linhas.

Estimular o confronto entre torcedores em dicotomias estúpidas feito “verdadeiro e falso tricolor”, ou quem é “mais tricolor do que o outro”. Isso pode ser tudo, menos jornalismo ou informação.

Ninguém é mais tricolor do que ninguém porque tem dinheiro para ir a mais jogos, comprar mais camisas, fazer mais lives e o raio que o parta.

Essa doença em torno de supremacias ocas e pueris atinge até fatos históricos e cotidianos do clube, onde um ou outro se considera dono da verdade suprema do Fluminense, como se isso fosse possível numa instituição às vésperas dos 122 anos – ou seja, nenhum ser humano está vivo para contar a história tricolor desde o início até hoje.

No fim, um show de vaidades patéticas que nada acrescenta ao Fluminense e seu maior patrimônio: a torcida tricolor.

Assim como se espera que o time do Fluminense se recupere a partir da atual preparação nos treinos, é desejável que o torcedor tricolor não se deixe levar por esparrelas divisionistas e opressoras quando a temporada recomeçar.

Nenhum tuiteirinho, blogueiro, YouTuber ou influencer tem autoridade para determinar qual é o jeito certo de se torcer ou se informar sobre o clube. Aliás, a maioria das picocelebridades associada ao Fluminense não tem autoridade sobre qualquer assunto…

Algumas perguntas ajudam a aprofundar a reflexão.

Quem lucra com a torcida dividida?

Quem lucra com o macartismo idiota de quem é mais tricolor?

Quem lucra com o estímulo ao confronto e â belicosidade entre tricolores?

O Fluminense não precisa de inconvenientes fiscais de torcida, que só merecem deboche e risos. São absolutamente dispensáveis.