Editorial – Aos caça-likes, o desprezo

A recente enquete realizada por O Globo para apontar os 30 maiores ídolos da história do Fluminense é, definitivamente, uma piada de péssimo gosto, a começar pelo seu júri, cujo elenco aponta picaretas caça-likes da internet tricolor, por exemplo, envenenando uma amostra que contou com nomes respeitáveis como os de José Carlos Araújo e Rosária Farage, dentre outros.

Não se trata a história de um clube centenário como o Fluminense com um limitador de 30 nomes em 2020, ao menos quando se pretende seriedade. Tais enquetes funcionaram bem em finais dos anos 1970, quando o Maracanã tinha menos de 30 anos, os jogadores ficavam muito mais tempo em seus clubes e, principalmente, os votantes conheciam as histórias dos clubes. Hoje, já não cabem.

O resultado de qualquer levantamento desses não tem qualquer valia, exceto causar polêmicas ocas em troca de visualizações, disseminar a discórdia e irritar profundamente os torcedores que não se limitam à Era YouTube, desrespeitando as memórias de grandes ídolos que, por motivos matemáticos, acabam ficando de fora das listas.

A desculpa de que parte do júri desconhece a história do clube, estando mais afeita ao século XXI e sua vizinhança no anterior, é risível. Se a apuração trata da história do Fluminense, é necessário abordar desde 1902. Então que tratem a eleição como um bate-papo de botequim e só. Por acaso Marcos Carneiro de Mendonça então foi escolhido por orelhada?

Vários dos jogadores escolhidos poderiam estar numa lista menor, de vinte ou quinze nomes. Outros, que merecem todo o respeito, talvez não estivessem numa de cinquenta.

A ausência do nome de Edinho é uma das maiores barbaridades midiáticas já feitas contra o clube, gerando reações previsíveis. Que o diga Pinheiro, outro gigante do Fluminense, que além de ganhar o mundo revelou inúmeros jogadores para Álvaro Chaves na condição de treinador. Quem não gosta do ex-comentarista e ex-treinador, que tenha o mínimo de decência com a história do clube, onde Edinho é um de seus maiores arquitetos com fatos e provas. Basta perguntar a qualquer torcedor do Fluminense na faixa dos cinquenta anos de idade, ou pesquisar a bibliografia sobre o clube.

Entretanto, a ausência de Edinho, por mais absurda que seja, esteve longe de ser a única. Com muita rapidez, pode-se falar de Flávio Minuano, Marco Antônio, Batatais, Tim, Romeu Pelicciari, Lula, Pedro Amorim, Welfare, Pintinho, Deley, Samarone, Russo e outros.

Mais uma vez, O Globo presta um desserviço ao Fluminense, à sua torcida e história. Aos tricolores que seguem a cartilha do bom senso, o melhor a fazer é tratar o levantamento com o desprezo que lhe cabe. O mesmo vale para qualquer veículo tricolor que se aproprie dessa verdadeira pilantragem para sua autopromoção. E falando em pilantragem, todos sabem quem é o número um nessa modalidade.

Panorama Tricolor

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