Direito de resposta (por Ise Cavalieri)

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Alguns meses atrás, em uma dinâmica de grupo de uma multinacional, foi pedido que escolhêssemos um ídolo. No entanto, não poderia ser da própria família e nem ligado a religiões. A escolha deveria ser justificada.

Um Tricolor presente citou Fred e disse o porquê, um botafoguense citou Seedorf e também explicou o motivo da escolha, assim como os outros participantes citaram ídolos de outros esportes, televisão, cinema e assim por diante.

Minha hora estava próxima e já tinha a resposta em mente: CASTILHO, tendo como justificativa sua perseverança, já que o daltonismo nunca o impediu de realizar seu sonho, por mais difícil que fosse alcançá-lo, além do amor à profissão. A maior prova, já sabemos, foi a opção de amputar o dedo lesionado para que pudesse retornar mais rápido aos gramados. Isso é ser ídolo: ter total dedicação e amor ao que se propõe a fazer.

A meu ver, poderia facilmente ter citado tantos outros ídolos de nossa história, até mesmo um do presente, Darío Conca. A questão é que essa dinâmica voltou à minha memória, enquanto lia alguns assuntos, à procura de um tema para coluna e me deparei com o texto de um torcedor do Botafogo, que dizia que o fato de Conca ser considerado ídolo é algo para rir.

Pergunto-lhes: quem é Botafogo? Aquele Clube que perdemos de 3, talvez respondam-nos, esquecendo que é um clube com menos cariocas, menos brasileiros, menos torcedores, menos, menos e menos… Aquele tão “menos” que precisa desesperadamente recorrer à invenção de títulos: Conmebol, Taça Primavera, Taça Pato de Ouro… ou seja lá o que for. Certo é que o botafoguense não é o tipo de torcedor que possua moral para falar sobre o Fluminense e, muito menos, usar um “codinome” com o qual se referiu a nós e que dispenso repetir.

Idolatria não se constrói apenas com resultados dentro de campo e, mesmo que assim o fosse, a visão magnífica do jogo, os dribles, os passes sensacionais e as atuações como garçom, colocando por vezes jogadores na cara do gol, estariam aí para provar essa condição de Conca. Além, é claro, do Campeonato Brasileiro de 2010.

Ídolo é um jogador que, além de completo, possui grande identificação com a torcida, amor pela camisa. É alguém que pode ser considerado exemplo como pessoa. Conca saiu sim do Fluminense, mas com a promessa de que voltaria. E voltou junto com seu futebol espetacular… Enquanto isso o botafoguense sonhador deve estar sentado esperando uma cópia moderna de garrincha, que por acaso, era torcedor do rival rubro-negro.

Ao invés da eterna preocupação conosco, que a torcida do Botafogo prepare os fogos para chegada de 2015, porque depois da eliminação do carioca, outra disputa de título só em 2015. E em relação à participação na Libertadores, após longos 17 anos de espera, brevemente será dado um tchau em tom de piada para vocês, não se preocupem.

Facilmente conseguiria citar tantos outros ídolos reais do nosso Clube, afinal, só tendo vários ídolos para combinar com a grandeza de nossa história.

E aos rivais: amem-nos menos!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @iselopes

Foto: fluminense.com.br