Diniz, Ganso e o Flamengão 2019 (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o primeiro aspecto a ser salientado no jogo de sábado é a assimilação do novo estilo de jogo pela equipe do Fluminense. Para um time que praticava aquele estranho e desconhecido esporte que víamos no ano passado, temos que reconhecer que o início de Diniz é estupendo e promissor.

Principalmente, se levarmos em conta que treinamos com um time e atuamos com outro. Não bastasse o começo de temporada, juntou-se a isso o desentrosamento de uma formação que sequer treinou junta.

O Everaldo precisa entender que não pode perder uma bola daquelas com todo o sistema defensivo posicionado na fase ofensiva do jogo. Eu ainda estou tentando entender a paixão por esse jogador. Gostei mais do Calazans, principalmente no segundo tempo. Daniel foi decepcionante, não porque tenha jogado mal, mas porque foi burocrático, quando se espera de um jogador do seu nível que ele desequilibre o jogo. Foi o que fez Julião, que entrou em seu lugar e fez jogada de talento, precisão e ofensividade no lance do gol de empate.

Eu acho que falar em paciência para o estilo do Diniz ser assimilado já se tornou uma coisa meio clichê. O que eu quero é ver o time que Diniz considera ideal em campo. Temos o Flamengão inteiro para assimilar tudo que quiserem que assimilemos. Já me fez um bem enorme, depois de tantos meses, voltar a assistir a uma partida de futebol em que o Fluminense esteja em campo.

O momento não é de cobrar vitórias, mas exibições convincentes. Se analisamos superficialmente a exibição do Fluminense, vamos concluir que ela não convenceu. Se colocadas as circunstâncias e a rápida assimilação do novo modelo de jogo, vamos concluir que foi até bastante convincente. O time teve posse de bola de 70%, marcação agressiva e, no segundo tempo, conseguiu ter profundidade de jogo. Sufocamos o Volta Redonda completamente. É assim que tem que ser.

O gol marcado por Ibañez mostra um aspecto tático muito interessante, que é um zagueiro chegado à área para finalizar sem ser em decorrência de uma bola parada. Isso é decorrência do 3-4-3 ofensivo de Diniz, que recuou Airton para o meio dos zagueiros na saída de bola, avançando os laterais para fazer linha de transição ofensiva com Zé Ricardo e Daniel.

O desastre ficou por conta do Ezequiel. Se esse é o cartão de visitas, melhor já colocar o Julião como titular, já que Gilberto, pelo visto, só no segundo semestre. Gostei do Matheus Ferraz e do Mascarenhas.

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Nem toda situação, ao contrário do que dizem alguns, tem um lado positivo. O caso Ganso é diferente. Acho estranho que um clube se candidate a pagar R$ 150 mil para ter um jogador que ganha R$ 1 milhão por mês. Mesmo que haja o tal investidor para pagar R$ 100 mil por fora, ainda é um quarto do salário do cara. O que o Sevilha ganha com isso? Praticamente nada.

Se é para ser ousado, oferece um salário de R$ 300 mil para o sujeito, faz um contrato de três anos, coloca dez milhões na mesa dos espanhóis e corre para o abraço. É bom para o Sevilha, que embolsa dez pratas à vista, é bom para o Ganso, que vai jogar e ter condições de recuperar sua carreira e é bom para o Fluminense, que vai ganhar um jogador talentoso e com grife para dar um upgrade na autoestima do clube e da torcida.

Mas se não é nada disso que vai acontecer, então guarda esses trezentos merréis, deixa esse elenco jogar dois meses, a situação do clube ficar melhor definida e faz uma avaliação sobre investimento.

O que mais nós precisamos nesse início de ano é trabalho duro, evolução, observação e capacidade de análise. Ainda tem o Pedro para voltar e um monte de gente para estrear. Se vier o Ganso, melhor. Acho que vai encaixar muito bem nesse estilo de jogo do Diniz.

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O recado do domingo foi claro. O Flamengão desse ano já tem dono. O poderoso décimo segundo jogador liquidou o Bangu em uma única jogada. Isso é que é eficácia.

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

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