A persistência de Fernando Diniz (por Felipe Fleury)

O Flu tem encantado até aqui, não apenas pela sequência de vitórias, mas sobretudo pela forma como tem se apresentado e envolvido seus adversários. A virada, com goleada, sobre o Flamengo, na decisão do campeonato carioca, foi emblemática. Diante disso, os comentaristas rasos da mídia passaram a enaltecer o trabalho de Diniz.

Para esses experts em futebol, que enxergam apenas o momento, o estilo Diniz só agora parece funcionar. Não é bem assim. O que enche os olhos do torcedor é uma forma de jogar que nosso técnico vem amadurecendo há tempos, em sua carreira como um todo, e no Fluminense em particular, especialmente desde a última temporada.

No entanto, mesmo após as vitórias, Diniz reitera que a equipe ainda peca em detalhes que os recentes êxitos escondem. Assim, para ele, e com razão, estamos ainda vivenciando um processo que, culmine ou não com a conquista de títulos relevantes, estará no caminho da consolidação.

Não teremos o futebol perfeito, assim como nenhuma outra equipe do futebol brasileiro, mas do jeito que vamos, e reconhecendo e corrigindo os erros a cada partida, o aperfeiçoamento, não do estilo, mas do trabalho de Diniz à frente do Fluminense, inevitavelmente ocorrerá.

E como consequência desse trabalho, um grande título, talvez mais de um.

Vimos que o Diniz de hoje não é o mesmo de 2019, nem o de 2022. É melhor, porque além de ter amadurecido como pessoa, amadureceu como profissional, e com isso sua estratégia diversificou-se e evoluiu.

Seus críticos mais contundentes já se renderam, grande parte da torcida se rendeu faz tempo, mas nada disso é requisito para o sucesso do Dinizismo que já é vitorioso no âmago do treinador e de seus mais próximos auxiliares. A conquista do Carioca, sua primeira importante taça, nada representa para ele no que concerne ao seu trabalho e ao que pensa sobre o futebol. Mesmo sem ela, Diniz continuaria firme no seu propósito de pensar diferente o futebol.

E ele está certo. Não fosse essa persistência, Diniz seria mais do mesmo, e nós, muito provavelmente, não teríamos hoje o futebol mais bonito e eficiente do país. Se, em algum momento, ele achar que não tem mais o que aprender, certamente o seu trabalho estará fadado ao insucesso, mas esse não é o Diniz que temos visto, para a nossa sorte.

Nosso técnico é jovem e cheio de ideias inovadoras. É, sobretudo, corajoso e tem, entre outras virtudes, a de tirar de seus comandados o que eles têm de melhor. Se conquistar uma grande copa pelo Fluminense, coroará um trabalho que apenas se inicia e, com alguns anos nessa toada, certamente se consolidará como um dos maiores técnicos da história do futebol brasileiro. Uma trajetória que terá suas primeiras grandes conquistas aqui, na sua casa, no clube que o acolheu e o resgatou de um poço de descrédito e deboche.

Vitória, Fluminense!