Com Diniz o clima no Flu é outro (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, é inegável que demos uma boa respirada nesse início de trabalho do Diniz. A água que já batia no pescoço retrocedeu e, ainda que nossa situação seja difícil na Copa Sul-Americana e desconfortável no Brasileiro, já dá para ter perspectivas um pouco melhores. A atitude é outra, a vontade de vencer parece de voltar, e mesmo com desfalques e tendo que se valer de peças que ojerizamos como Wellington e Caio Paulista, o Fluminense de Diniz conseguiu o feito de pontuar no Allianz Arena pela primeira vez. O Palmeiras hoje é o melhor time do Brasil, com o melhor técnico do Brasil possivelmente, e o Fluminense competiu e arrancou um ponto, num jogo em que poderia ter saído com a vitória se nossa mira fosse melhor ou se as linhas do VAR fossem traçadas naquele gol mandrake do Dudu.

Temos pela frente uma partida decisiva pela Copa do Brasil fora de casa e, depois, um jogo em casa contra o Athletico-PR. Acredito sinceramente em duas vitórias para levantar de vez o astral e varrer os problemas para longe. Ganso sentiu um desconforto, mas não passou disso. Nathan saiu cansado de tanto que correu, jogando razoavelmente bem pela primeira vez. Teremos a volta de André. Espero que os resultados continuem vindo, porque Fernando merece melhor sorte dessa vez. Não seria a minha escolha, mas com uma semana de treinamento vemos jogada ensaiada de escanteio. Não dá para desvalorizar isso. Os três volantes montados no fim da partida contra o Junior Barranquilla mostram que Diniz está mais maduro. Apesar de estarmos precisando de saldo, assegurar a difícil vitória era mais importante e ele conseguiu.

Eu queria muito que o restante da coluna fosse sobre o bom momento recente da equipe, mas não dá para deixar de fora a discussão sobre a LIBRA (Liga Brasileira). O Fluminense enviou uma nota recente que você pode ler no link abaixo:

FLUMINENSE E LIBRA: CLIQUE AQUI..

América-MG, Chapecoense, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, CSA, Athletico-PR, CRB, Náutico, Coritiba, Criciúma, Cuiabá, Juventude, Fortaleza, Goiás, Londrina, Operário, Sampaio Corrêa, Sport, Tombense e Vila Nova estão fechados com o Fluminense, querendo uma divisão mais equânime da grana. Flamengo (que surpresa), Santos, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Bragantino, Vasco (e sua síndrome de coadjuvante), Cruzeiro e Ponte Preta defendem moldes bem mais desiguais. Alguns clubes permanecem neutros, ainda sem tomar partido.

O que os 23 clubes (Flu incluso) defendem é simplesmente uma Liga Brasileira nos moldes das principais ligas do mundo em todos os sentidos. Isso quer dizer que o teto da disparidade entre o que ganha mais e o que ganha menos não pode ser de 7 vezes, como os outros nove propõem. Quer dizer que a divisão de receita não pode ser 40% igualitária, 30% por performance esportiva e 30% por audiência. Por audiência, eles querem se valer de critérios bizarros como número de seguidores em redes sociais(?!), tamanho de torcida (baseando-se em pesquisas com milhares de pessoas apenas…), média de público (com estádios no Brasil variando entre 10.000 e 76.000 lugares) e outros bichos. Ou seja, não dá. Isso não passa credibilidade, e só serve para manter o abismo atual com uma ilusão de ganho: atiram-se as migalhas à maioria dos clubes, para satisfazê-los, enquanto o banquete é servido a alguns poucos.

O Fluminense está coberto de razão e não deve arredar o pé de sua posição. Atualmente, o Fluminense fatura R$ 9 milhões de pay-per-view contra absurdos R$ 170 milhões do Flamengo. Isso tem que acabar. É impossível levar a sério uma Liga em que o campeão carioca ganhe quase 19 vezes menos dinheiro com TV fechada que o vice. Resgatar o gigantismo de outrora passa por posturas como essa. Ser pioneiro e líder na reformulação do futebol brasileiro, que está lentamente apodrecendo, parece ser a nossa vocação. Que a gestão atual, para a qual tenho inúmeras críticas, mantenha-se com a virtude de não mais negociar com os espúrios e egoístas clubes que se acham os donos da pelota. Que joguem entre si, que se masturbem mutuamente, mas que não nos obriguem a participar dessa pantomima. Se sair a LIBRA, será pelos nossos termos e, se assim o for, tenho certeza que os rumos do futebol no país começarão a ser corrigidos. Fiquemos antentos.

Curtas:

– Então a Conmebol não é racista por não ter punido o Millonarios no lamentável episódio lá na Colômbia? Hmm… tá legal. Então, se um amigo meu mata uma pessoa e eu, sabendo disso, não o denuncio, eu não viro cúmplice de assassinato? Posso mudar o termo e chamar a Conmebol de cúmplice de racismo?

– Bigode tá morto, JK aparece mais nos noticiários que nos treinos e Fred vive de lampejos de genialidade em seu fim de carreira. Cano tá sozinho nessa centroavância. Cadê o Samuel Granada?

– Fábio, Yago, Nino, Manoel (David Braz) e [escolha um]; André, Nonato (Felipe Melo), Ganso e Nathan; Cano e Luiz Henrique (Arias). Esse é o time que atualmente deveria jogar. Diniz já descobriu o Caio Henrique como lateral esquerdo, quem sabe não recupera o Yago usando ele na lateral direita? Ah, e mudem por favor o capitão. Gosto do Nino, mas nem ele nem o Yago têm jeito para a coisa.

– Palpites para as próximas partidas: Vila Nova 0 x 2 Fluminense; Fluminense 3 x 1 Athletico-PR