Libertadores, Copa do Brasil e Carioca: os desafios do Flu (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, o Fluminense estreou na Copa Libertadores da América contra o River Plate empatando por 1 a 1 no Maracanã, numa partida em que só não saímos vitoriosos de verdade por conta de um lance capital que, sendo a favor de quase qualquer outro time, seria marcado: o pênalti sobre Lucca. Durante dias, o debate se prolongou e a torcida e a imprensa se dividiram sobre se havia sido ou não pênalti. A ausência do VAR na fase de grupos permite esse tipo de aberração, infelizmente. Afinal, já conhecemos a má vontade da arbitragem sul-americana para com o Fluminense. Acumulamos alguns títulos perdidos e desclassificações que passaram pelo apito mal intencionado e canalha de Hector Baldassi, Carlos Amarilla e afins. Fico um pouco preocupado com o excesso de imparcialidade do torcedor médio do Fluminense. Respeito opiniões diversas, na medida do possível, é claro, mas quando algo é tão óbvio quanto me pareceu esse lance, fico questionando algumas posturas.

Se você quer achar que não foi pênalti, torcedor do Flu, tudo bem. Só não se esqueça que, caso fosse marcado e convertido, o Flu hoje seria líder isolado de seu grupo na Libertadores. Não se esqueça que em 2008 passou batido o pênalti ridículo não assinalado em cima de Washington Coração Valente, como também passou batida a conivência do árbitro na disputa de pênaltis com a palhaçada do goleiro do time equatoriano. Não se esqueça da final da Copa Sul-Americana de 2009, em que Fred é expulso praticamente de graça quando já tínhamos 3 a 0 no placar, precisando só de um gol para levar a taça. Eu poderia citar outros exemplos, mas acredito que já me fiz entender. Não podemos nunca tirar da nossa memória o quão injustiçados já fomos. O mínimo que podemos fazer é bradar, reclamar e denunciar toda e qualquer apitada que nos prejudique, porque já sabemos como funciona: na dúvida, é sempre contra o Fluminense. A Libertadores é uma guerra. Não podemos estar nos estádios, mas temos que senti-la e vivê-la assim.

Podem me chamar à vontade de clubista. Devo ser mesmo. Sou Fluminense. Só vejo futebol quando o Fluminense joga, ao menos na maioria dos casos. Respiro Fluminense e uso meu tempo para defendê-lo de graça. Não podemos dar mole para o azar mais uma vez. A marcação precisa ser cerrada em cima das arbitragens, principalmente nessa fase de grupos, já que teremos VAR a partir das oitavas. Depois, queridos, não adiantará lamentar. Dentro de campo, gostei do que vi no segundo tempo. Cazares entrou pra mostrar que Nenê deveria ter se aposentado ano passado. Nada contra o jogador, mas está claro há algum tempo que só rende mesmo contra times mais fracos. Já que Cazares não poderá jogar a Copa do Brasil, Nenê terá ainda espaço para desfilar sua técnica enquanto seu físico lhe permitir. Mas na Libertadores tem que ter pegada, intensidade, garra e velocidade. E isso, Nenê não tem mais. Fredón sendo o matador de sempre e os moleques, titulares e reservas, mandando bem. Vai dar bom.

Nesse domingo jogamos contra o Madureira no bizarro horário de 11h05 para definirmos nossa vida no Carioca. Uma vitória nos alça à segunda posição, o que nos faria enfrentar a Portuguesa tendo a vantagem do empate nos dois confrontos. Qualquer outro resultado nos mantém na quarta posição e teremos pela frente a molambada nas semifinais, com vantagem para eles. Já na quarta-feira, às 21h, pegamos o Independiente Santa Fe, em Bogotá. O estádio em que jogaremos, pelo que ouvi na transmissão do Facebook do jogo entre os colombianos na quinta não é o Metropolitano, mas um mais acanhado. Chequei algumas fontes e ainda permanece lá o mesmo estádio de antes. A conferir. De todo modo, temos mais time que eles. O Santa Fe tem em Arias, Osorio e Ramos seus melhores jogadores. Não terão Arboleda, que foi expulso. Se conseguirmos anular bem os citados, teremos o controle do jogo. O Fluminense tem totais condições de buscar uma vitória na altitude e tomar a liderança do grupo. Vamos pra dentro!

Curtas:

– Agora veremos de fato em que nível de excelência está o planejamento do Fluminense. Jogo com o Madureira nesse domingo valendo a vantagem de não pegar a molambada nas semifinais, jogo contra o Santa Fe quarta-feira na altitude de Bogotá. Quem o Roger vai escalar e quem ele vai poupar? Algum dos titulares na quinta e/ou que jogará quarta vai para o jogo? No meu entender, esse é o momento de fazer valer a “brecha” no regulamento da competição. Quero muito ser campeão carioca, mas mais ainda seguir em frente na Libertadores. Bom teste para o elenco.

– Encararemos o mais chato adversário possível do pote na Copa do Brasil, o RB Bragantino. A nosso favor, pesa o fato de a primeira partida ser só no dia 2 de junho, o que nos dará tempo para encorpar e entrosar o time. Também será após a fase de grupos da Libertadores, de modo que não disputaremos ambas as competições de maneira concorrente. É aquilo, queridos… quem quer ser campeão, tem que passar o rodo em quem vier. Tenho certeza que eles também ficaram bem putos de pegar o Flu.

– A venda de Kayky foi sacramentada, mas as doze perguntas lançadas por Wagner Victer em sua coluna “Jabakuyky” têm que ser respondidas. Afinal, a transparência era um dos pilares da campanha eleitoral, ou não?

– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 4 x 1 Madureira; Independiente Santa Fe 0 x 2 Fluminense.