Depois das cinzas (por Paulo-Roberto Andel)

IMG_20140309_152832Ainda com gosto de fim de feriadão nesse Carnaval que, inevitavelmente fica para trás com seu lixão, veio novamente o Fluminense a campo para enfrentar o Duque de Caxias. Não exatamente como eu queria: problemas de última hora impediram-me de viajar com meus amigos fiéis para Volta Redonda. Só quem conhece o prazer de atravessar a estrada para ver seu amor em campo entende o que quero dizer; desimportante se é um jogo de relevância ou não, cheio de gente ou não.

O que me restou foi a frieza da televisão em minha humilde e confortável casa. Sem fiéis, sem bandeiras, sem o calor de Volta Redonda ou mesmo aqueles salgados bate-entope do bar. Um silêncio enorme. Há quem diga ter o conforto de ver um jogo em casa. Meu caminho é outro: o bem-estar é na arquibancada. Mesmo que estivesse vazia, como foi o caso.

Falam do público reduzido. Tudo é feito para que o torcedor não vá ao campo. A televisão nem liga, uma vez que seu compromisso é com a audiência. Os clubes não se mexem, nem a Federação. Sem contar a turma que considera importante apenas a Libertadores – quando ela nasceu, o Fluminense já jogava futebol há 58 anos. Todo jogo em que este time esteja em campo tem importância, ora.

Em campo no Raulino, o time reserva. Ou quase todo reserva. Gosto de Renato, mas não entendo esse exagero em se poupar jogadores. A Libertadores de 2008 custou caro pelo fato do time ter ficado um mês sem atuar. Tudo bem, o cenário é outro. Garotada na frente, no meio, 4-3-3 enquanto um clássico não vem. E Walter, claro. Problema apenas em ter um onze que nunca atuou junto.

Debaixo do sol e correria, quem começou mais assanhado foi o Caxias, até por seu desespero na tabela. E foi premiado cedo, aos 10 minutos com o gol de cabeça de Alex Fidelinho. Mau momento passageiro.

Mesmo sem conjunto, o Flu empatou numa linda jogada aos 18: passe de peito de Walter, chutaço de Wagner no ângulo esquerdo. Só o golaço nem pôde ser saboreado: dada a saída, falta de ataque, Juninho acertou espetacularmente o ângulo direito de Cavalieri. Começar de novo depois de meio-tempo eletrizante. E Biro-Biro levando o sarrafo. Balaço de Wagner no poste direito. Uhhhhh!

O empate poderia ter acontecido em outro excelente giro de Walter, na medida para a finalização off de Marcos Junio. Não deu. Enquanto isso, o judô do Caxias não parava: toda hora, um tricolor derrubado. E Walter, genial, limpando dois e cruzando para Biro-Biro. Contra nós, o jogo todo na direita em cima do consórcio Aílton-Euzébio. Salve Gum, salve o intervalo.

Na volta, um furacão: Chiquinho em lugar de Aílton, o Flu finalizando três vezes em cinco minutos, o goleiro Andrade expulso por cera e reclamação. Então o jogo ficou parado numa grande confusão, o que esfriou a opulência ofensiva tricolor.

Com Higor substituindo William aos 15, a idéia era melhorar a ligação e o passe no meio. Sem muito efeito teórico. Depois, hora de Michael, saindo Marcus Junio. E se não dava na técnica, hora de raça: Higor disputou com tudo na direita, ganhou e cruzou com perfeição para Walter empatar de cabeça. Em seguida, Biro perdeu mais um gol incrível. Jean? Não vi. Euzébio? Não quero falar.

Com 15 minutos para o fim da partida, era tudo ou nada. Algumas chances criadas, finalizações com falhas, não se pode negar a dedicação e a tentativa. Mas empatar com o Caxias é bem pouco para o Fluminense. Ficou a sensação de uma vitória desperdiçada pelo excesso de zelo na escalação. Os fiéis merecem muito mais.

Contra o Vasco no próximo domingo, a esperança de um clássico com algum público neste campeonato. Um grande clássico. E o Flu completo, diferente, tal como de outras vezes.

Panorama Tricolor

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Imagem: PRA