Sobre quem não aceita críticas (por Claudia Barros)

E a vida se mostra cada vez mais efêmera. Pelo menos essa vida que conhecemos aqui.

Tão efêmera que algumas discussões, contendas políticas e exacerbações de ego são cada dia mais lamentáveis.

Lamentáveis porque jogam cortina de fumaça sobre questões existenciais e essenciais. Lamentáveis, também, porque acima dos devaneios e interesses privados, há instituições caras ao seu público que acabam padecendo no fogo cruzado da vaidade.

As instituições, conceito sociológico, estão presentes em todas as sociedades humanas, estabelecem padrões que influenciam os indivíduos, são estruturantes e permanentes.

Mas também são adaptáveis e estão acima dos agentes que as comandam.

Assim é o Fluminense. Assim é qualquer instituição social.

Isto posto, posso falar da minha tristeza e do meu lamento com os fatos.

Já falei e deixo claro que acho vaia um negócio extremamente deselegante. Já vi uma Presidente da República, num estádio com 60 mil pessoas, ser vaiada com veemência e lembro de ter sentido uma profunda tristeza: pela falta de educação coletiva e pelo constrangimento de vários presentes.

Não obstante o que eu penso, sinto ou acho, qualquer manifestação coletiva que não envolva violência, a meu ver, é legítima e, por vezes, necessária.

Assim, lamento profundamente que a manifestação da torcida do Fluminense no Maracanã, no último jogo contra o Sport pela 30ª rodada do Brasileirão 2021, tenha sido assimilada de forma tão imatura pelo elenco tricolor.

Um grupo que não processa críticas, muitas totalmente pertinentes diante de um time instável, reflete apenas o espelho daqueles que sofrem de sérias e perigosas inseguranças sobre si mesmo, sobre a própria autoestima.

E a instituição, infelizmente, paga o preço. Aliás, instituição cuja única função de existir é a sua torcida.

Espero que o elenco não se perca nessa bobagem, que faça o que dele se espera: jogue futebol e represente com dignidade o Fluminense. Só isso fica para a história.

Sobre Fluminense e Sport. Não foi um jogo ruim de ver. Ao contrário, não teve monotonia. O Fluminense tentou o gol com exatos 21 chutes à meta. Cazares apareceu do jeito que a torcida sempre desejou. Contudo, foi um jogo em que a incompetência de acertar o alvo e Sobrenatural de Almeida fizeram a festa. Já parecia que teríamos uma noite de dissabor, que a bola não entraria, até que o aguerrido David Braz foi disposto a fazer a bola entrar e, contando com o capricho da trave, marcou nosso gol. Mais três pontos e a manutenção da posição na tabela.

Virá pela frente um Grêmio desesperado, mas lutador. Não foi um bom encontro que tivemos com o tricolor gaúcho no primeiro turno. Perdemos em um jogo fraquíssimo, que se encaminhava para um enfadonho 0 a 0, quando o Grêmio achou o seu pênalti.

No confronto de logo mais, aposto num 2 a 0 para Laranjeiras.

Em relação à efemeridade da vida, sonho que seres humanos enxerguem sua pequenez e nunca, em circunstância alguma, coloquem-se acima das instituições sociais, sejam elas políticas ou futebolísticas.