Crime e castigo (por Walace Cestari)

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Nem Dostoiévsky salva a alma diante da agonia tricolor. Tricólera. Nem tudo vale a pena, especialmente, se apequenamos nossa alma. Não consigo esconder minha insatisfação, minha tristeza, minha preocupação e uns tantos outros sentimentos negativos enquanto escrevo sobre o Fluminense.

O que queremos nos tornar? Sei que não entendo de balancetes, gráficos… mas em todos os lugares, sempre que se falou em austeridade, a coisa desandou profundamente. Vide Grécia. Ou tantos outras vítimas de FMI e Banco Mundial. E nós, somos vítimas de quem?

O livro de Dostoiévsky fala sobre um sujeito que comete um assassinato e cai em uma angústia, em um sentimento de culpa incapacitante, a negação de sua própria existência. Ora, há paralelo? Senão, o que faria aqui? O assassino do livro não tem dinheiro para honrar seus compromissos e tenta justificar seu assassinato pela grandeza de que outros assassinos já foram absolvidos.

Seria Abad nossa versão burlesca de Raskólnikov? Ou seria exagero meu achar que o Tricolor vem sendo mortalmente ferido por essa administração? Será que sofre? Será que se angustia? Será que sente qualquer culpa? É desejo do personagem do romance ser reconhecido pela autoria “redentora” de seu feito, mesmo – e especialmente – se o ato foi perfeito. Será assim que o presidente quer seu nome na história do clube? Como uma fotografia ignorada (ou pior) na sala de beneméritos?

A imagem do assassinato, agora institucional, parece não me sair da cabeça. Nosso verde sangra encarnado nas mãos de uma chapa branca. Talvez como empresa seja este um mal necessário, como um clube de futebol, o assassinato faz vítima o principal ativo do clube.

Sem perspectivas o ano começa. É futebol e o imponderável pode acontecer, acho que é só na sorte que nossos comandantes confiam. Contudo, o Flu é grande demais para ser uma simples aposta. Maior ainda para servir de palco a pequenezas.

A manifestação da torcida na reunião do Conselho não pode ser tratada pela diretoria como um “episódio lamentável”. Lamentável é a surdez de não dar ouvidos às arquibancadas, é classificar uma ação válida de protesto como vandalismo. Já estamos todos fartos disso. No país, no estado, na cidade e no clube. Reduzir a voz de quem grita em oposição à baderna é covardia e é a mesma arma que usa a mídia.

Não precisamos de alguém que se esconda, que tenha temor à crítica. Diante de tantos erros – admitidos, inclusive – é necessária a avaliação pessoal sobre estar na posição que ocupa. No fundo, Raskólnikov quer ser pego e só se arrepende ao encontrar o amor. Se ainda há algum pelas três cores é talvez a hora de Pedro pare de negar a si mesmo e entender se não ajuda mais renunciando. Afinal, para todo crime há um castigo. E apequenar um gigante parece ser daqueles que a história não perdoará.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#JuntosPeloFlu

Imagem: wc