Considerações sobre Diniz (por Claudia Barros)

E agora, Diniz?

Vou tentar ter um pouco de sobriedade para saber que o Flu não desaprendeu a jogar bola e que Diniz não emburreceu, de uma semana para outra.

Não é razoável sair, em duas semanas, do status de selecionável, de treinador da moda, de time organizado e talentoso para “a tragédia”.

Definitivamente, não é razoável.

Sempre me preocupo quando o Fluminense está “voando” e tem uma parada no calendário. Poucas vezes vi o time voltar melhor do que parou. Como não acompanho outros times, não sei se isso é comum com os demais. Mas no Flu, sempre é.

E isso independe de época, de treinador ou de elenco.

Após a soberba vitória sobre o bom Volta Redonda pelo último jogo da semifinal do Campeonato Carioca, no qual o Flu fez sete gols em atuação demolidora, algumas coisas aconteceram.

Lelê foi incorporado ao grupo. Michel Araújo apareceu no noticiário como possível emprestado ao São Paulo. O volante Thiago Santos foi trazido do Grêmio para compor o elenco (para a alegria de vários amigos gremistas). Marcelo ficou à disposição do técnico. E o Flu desfilou durante a última semana como favorito nas casas de apostas (que, aliás, graças aos céus serão tributadas no país).

O Tricolor estava sendo considerado o “time em melhor momento”.

Não havia dúvida de que isso era verdade. Ou melhor, vou conjugar o verbo no presente: não há dúvida, para mim, de que o Fluminense vive melhor momento que o time da Gávea.

Assim como não há dúvida de que Vitor Pereira patina no comando do Flamengo e ontem fez uma escolha que deixou de queixo caído a maioria da torcida tricolor.

Exemplo que não me deixa mentir é o nosso querido Marcos Eduardo, da equipe do PANORAMA TRICOLOR, do CANTINHO DO LARANJAL e do gato_mestreofc. Ao ver a escalação flamenguista, com Gabriel no banco, levou a mão ao queixo, ao vivo, em pleno pré-jogo.

A audácia de Vitor Pereira acabou dando certo e os elogios foram inevitáveis: VP deu um nó no Diniz.

Mas como, em tão pouco tempo, o selecionável se deixa amarrar por um nó simples? E como, em tão pouco tempo, VP deixa de ser um estorvo para ser gênio?

Mais uma vez, preciso de um pouco de sobriedade.

O que acho que aconteceu, de verdade, foi uma daquelas noites em que o trem descarrila e nada do que se faça resulta em sucesso. O Flamengo não é melhor do que o Fluminense, Diniz não perdeu a mão e ficamos diante de uma composição que saiu fora da curva, numa noite de erros humanos.

Errou o juiz que, com um tapa-olho, enxergou só de um lado. Errou Diniz que não usou da força e do talento de JK. Errou o juiz, mais uma vez, com as perversas expulsões de Samuel Xavier e Diniz. Erramos todos ao achar que ganharíamos, com certa facilidade, mais um Fla x Flu.

Contudo, um fato não deve ser desconsiderado: o Fluminense perdeu em primeiro de abril. Trata-se, portanto, de mentira a ser corrigida. Vai passar. Tenho certeza, vai passar.

Até porque começou o mês de abril, talvez dos mais importantes para o ano tricolor. O time fará nove jogos, entre Carioca, Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão. Viajará cerca de 20 mil quilômetros, entre idas e voltas, e começará a definir a sorte em 2023.

Nessa toada, o Fluminense precisa de parcimônia, inteligência e resiliência. A nenhum jogo se pode dar o poder de derrubar uma lógica e um planejamento.

Antes do próximo duelo com o Flamengo, o Flu fará sua tão esperada estreia na Libertadores 2023.

Encontrará em Lima, no Peru, alguns conhecidos do torcedor brasileiro. O técnico Tiago Nunes, que fez bons trabalhos em times brasileiros nos últimos anos; e o atacante Brenner, que atuou pelo Internacional e Botafogo.

E agora, Diniz?

Minha dica é a seguinte, companheiro. Ergue a cabeça, rearranja o time, usa a psicologia com Ganso, solta o Árias e bota no campo o valente JK.

Levanta a cabeça, Diniz: eles passarão… nós passarinharemos!

Foto: Claudia Barros