Amigas e amigos tricolores deste planeta Terra;
Perdemos um dos maiores benfeitores e torcedores que este Fluminense Football Club teve nos últimos 30 anos: Celso Barros. E não é exagero chamá-lo de benfeitor porque ele, através da empresa em que ele era presidente, a Unimed, deu a mão ao clube no pior momento da sua história.
Volto ao ano de 1999. Eu, 16 anos, caminhando para terminar o ensino médio no Colégio Estadual República, localizado em Quintino, zona norte do Rio de Janeiro. Eu, assistindo ao meu querido clube jogar a série C do Campeonato Brasileiro contra time de bombeiros, semi-amadores, tradicionais em suas respectivas regiões mas com pouca expressão nacional; sendo ridicularizado diariamente por torcedores do clube de remo, navegador português e até do bairro. E praticamente todos ali com uma certa arrogância pois seus respectivos clubes estavam num patamar bem acima do meu. O navegador português um ano antes tinha conquistado a América e por detalhes não ganhou o Mundial Interclubes contra o Real Madrid, o clube de remo era o atual campeão carioca e mais tarde da Copa Mercosul, e até o clube de bairro por pouco não ganha a Copa do Brasil. Ou seja: um ano de bullying atrás de bullying que enfrentei.
Volto ao tema de “dar a mão” ao clube. No início do ano, como mesmo disse Celso Barros em entrevistas anteriores, enxergou uma oportunidade de mercado que seria bom para a empresa dele e uma forma de ajudar o seu clube de coração. Pra você que está lendo esse relato e está julgando a atitude do Celso, não compare com os dias atuais, estou falando de uma época na qual ainda existia pessoas fanáticas pelos seus clubes que botavam dinheiro do próprio bolso ou através de sua empresa para patrocínio, era uma forma rudimentar pré-apocalíptica de uma SAF, onde as negociações era finalizadas num papel de pão ou guardanapo. O futebol demandava desses “apaixonados-agoniados”.
E para ser bem sincero? Que bom que apareceu a figura do Celso Barros naquele momento tão frágil do clube, onde nada mais nada menos Carlos Alberto Parreira se juntava num cenário em que não precisava provar nada a ninguém, cinco anos antes tinha sido campeão mundial com a seleção brasileira, e ele mesmo me relatou quando eu o encontrei numa clínica na Barra da Tijuca há dois anos atrás: “Eu assumi aquela missão por amor ao Fluminense e só exigi que os salários estivessem em dia.” E ao que parece assim foi feito e no final daquele ano fomos campeões de série C; e saliento: com muito orgulho.
A Unimed ficou estampada na camisa do Fluminense por quase duas décadas; onde houve acertos e erros em contratações, mas isso pode acontecer em qualquer clube. Vimos o apogeu do Fluminense entre 2008 até 2012, com grandes elencos montados, ótimos técnicos no comando e nós torcedores rimos mais do que choramos.
Mas chegou uma hora que Celso Barros necessitou sair do patrocínio e o clube andou com suas próprias pernas. Entre acordos, desilusões e supostamente traições políticas, Celso Barros foi vivendo e assistindo o Fluminense caminhar com suas próprias pernas; até chegarmos ao topo da América em 2023, mas ele estava como torcedor, apaixonado e passional, como a grande maioria.
Bem, Celso Barros partiu para um outro plano após um enfarto fulminante e como disse o tricolor Caio Barbosa: “Morreu dentro da igreja, na comunhão da neta. E como ensinam Moacyr Luz e PC Pinheiro: só quem morre dentro de uma igreja vira orixá. Louvado seja, Celso”.
Nunca tive a oportunidade e encontrá-lo, mas se encontrasse eu só diria uma palavra: “Obrigado!” Que sua alma vá em paz.
Saudações Tricolores.

