Cartola, fina estampa (por GET)

A nova terceira camisa do Fluminense é um verdadeiro golaço.

Não bastasse a beleza das cores, a homenagem a Cartola – ainda que tardia – é maravilhosa.

Alinha o clube ao maior sambista da história, seu apaixonado torcedor, e dá vida em campo à Estação Primeira de Mangueira com suas cores, homenagem histórica no futebol profissional do Brasil.

Além do coração tricolor, Cartola tem sua trajetória marcada por situações que remetem ao Fluminense.

Uma delas: quando estava numa situação de (inacreditável) ostracismo em 1956, Cartola estava trabalhando como lavador e cuidador de carros numa garagem na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando foi visto por Sérgio Pôrto, um dos gigantes da crônica e jornalismo brasileiros, conhecido pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta e, claro, torcedor apaixonado do Fluminense. A partir desse encontro, Sérgio passou a falar regularmente de Cartola em sua coluna no jornal Diário Carioca. A partir daí, uma série de ações acontecerem para resgatar Cartola, que finalmente seria gravado em disco nos anos 1960.

O apelido de Cartola também passa por Sérgio. O cronista era sobrinho de Lúcio Rangel, um dos maiores pesquisadores musicais do país. Foi Lúcio quem criou a alcunha (merecida) de “Divino”.

Cartola saiu de cena em 30 de novembro de 1980, aos 72 anos de idade. A despedida foi num domingo chuvoso, mas o time do coração do sambista não falharia: com um gol de falta cobrada por Edinho, o Fluminense venceu o Vasco por 1 a 0 e conquistou o Campeonato Carioca daquele ano. O triunfo tricolor significou o primeiro título estadual desde 1976, que bem cabe num dos versos consagrados de Cartola: “Finda a tempestade/ O sol nascerá”.

Pesquisa e texto: Paulo-Roberto Andel/GET