Bucólicas palavras sobre a eliminação (por Edgard FC)

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Como em Desenredo, “a cera da vela queimando, o homem fazendo o seu preço, a morte que a vida anda armando, a vida que a morte anda tendo”. Assim foi o Fluminense em campo, antes de entrar nele e será após deixá-lo em vergonha e vexame, “é hora de partir e eu vou, vou-me embora pra bem longe”.

E agora cá estou, como os “olhos tristes da fita, rodando no gravador”, em filme repetido e trágico, somando forças ao fracasso de quem se acha vencedor.

A semana nem bem começava após o prólogo acreditado em prosa e verso, das doze vitórias seguidas interrompidas por um Fluminense cinza, fosco e deletério, diante de um Boavista inexistente. Mas era jogo sem valor, apenas para cumprir a sentença no falido Cariocão 2022, porque o foco e energia estavam – ou deveriam estar – no jogo desta noite paraguaia, no Defensores del Chaco, perante o Olimpia, que já foi tricampeão da Glória Eterna.

A notícia espantosa e absurda da venda de Luiz Henrique ao Real Betis Balompié, que havia criado com as próprias pernas sambadas e malemolentes, um golaço, aço, aço, capaz de fazer verter lágrima em doidas espirais, no jogo de ida contra o mesmo Olimpia, para olhares testemunhais de tanta gente tricolor, tanta gente esperançosa com amor e com vigor, mas desde então (da patética notícia) o coração e alegria dos encarnados torcedores, se revoltou por saber perder mais uma de tantas promessa, que nos traziam alguma alegria nesse parco Fluminense de Abel, Mário, Angioni e trem da alegria.

Não havia clima para seguir acreditando, assim como disse em alto e bom tom, Mano Brown em palanque de um certo presidenciável derrotado no último pleito nacional: “Não gosto do clima de festa. O que mata a gente é a cegueira e o fanatismo”.

Angustiante demais ver Abel, após essa avalanche que foi esta semana, desde a coletiva combinada do Pavão, com peito estufado e certo de que teria razão, por mais essa atrocidade, que é vender jovens da base para pagar salários (atrasados) de medalhões, escalar um retalhado e desconectado time. Trazendo peças que jogavam o Carioca com alegria e guiados pelos passes de Ganso, unidos à liberdade poética de Arias e Martinelli, que associavam o meio junto ao Nonato e Pineida, com Cano na dianteira, assim foi o arremedo de hoje, com duas dessas peças incrivelmente mal amalgamadas ao rastejante time titular, comandados por Ruf-ruf e companhia limitada, tendo o peso-morto Cristiano, absoluto da lateral esquerda, onde tudo passa e nada fica.

Não funcionou, assim como não funcionaria se eu tentasse jogar meu simpático Xbox com joysticks de Playstation. Não casaria, não daria liga, não deu. Abel exibiu o seu Frankenstein, muito para não perder com a própria cabeça. E perdeu.

A análise dilatada do jogo ficou prejudicada, pois o aspecto emocional somado à covardia do comandante da nau tricolor, fez afundar o resquício de suspiro que ainda habitava a alma Fluminense, relatada pelo próprio Abel, quando dividiu pedaços do gramado de Volta Redonda com o Mário, aquele que vende barato, jovens promessas criadas em Xerém.

E quis os escritores do roteiro dessa eliminação, que fosse nos penais, onde estavam seguros e certos de que passaríamos, pois tínhamos Fábio e não Marcos Felipe sob as traves.

Adeus Libertadores, não será dessa vez.