Roger tem um parque de diversões no Fluminense. Só precisa saber e ter liberdade para brincar (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, Odair Helmman, com um elenco mais limitado, e com outras limitações, que a gente conhece bem, conseguiu montar um time competitivo do Fluminense em 2020, capaz de, com Marcão, alcançar uma vaga na fase de grupos da Libertadores.

O que se espera de Roger é que seja capaz, com o atual elenco, mais robusto, de formatar um time ainda mais competitivo e – por que não? – vencedor, não que o passado, que é quase todo presente, não seja.

Nenhum dos jogadores que chegaram (Samuel Xavier, Wellington, David Braz, Manuel, Cazares, Bobadilla e Abel Hernández) tem credencial para pedir a camisa e assumir condição de titular.

Todos os jogadores que chegaram possuem, todavia, credenciais para fortalecer o elenco e dar consistência para o Fluminense enfrentar uma temporada com três competições duríssimas (Copa do Brasil, Libertadores e Campeonato Brasileiro).

Temos uma enxurrada de jovens enormemente promissores chegando. Alguns já estão no time desde o ano passado. Outros subiram agora: Luis Henrique, Martinelli, Calegari, Kayky, Gabriel Teixeira, Jefte, Mateus Martins, John Kenedy, Samuel e André.

Temos a joia da coroa, que é Miguel, titular incontestável em um clube que seguisse os parâmetros da normalidade e do bom senso.

Temos uma ótima herança da última temporada, com jogadores que nos trouxeram à presente condição de disputar a Libertadores a partir da próxima quinta-feira: Marcos Felippe, Nino, Lucas Claro, Matheus Ferraz, Frazan, Egídio, Igor Julião, Yago, Yuri, Michel Araujo, Nenê, Ganso, Pacheco e Fred. Todos podem ser úteis ao elenco de Roger Machado.

Temos, ainda, os questionados e questionáveis Caio Paulista e Lucca, jogadores com visíveis deficiências técnicas, que, apesar disso, gozam de inexplicável prestígio junto a comissão técnica e dirigentes.

Temos ainda a incógnita, que é Mascarenhas, jogador que saiu daqui por empréstimo quando obtinha boa performance, melhor que a dos atuais laterais esquerdos.

Qual é a conclusão a que chego? A conclusão é de que Roger tem um parque de diversões na mão, só precisa saber brincar e ter autorização e autoridade para isso. Até aqui, ao que me parece, nada disso aconteceu.

O atual esquema tático não condiz com as peças que já tínhamos, tampouco com as que chegaram. Elas sugerem, no meu entender, uma outra visão, que começa por uma formação com dois atacantes que façam a cabeça do 4-4-2. Por que então, temos no elenco: Fred, John Kenedy, Kayky, Lucca, Pacheco, Caio Paulista, Bobadilla, Abel Hernández, Samuel e Mateus Martins?

A mim, o atual elenco sugere um losango central, em torno do qual se construa uma formação tática. Afinal, nós temos: Miguel, Gabriel Teixeira, Nenê, Ganso, Michel Araújo, Nascimento, André, Martinelli, Cazares, Wellington, Hudson, Yago e Yuri.

Não sei se esqueci de alguém, mas vocês devem estar se perguntando onde foi parar Luis Henrique. A minha opinião é de que Luis Henrique deve ser empurrado para a posição de titular da lateral-esquerda. É forte, sabe marcar, tem excepcional saída de bola, chega bem no ataque e é um dos nossos jogadores mais perigosos quando está na zona de passe.

Aumentaria nossa intensidade e nossa ofensividade se tivéssemos Calegari e Luis Henrique pelas laterais, sendo assistidos pelas duas pontas do losango. Na minha opinião, essas peças, para começar, são: Michel Araujo, pela direita, e Yago, pela esquerda, exatamente onde jogaram melhor na temporada passada.

Ainda na minha opinião, com tantos meias, não é possível não aproveitar Martinelli, que tem ótima saída de bola e muito poder de marcação, como o cabeça de área, o cara que protege a zaga e organiza a saída de bola.

Dadas as devidas explicações iniciais, vamos ao time que eu gostaria, dentro desse conceito, de ver em campo. Esses jogadores preenchem o meu desenho tático e conceitual, o que não quer dizer que sejam necessariamente eles as peças certas para o time ideal. Quer dizer, outrossim, que nesse esquema de jogo é possível encaixar qualquer jogador do nosso elenco. Dá para mudar os dez e manter o mesmo conceito.

Portanto, não se prendam tanto a nomes. Esse é o time que eu testaria lá no começo da temporada, com esse modelo tático, estruturado em torno do losango central.

Há quem vá alegar que é um time inexperiente para a Libertadores. Concordo, mas ficaria muito mais seguro disso se houvesse sido testado. Se, ao longo da pré-temporada, que foi o que tivemos até agora, algumas peças houvessem sido trocadas para preencher as competências ausentes.

Tomem isso como um modelo de planejamento voltado para aproveitar o que de melhor tem o elenco, se preparar para uma temporada difícil e concentrar o foco em grandes resultados futebolísticos:

Esquema do Fluminense
O melhor esquema para Roger adotar no Fluminense

O que eu esperaria com esse tipo de formação, com essa ideia tática e conceitual? Um time técnico, criativo, veloz, intenso, capaz de pressionar a saída adversária, com recomposição rápida, presença de área e excelente saída de bola.

Sugiro que, como exercício criativo, vocês, sem mudar o esquema, brinquem de ir trocando as peças ou até mudando de lugar, incluindo os jogadores que temos no elenco. Aposto que será divertido e revelador.

Amanhã, contra o Botafogo, Roger tem a obrigação de nos brindar com uma grande exibição, pois teve tempo e peças em abundância para montar um time competitivo. Precisamos ver em campo um time que possa enfrentar o River com dignidade. Muito além de conseguir a vitória, que nós mostre que podemos acreditar que o seu trabalho tem rumo e lógica.

Até aqui, não foi o que se viu e agora a temporada vai começar de verdade.

##########

Papo de Michel Araujo e Pacheco saindo? Porque temos Caio Paulista e Lucca, aqueles em favor dos quais foram preteridos?

Pois se isso acontecer fica difícil a gente acreditar que se está tentando reforçar o elenco. Já basta o Miguel, o craque do elenco, evaporar, ainda vão sumir com mais dois jogadores com alto potencial de entregar resultados?

Michel Araujo foi o principal jogador do Fluminense no primeiro turno do Brasileiro do ano passado. Pacheco, nas duas últimas vezes que jogou no ano passado, foi o nosso atacante mais perigoso.

Vamos levar as coisas um pouco mais a sério?

Nós, tricolores, somos humildes, não queremos tanta coisa. Libertadores? Nós nos contentamos em ganhar a de 2021, 2022 e 2023. Brasileiro? Só o de 2021 e 2022. Nem precisa ganhar Copa do Brasil. Flamengão, se vier, pode ser de brinde, assim como essas recopas que temos por aí.

Mundial? A gente sabe que é difícil ganhar do campeão europeu. Afinal de contas, eles compram o que há de melhor no mercado, mas se vier o bi já seria um plus.

Vamos, galera, isso aqui é Fluminense!

Saudações Tricolores e Todo Poder ao Pó-de-Arroz!