O Fluminense quer tratar a Libertadores como uma brincadeira? (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, agora que estamos todos com 32 jogos já podemos ter uma noção mais aproximada do cenário que nos aguarda no Brasileirão. Como ficou difícil mesmo falar em título estando doze pontos atrás do líder e com dezoito ainda por disputar, vamos nos ater à luta pela vaga na Libertadores. Estão à nossa frente Palmeiras e Grêmio, que estão envolvidos na decisão da Copa do Brasil. Como um deles será o vencedor, o G7 já é realidade. Basta nos mantermos na sétima posição que a vaga na pré-Libertadores estará assegurada. Todavia, classificar para a fase eliminatória gera riscos. Pelo novo regulamento, se um time for eliminado tanto na primeira fase eliminatória (da qual não participaremos) quanto na segunda fase eliminatória (que é a que o Fluminense entraria por uma vaga no G7), ele não disputará mais nada no ano. Contudo, se for eliminado na última fase eliminatória da pré-Libertadores (que acredito ser a terceira fase), ele consegue ainda uma vaga na fase de grupos da Copa Sul-americana, o que é um alento caso um desastre aconteça.

O Brasileirão terminará em fevereiro e já vamos para nosso jogo eliminatório hipotético em caso de classificação cerca de duas semanas após o fechamento do campeonato. Ou seja, nada de férias, nada de descanso. Pouquíssimo tempo de preparação, principalmente para o novo técnico que vai chegar. Times fortes estarão disputando essa fase eliminatória nesse ano, e a chance de dar merda com um time inconstante, cansado e mal treinado é imensa. O melhor dos cenários, obviamente, seria conseguir o G4, que nos dá vaga direta na fase de grupos, mais tempo de preparação e um planejamento mais folgado. O Atlético-MG, quarto colocado, está sete pontos à nossa frente e, portanto, é o nosso principal alvo. Eles enfrentam Fortaleza (casa), Goiás (fora), o Flu (fora, confronto direto), Bahia (casa), Sport (fora) e fecham contra o Palmeiras em casa. O time do Atlético é bastante inconstante, e chegou a perder pro péssimo time do Vasco. Vai enfrentar vários times que estão brigando para não cair, e pode vacilar. A chance de conseguir ultrapassá-los dependerá também do que vamos fazer em campo, é claro.

O Fluminense terá pela frente o Goiás no Maracanã. O time goiano está nas suas últimas forças para escapar do descenso e não será tarefa fácil. Mas não podemos tomar conhecimento deles se quisermos evitar as partidas eliminatórias que poderão nos derrubar por falta de preparação. Depois, tem o Bahia na quarta, outra equipe que está fugindo do Z4. Por mais que haja o fator “desespero”, isso também quer dizer que estes times têm bem menos qualidade do que outros que já enfrentamos no campeonato. Desnecessário dizer que só a vitória nos interessa. Mas… tudo bem. Suponhamos que dê tudo certo e consigamos ou passar pelos jogos eliminatórios da pré-Libertadores, ou, por mérito nosso de chegar ao G4, ou pelo fato de o Palmeiras conquistar as duas competições que disputa, abrindo um G5 direto para a fase de grupos, nós consigamos chegar finalmente à fase de grupos da principal competição da América do Sul. E aí? Um determinado jornalista corintiano, meio puto pelos recentes resultados de sua equipe, perguntou o que o Fluminense vai fazer na Libertadores. Será que conseguimos responder adequadamente a essa pergunta com ares de bazófia?

Qual será o real interesse dos jogadores, da comissão técnica, de Angioni, da diretoria, do presidente? Fase de grupos e tá bom? Se ficar em terceiro, ainda entra nas oitavas da Copa Sul-Americana, precisando só de oito jogos para conseguir uma conquista inédita… será essa a ambição? Os cinco milhões previstos no orçamento do futebol claramente não levavam em conta que jogaríamos à vera a Libertadores em 2021. Vamos voltar, depois de quase uma década, à principal competição do continente, pra fazer figuração? Pra ser um Zamora, um Melgar brasileiro? Achei que a brincadeira fosse de ganhar título, mas devo ter me enganado. Afinal, a projeção para 2021 só prevê uma final: a do Carioquinha, e sem falar em título, porque já prevemos ou roubalheira da FFERJ ou a própria incompetência para levar a taça. Acredito que essa pergunta deveria ser a principal a ser levada ao presidente Mário Bittencourt. A Libertadores está nos querendo, mas não sei se o interesse é mútuo. A conferir.

Curtas:

– Eu poderia falar sobre muitas coisas que estão acontecendo extracampo na coluna, mas prefiro tecer comentários rápidos sobre algumas delas pra não me emputecer ainda mais.

– A última reunião do Conselho Deliberativo, com participação do presidente, deveria ser exibida a todos os tricolores, sócios e não-sócios, exaustivamente. Quem sabe algumas opiniões fossem mudadas naturalmente após a sessão de cinema.

– Por um lado, achei que fomos garfados na final da Copa do Brasil sub-17 com um pênalti bem mandrake, que não me pareceu nada. Por outro lado, os moleques entraram com um salto alto absurdo, acharam que o jogo tava ganho com 30 do primeiro tempo e 1×0 no placar e sentaram em cima do resultado. A bola pune.

– Além do salto alto, alguns ali me pareceram com um certo “medo” de se lesionar, talvez porque poderia melar uma possível venda… né?

– E falando em vendas, deixa eu entender uma coisa… 5 milhões de euros + 15 milhões de euros alcançáveis em metas (com 10 milhões de euros sendo bem possíveis de serem alcançados, segundo palavras do próprio presidente, totalizando 15 milhões de euros) por 70% dos direitos federativos de um só jogador (Kayky) é passível de recusa, mas uma oferta de 10 milhões de euros por 100% dos direitos federativos de dois jogadores juntos (Kayky e Metinho) é uma oferta interessante? O Fluminense que faça o favor de não aceitá-la, porque, caso a aceite, vai estar configurado que tem algo realmente muito estranho rodando Laranjeiras no que tange à negociação de jogadores, do presidente ao faxineiro.

– Sim, amigos. O Fluminense prefere gastar dinheiro com um projeto da própria gestão para “revitalizar” Laranjeiras e reabri-la para um punhado de jogos do profissional com uma capacidade de público de 7 mil lugares do que adotar um projeto feito por outros que busca restaurar Laranjeiras a custo zero e reabri-la para jogos do profissional que forem necessários lá com uma capacidade de público de 15 mil lugares. Narcisismo pouco é bobagem.

– Hudson e Nenê no meio e Lucca no ataque contra o Goiás. Egídio mantido titular da lateral esquerda. Oremos.

– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 2 x 1 Goiás; Bahia 0 x 1 Fluminense.

– O Fluminense não pode ser só isso.