O Fluminense no Brasileirão (por Aloísio Senra)

O TRICOLOR – informação relevante.

Tricolores de sangue grená, a sofrida classificação sobre o Santa Cruz, obtida nos pênaltis após uma amarga e desnecessária derrota no Arruda pelo mesmo placar imposto ao time pernambucano no Rio (graças à arbitragem, que nos tirou dois gols), foi como um balde de água gelada jogada sobre nossas cabeças. Diniz resolveu brincar de Abel e isso quase nos custou a vaga. Os erros na escalação, não colocando Léo Artur de início e não colocando Pedro em campo no intervalo, levaram ao show de horrores que vimos, principalmente no segundo tempo. Tivemos algumas chances para matar a disputa e não fizemos. Luciano perdeu um gol que meu filho de dez meses provavelmente não perderia, e Yony cabeceou sem capricho rente à trave. Sem contar, é claro, os inúmeros chutes na lua dados por nossos jogadores, principalmente Everaldo. Mas… são águas passadas. Nosso treinador precisa repensar suas escolhas e rever várias vezes a partida para entender os erros que cometeu, para que não se repitam. O que interessa neste domingo é a estreia contra o Goiás, às 19h, no Maracanã. E como será que vem o Flu para mais essa longa competição? Será que estamos prontos? Farei uma análise do nosso elenco e direi o que penso a respeito de nossas carências.

GOLEIROS

Rodolfo – é o titular, pega pênaltis, mas, convenhamos, não transmite segurança. É um bom goleiro, um bom reserva de time grande e titular de time pequeno. Esforçado, mas não basta. Precisamos de um grande goleiro no gol, mas o desafio é conseguir contratar um.

Agenor – se ele é o reserva de Rodolfo, isso já diz muito. Todavia, acho que merecia ter tido mais chances, principalmente no Carioca.

De Amores – será mesmo que não rola testá-lo?

Marcos Felippe – se não conseguiu disputar a titularidade com Rodolfo, tampouco ser seu reserva imediato, é porque não tem a confiança do técnico. Deveria ser emprestado para ganhar rodagem. É injusto manter o menino na reserva por tanto tempo.

Carências – para não ficarmos torcendo sempre para que Rodolfo não esteja num mau dia, é preponderante contratarmos um goleiro melhor que ele. Caso contrário, correremos o risco dele falhar na hora que mais precisarmos, como aconteceu na semifinal do estadual.

ZAGUEIROS

Matheus Ferraz – calou a minha boca. Tem sido, talvez, o melhor jogador do time disparado. Muito seguro.

Frazan – infelizmente é fraco e, portanto, deve continuar sendo reserva.

Paulo Ricardo – ficou um tempo lesionado, mas está voltando. Não é um reserva confiável.

Digão – não poderemos contar com ele até a Copa América, mas vinha sendo titular e deve voltar a jogar em bom nível.

Nino – ótima surpresa. Foi uma contratação que realmente vem surpreendendo. Entrou numa fogueira danada e não tem comprometido.

Léo Santos – fez alguns bons jogos, vinha sendo titular, mas entregou a paçoca de forma bizarra na semifinal da Taça Rio. Depois se lesionou e, talvez, até saia do Fluminense.

Carências – apesar de termos seis zagueiros no elenco, dois estão machucados e dois são reservas com nível bem questionável. Acredito que pelo menos mais uma contratação para a posição fosse o ideal.

LATERAIS

Gilberto – alterna boas e más partidas, mas é titular absoluto porque não possui concorrência. É melhor atacando que defendendo, e isso às vezes compromete.

Igor Julião – tornou-se reserva imediato de Gilberto com a saída de Ezequiel. Acredito que ele pode ser útil, embora não consiga disputar posição com o titular.

Marlon – fala-se que foi liberado pelo Diniz, embora ainda conste como atleta do Flu. É fraco demais até para ser reserva.

Mascarenhas – a tendência é que recupere a titularidade com o tempo, mas como Caio Henrique tem se destacado no time e o treinador não tem como sacá-lo, deve amargar o banco pra ele mais um tempo.

Carências – é perigoso ficarmos apenas com dois laterais para cada posição e, se Marlon for embora realmente, só teremos um para a esquerda. Se contratar três laterais seria pesado, talvez trazer um para a esquerda e subir dois da base (um para cada lado) seja o ideal.

VOLANTES

Airton – tem sido o titular da posição, mas às vezes tem atuações abaixo da crítica. Depende da questão física e do gramado para jogar bem. Na verdade, incomoda-me a formação atual do Flu com essa volância lenta.

Dodi – eu achava-o um bom reserva, mas mudei de ideia. Não tem nível pra jogar no Fluminense.

Maximiano (Luiz Fernando) – dizem que sairá na barca, mas nem testado foi. Merecia uma chance, pois tem condições de ser reserva na posição de primeiro volante.

Bruno Silva – é o típico jogador que tem serventia em algumas partidas por conta de sua experiência, mas é destemperado e já não tem a mesma condição física de outrora. Atualmente, seria reserva.

Allan – está pedindo passagem, e é uma pena que não jogue junto com Caio Henrique pela meia defensiva. Está num nível superior a Airton e já merece a titularidade.

Caio Henrique – só não é titular na posição de Airton por sua polivalência e a necessidade de atuar na lateral. Tem sido o motor do time, e não pode se machucar ou sair de jeito nenhum, uma vez que é um jogador extremamente útil ao time.

Caio – situação similar à de Luiz Fernando, embora tenha sido testado uma vez (ou duas). Fica difícil saber se seria útil ou não.

Zé Ricardo – situação similar à de Caio.

Carências – não temos carências no momento, mas se a barca zarpar levando os três nomes que promete levar, ficaremos com somente cinco volantes de ofício no elenco, um deles atuando na lateral esquerda. Aí seria necessário trazer mais uns dois jogadores para a posição, seja por contratações, seja subindo outros atletas da base.

MEIAS

Daniel – mostrou que no máximo seria uma boa peça a ser utilizada em jogos contra times de menor investimento ou menos competitivos. Não dá pra contar com ele em decisões, pois some.

Ganso – joga praticamente sozinho em seu setor e precisa voltar logo à equipe. Em alguns jogos, parece não render, mas quase sempre coloca alguém na cara do gol. Não está jogando em alto nível, mas não tem concorrência.

Léo Artur – chegou agora e ainda não teve tempo para mostrar nada. É uma boa aposta, mas apostas não são certezas.

Carências – ainda precisamos de pelo menos um nome para a posição, embora dois nomes fosse o ideal. Depender apenas de Ganso para uma competição tão longa é temerário. Léo Artur é uma incógnita ainda e Daniel não performa contra os grandes.

ATACANTES

Calazans – ainda pode ser um bom reserva (e até uma opção para a ala), mas não aproveitou bem as muitas chances que recebeu. O São Paulo está de olho nele e pode ser que saia.

Luciano – tem sido o artilheiro do time no ano, muito por conta do bom esquema do Diniz e da aplicação tática dos jogadores de frente. Porém, com a entrada de Pedro, a tendência é que ele volte à reserva, pois Yony faz melhor o lado do campo. Se Everaldo sair, pode ser que permaneça como titular, deslocado para a ponta.

Pedro – não pode ser reserva de jeito nenhum. O gol que Luciano perdeu contra o Santa Cruz seria estopa nos pés de Pedro. Cobrou o pênalti olhando para a meta, e não para a bola. Está muito acima dos demais.

Everaldo – esse imbróglio todo acaba tirando o foco das atuações do jogador, que sempre ficam no meio a meio. É útil, cisca, dribla, avança, dá até algumas assistências, mas quando vai finalizar… misericórdia. Nem sempre escolhe a melhor jogada, nem sempre pensa o jogo como deveria. É bom jogador, mas não é essa coca-cola toda que fazem parecer. Se não ficar, precisaremos de reposição.

Yony González – bom jogador. O Speedy foi uma contratação certeira. Pode não aparecer muito às vezes, mas já fez gols importantes e, principalmente, deu muitas assistências. No último jogo foi fominha, estando irreconhecível. Se voltar à velha forma, será titular.

Pablo Dyego – teve uma oportunidade e tomou um cartão vermelho com poucos minutos em campo. Deve sair na barca, mas deveria ser emprestado. Ainda vejo potencial nesse jogador, mas precisa de novos ares.

João Pedro – bom jogador da base, já mostrou suas credenciais e foi convocado para a seleção de base. Opção interessante para entrar em alguns jogos que necessitem de dribladores e velocistas.

Marcos Paulo – é bom jogador também, definidor de jogadas. Ainda não conseguiu ter uma boa atuação, mas é necessário dar tempo ao tempo. Também foi convocado para seleção de base, o que quer dizer que possui algum valor. Vejo-o numa situação similar à de Pedro nos idos de 2015. Veio como goleador da base, mas demorou um pouco a se firmar. Temos que tentar segurá-lo.

Ewandro – não dá para saber o que esperar dele, mas dá para imaginar que possa ter sido contratado para o lugar de Everaldo, caso este não vá ficar. Precisa ser testado.

Carências – não temos carências ainda. Pode ser que Everaldo vá mesmo embora e, nesse sentido, temos que avaliar qual será seu substituto. Será que Ewandro teria esse perfil? Luciano não é tão insinuante. João Pedro talvez tenha um perfil mais próximo, mas Diniz só saberá testando-os.

Sobre o nosso adversário neste domingo, bem, é o Goiás. Veio da Série B e, até que prove o contrário, será candidato ao rebaixamento. Dessa forma, temos que ir pra cima visando a vitória, conseguir os três pontos e já iniciar bem a competição. Quinta-feira que vem já tem a primeira pedreira, o Santos na Vila, e essa é uma partida em que o empate não pode ser considerado mau resultado. O Peixe não é bobo, joga num modelo bastante similar ao do Fluminense, mas provavelmente tem um elenco levemente superior. Nossas pretensões atuais, sinto dizer, não são de disputa de título. Grêmio, Inter, Palmeiras, Cruzeiro e a molambada são os times a serem batidos no Brasileiro, e devem disputar as primeiras posições se nada mudar. O que não quer dizer que não podemos nos tornar candidatos ao título no futuro. Esta competição é longa, mesmo os melhores times perderão peças, serão surpreendidos, farão jogos ruins, etc. O que temos que fazer é olhar jogo a jogo, buscando sempre a vitória, sempre somar pontos e ver onde isso nos leva. Dá pra pegar vaga na Libertadores? Dá. É possível sonhar com uma vaga na fase de grupos? Talvez. Conseguiremos disputar diretamente o título? Nossa história mostra que nada é impossível para o Flu. Vamos começar vencendo o Goiás, certo?

Curtas:

– Darío Leonardo Conca anunciou sua aposentadoria no futebol. Controverso, polêmico, guerreiro, craque. Todos esses adjetivos podem ser usados para descrevê-lo. No triênio 2008-2009-2010, foi um gigante, apesar de seu tamanho. Teve seus problemas, principalmente em relação à grana, foi embora, voltou em 2014, foi embora de novo e, no final de sua carreira, vestiu o trapo vermelho e preto só pra mamar dinheiro deles, já que ficou 27 minutos em campo e não fez um gol ou assistência sequer. Logo, a resposta para a pergunta “Conca é ídolo?” é a seguinte: se o Fred é ídolo, Conca também é. Fará falta.

– Kayke, meu filho, nenhuma torcida vibra e bota pressão com você em campo. Pega umas gravações dos jogos da Libertadores 2008, principalmente das quartas-de-finais em diante e vá lavar sua boca com sabão.

– Agora o bicho pega na Copa do Brasil… só pedreira do outro lado. Que venha o Galo ou, na pior das hipóteses, o Pathético. Acredito que contra essas equipes a disputa será mais equilibrada.

– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 3 x 0 Goiás (dois de Pedro), Santos 0 x 1 Fluminense.

Panorama Tricolor

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