Branco é paz e harmonia (por Walace Cestari)

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Repentinamente, uma paz inesperada caiu sobre as Laranjeiras. Com a queda do treinador do rival, as manchetes ocuparam-se do rubro-negro e o Fluminense conseguiu uma semana sem a tradicional rapinagem antes do clássico.

As polêmicas desapareceram ante aos escândalos que assolaram a Fifa. Prenderam o Marin. Investigam tantos outros dirigentes. Há muitos sem dormir, com certeza. Nos clubes, nas federações, na imprensa. Contratos estão sendo relidos, rasgados, alterados. Advogados! Advogados! Se for a vera, não há respeito que sobreviva.

Enderson, que nada tem a ver com isso, agradece. Não que o time tenha sido brilhante contra o Corinthians. Empatamos, mas ficou a sensação de que poderíamos ter ganho. Eis algo positivo: ultimamente, até nas vitórias, a sensação é que não estávamos bem.

A defesa marcou. Não foi um sistema inovador e impecável. Pelo contrário, até foi bem simples. Uma organização de quatro zagueiros. Que jogaram ocupando os espaços destinados a zagueiros. O meio-campo auxiliou o posicionamento defensivo, roubou bolas. Enquanto teve fôlego, o time criou, trocou passes e rodou bola. O ataque apareceu, tentou e desperdiçou oportunidades.

O mais impressionante, depois de algum tempo, fomos um time. Havia um esquema, com falhas e atuações nada memoráveis, mas o bando selvagem com a camisa tricolor que corria sem rumo pelo gramado desapareceu.

Fred errou muito como pivô e teve uma das piores atuações do ano, perdendo uma chance de ouro. Wagner cansou e Gérson parece receoso de colocar em risco os pés que já valem vinte milhões de euros na Catalunha. Vinícius era o destaque, mas o Moreira sacou-lhe do jogo – vai entender a cabeça de treinador? A zaga pixotou o de sempre, mas dessa vez até a sorte esteve conosco.

O vento muda e, por que não, a nosso favor? O espírito guerreiro deve voltar e prevalecer. Que alguns achem novamente nos atalhos da grama o futebol que certamente ainda têm. Até Martinuccio treinou com a equipe ontem. E bem. Quem sabe?

Enderson não fará milagres. Talvez não precisemos deles. Precisamos jogar o justo, o simples. Isso não nos fará favoritos, mas nos colocará dignamente para enfrentar os adversários. Vestiremos as sandálias da humildade, historicamente tão confortáveis em nossos pés. Deixem que falem dos outros, das megalomanias.

Domingo tem Fla-Flu. Espero que joguemos de branco. E que segunda ainda reine a paz.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: google