Em jogo que muitos queriam que nem existisse, o Fluminense fingiu que competiu e muitos fingiram que assistiram.

O Bahia fez o mínimo necessário para vencer: um gol. Enquanto o Fluminense acertou duas vezes o travessão sobre Marcos Felipe, goleiro defenestrado pela torcida que acha que sabe tudo sobre futebol.

Esse jogo aconteceu justamente na semana em que o Rio de Janeiro sancionou um Projeto de Lei, em que tornou o acarajé patrimônio cultural do Rio, causando revolta em muitos baianos, por se tratar de uma iguaria notadamente difundida pelo povo da primeira capital federal sola do Brasil.

Em pensar em comida, lembro da primeira vez que Seu Raimundo e Dona Maria, donos de um boteco em frente ao bar que tive em São Paulo, me levaram um delicioso sarapatel. Baianos de registro e coração, o casal era, simplesmente, o melhor cozinheiro da região da Vila Cruzeiro, na Zona Sul de São Paulo, na grande Santo Amaro, localidade que herdara o nome da fatídica Santo Amaro da Purificação-BA.

Os miúdos, deitados sobre um maravilho angu, fizeram a alegria deste que vos escreve e ajudaram a entender que o mundo é um lugar muito melhor quando compartilhamos nossos saberes, nossas alegrias.

O casal que produzia quitutes capazes de revigorar, sabia das coisas, como o contrafilé enorme que caprichavam no chiado da chapa, muito bem administrada por Raimundo. Ou então, o bife-a-rolé, elaborado com maestria por Maria. Sua filha estudara turismo, como uma fuga da vida de barista.
Mas suas vidas mudaram mesmo após a família ganhar na Tele-Sena, um título de capitalização vendido e administrado pelo Banco de Silvio Santos, com sorteios realizados através de seu programa de televisão, no canal SBT.

Ah, Monica Elizabete, minha companheira de filhos e lutas e glórias, viera de Angola, segundo sua amiga Simone Viola, pertinho da Bahia, no que fora exortada por sua mãe Hermínia Virgínia: ‘estás ruim de História, hein!’.

O jogo estava tão interessante e interessado que não contive o momento de pensar em todas essas lembranças e ocasiões relatadas acima. E cá entre nós, muito mais importante.

Dia quatro vem aí, e com ele as incertezas de tudo, se venceremos ou não, se jogaremos ou não, se realizaremos ou não. Uma coisa é certa: após o jogo, tudo será igual, ou não.

Sobre a partida: o Fluminense segue sem privilegiar suas maiores riquezas: os jogadores formados pelas categorias de base, que sempre são preteridos por jogadores a quem os acórdãos alcançam com suas generosas comissões.

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BAHIA 1 x 0 FLUMINENSE

Campeonato Brasileiro – 31ª Rodada
Arena da Fonte Nova – Salvador-BA
Terça-feira, 31/10/2023 – 19:00 (Brasília)

Arbitragem: Edina Alves Batista (SP/FIFA)
Cartões amarelos: Gilberto 48’, Kanu 90’ (BAHIA); Thiago Santos 21’, David Braz 90’, Leo Fernández 90’+2’ (FLUMINENSE)
Gol: Everaldo 40’

BAHIA: Marcos Felipe; Gilberto, Kanu©, Vitor Hugo e Camilo Cándido; Rezende, Yago Felipe (Léo Cittadini 90’+6’), Thaciano (Luciano Juba 80’), Cauly (Diego Rosa 80’) e Biel (Ademir 62’); Everaldo (Vinicius Mingotti 80’). Rogério Ceni. 4-2-3-1

FLUMINENSE: Vitor Eudes; Guga, Thiago Santos, David Braz© e Felipe Andrade (Arthur 80’); Alexsander (Rafael Monteiro 90’+4’), Daniel, Leo Fernández e Giovanni (Isaac 66’); Yony González e Lelê (João Neto 80’). Eduardo Barros. 4-4-2