Bafafá com botox (por Alva Benigno)

SHORT CUTS

Maleta na mão, calcinha no chão. Chiquinho Zanzibar conta o último levadinho. Maranhão… Que terra boa. Ganhar dinheiro assim, faz pensar que a crise generalizada só atinge os degenerados. Brancos ricos meritocráticos da zona sul do Rio, Vips life style cariocas, jamais!

Ouro negro, inventado por Agnaldo Happybath, embolsado por Zanzibar. Enquanto isso, as rameiras sem classe carne de pescoço urram contra o sucesso daquele que sempre vence, dentro do Fluminense.

Zanzi é o grande vencedor, imponente e triunfal, que entende de piroca, mas também de xereca e cu. Independente, é tricolor pra caralho!

Os homofóbicos vovos e papais de final de semana do club estão prá lá de recalcados, porque não assumem publicamente seu tesão. Ser homem branco hétero é ter uma posição social, diferente de ficar de quatro na sauna.

Essa terra de encantos estava imersa na maior crise da história da cidade sede da trambicagem internacional olímpica. Uma espécie de antro de gente deprimida, decadente, sofrida, onde os escroques fazem a festa na miserável vida em que os escrúpulos são postos de lado em nome da sobrevivência. Um cenário melancólico como o de Blade Runner, trocando os andróides com crise existencial por zumbis de toda espécie. A Loira Belzebu estava no meio disso tudo. Com uma pitada de cada um destes personagens. Sua figura supostamente alegre dizia muito para Chiquinho Zanzibar sobre uma mulher reaça e frustrada. Uma vez percebendo o fim de um suposto poder megalomaníaco de Agaynaldo Happybath, tratou de sacar todo o seu FGTS, glória ao Deus a ser amado, e jamais temido!, para pagar Chiquinho para lhe comer.

Zanzibar havia dito a Happybath que “quem você paga pra comer eu não fodo por dinheiro algum!” Isso era demais pros brios até mesmo de alguém lamentável como a cortesã de ocasião. Com a boca de chupador de buceta, que já tirou muita queijada de caralho sujo, Chiquinho Zanzibar se recusa a ter qualquer contato erótico, nem via Tinder, com biscateiras de arquibancada.

MONEY

Zanzibar está comemorando muito o ganho com a última baranga em campo da era Happybath. O levadinho caiu muito bem. Egoísta como só, não titubeou e comemorou sozinho, numa primeira noite. Era um verdadeiro muquirana dos narcóticos. Coisa da boa, consumia só.

O homem da mala maranhense estava ávido para pagar o que era devido aos serviços de Chiquinho Zanzibar. Afinal, pessoalmente, ele havia ido ao interior da PSDBopolis vender gato por lebre pra macacada míope. Mandou Arcanjo fazer o transfer da 007, tradição que jamais abandonará.

Os envolvidos não entendiam porque Zanzibar demorou a dizer dia e hora pra fechar tudo.

Numa espécie de ritual de auto orgasmo, disse que teria que ser na porta do club, no primeiro minuto do dia 21 de julho.

PULP FICTION

Dito e feito. Seu capanga do bicho pega a mala, entrega a Chiquinho. Ao chegar no imponente edifício da avenida Nossa senhora de Copacabana, diante do traseiro do Copacabana Palace, um senhor de branco lhe espera. Uma espécie de reencarnação pós moderna de Seu 7 da Lira.

Os dois sobem sem dar um pio. Só abajures alimentam a visibilidade do vazio apartamento de Chiquinho.

Numa fresta do janelão da sala, o vento sopra apitando como se fosse a locomotiva do sucesso de Zanzibar na madrugada gélida carioca.

Zanzibar deixa a mala de lado, senta na vetusta poltrona de couro. O senhor lhe serve uma dose generosa de uísque puro, que é rapidamente sorvido.

Da maleta do moço vê-se uma série de seringas e uma verdadeira farmácia ambulante. Dá um trato na substância. Ela entra devagar no braço experiente de Chiquinho.

Dr. Feelgood sai na penumbra. Fecha a porta. Chiquinho Zanzibar já está tirando as roupas, e coloca o hino em alto volume.

“Eu sou foda! Tradição em forma humana! Sou o poder que sempre vence sem aparecer! Ganho na incompetência alheia. Dou meu cu, chupo cu, xereca, piroca. Não tenho gênero. Sou tudo de bom e ruim! Sem mim o club não existe!”

Anda como um louco, gargalhando, nu, dançando. Abre a 007, pega uma nota de 100 dólares, enrola no pênis ereto, e bate uma selfie que é imediatamente enviada para toda a corja de homens brancos ricos meritocráticos de bem supostamente honestos, com a frase: “Feliz Dia do Amigo!”

Depois, enrola outra e enfia no cú. Bate outra selfie e escreve: “Esse cu faz muito pelo tricolor! Feliz Dia do Amigo, vol. 2”

Mais um copo cheio de uísque. Na mesa, a serviçal havia deixado preparado o seu caviar russo.

Torradas mais do que especiais, feitas artesanalmente.

O PITI DE ZACARIAS

Como ri, ao escutar os discos compacto com os gols históricos. Como ri, ao ver Antonio Gonzalez, o lutador careca sarado, sendo acusado publicamente de ser o diretor de futebol da terceira divisão pelo exótico personagem Zacarias do Botox. Um otário ruminando para um bando de otários. Enquanto isso, Chiquinho Zanzibar faz fortuna sem aparecer nos anos 1990.

Havia contratado mais de 25 perebas, como se fosse um Happybath dos anos 1990. Foda-se o plano real!

A CONFISSÃO DE ZANZI

“Naquela época, comecei a espalhar fofocas culpando o idiota romântico das arquibancadas que seria o responsável pela maior vergonha de nossa história. Repetir um caô mil vezes o faz verdade. Os idiotas repetem. Se fosse hoje, com Facebook, era só criar uma página de analfabetos e ficar repetindo.

As redes sociais agora são a principal fonte pública de mentira. E de força de Chiquinho Zanzibar. O mito encontra sua cara digital de reafirmação.

Idiotas brigas e ficam pobres. Espertos observam e enriquecem. Isso é meritocracia.

O lutador careca foi para a Espanha e voltou pobre, continuando seu idealismo de merda. Ao menos é autêntico. Seu bode expiatório predileto merecia mais. Daqueles tempos é que vem o ódio de Zacarias do Botox: ele era um zé ninguém das arquibancadas, só entrava no club pulando a roleta, era um completo desconhecido e via a fama e a admiração que Agon tinha dos outros torcedores.”

FRESCOR NO DIA DO AMIGO

Abre o janelão da sala. O vento frio sopra todo o seu ser, ensopado com a chuvarada. Fecha os olhos, percebe que só os vencedores sentem o que seus afetos lhe mostram. Ética é coisa de gente fraca, idealista e mimada. Gente que prefere levar a fama e viver sem grana.

“Ética de cú é rola! Fodam se todos vocês! Sou Chiquinho Zanzibar! Eu sou o club!”

Chiquinho Zanzibar está nu, ereto, com seu corpo decrepto.

“Toma aqui um feliz Dia do Amigo, pelancudas buscateiras de merda, happybath, Rice Powder, Tonoclencio, Sinara, K. Pacett!”

Chiquinho Zanzibar está se masturbando como um louco. O gol de Assis faz suas varizes pularem de tanto sangue de tesão pulsante. A cada gozada de Zanzibar, uma trovoada queima os céus cariocas e ilumina o céu de Copacabana.

Goza três vezes seguidas e grita: “isso, otários! Briguem entre si, de bolsos furados, sem fama, sem gozar, ressentidos, culpem os românticos enquanto eu construo o meu enriquecimento! Sou tricolor pra caralho! Eu sempre venço! O estádio só tem uma certeza, foda-se onde será erguido, de que eu decidirei como foi lucrar e vibrar com tudo isso.”

ENTENDENDO O ÓDIO DE ZACARIAS

No passado, o rebolativo personagem tinha sido uma espécie de humorista do blog dos comunistas por algum tempo, mas acabou expulso por motivo justo e nunca perdoou o fato. Numa espécie de desejo homoerótico, passou a abominar o blog e seus integrantes, encontrando abrigo numa exótica página de fofocas de Facebook, de onde falava muito mal outrora mas, aí, consertou tudo com uma boa dose da tradicional falsidade.

Mantido seu rancor por anos, nos últimos dias passou a caluniar pessoas para sua pequena plateia bovina. Os alvos principais eram AGonzalez e Paulo Andel, para ele o maldito ocupante de seu lugar no hall da fama tricolor. Zacarias o chamou publicamente de “gorda”, numa mistura de homofobia e desejo enrustido. Procurado por mim, o escritor deu a seguinte declaração:

“Alva, fizemos o PANORAMA para ser uma casa de amigos. Este senhor não se adaptou, criou confusões e foi expulso. Tenho pena.”

A opinião de Zanzibar: “Eu o conheci nos tempos do bafão. Ele chamou o comunistinha de gorda? Meodeuxxxx, tá faltando espelho em casa, deve ter vendido para pagar o botox. Cruzessss. Isso é que dá a gentinha suburbana decadente ter Wi-Fi; não tem o que fazer, fica azucrinando a vida dos outros. Manda esse homem carregar uma caixa.”

Achei justo ouvir AGonzalez, o ídolo de Zanzibar. Conversamos no Whatsapp, e a resposta foi lacônica, no padrão hispânico indomável: “Bundão”.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: koo