As lições de 2016 (por Paulo Tibúrcio)

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A temporada 2016 praticamente terminou. Ainda teremos a última rodada, mas que pouco acrescentará em termos de resultados. Além disso, tivemos o terrível acidente que atingiu a Chapecoense, afetando a todos que acompanham e amam o futebol. Passado o momento de maior comoção, o que nos espera para o próximo ano?

É comum fazermos um balanço do que foi realizado a cada final de ciclo. Podemos fazê-lo através de lições aprendidas, registrando os erros, acertos e o que poderia ser melhorado. Apresento a seguir algumas considerações a este respeito.

Começar bem não significa que terminar bem. Ganhamos a Primeira Liga. Tínhamos um time bem montado. Mas confundiu-se o início de caminhada com o resultado final. Os adversários ainda estavam em fase de formação, ainda iriam contratar reforços. O Fluminense fez o caminho inverso, enfraqueceu o seu elenco, realizou contratações genéricas e equivocadas.

Estrutura do futebol. Uma das causas das contratações malsucedidas foi a falta de um departamento de futebol competente, em condições de definir um planejamento para a temporada e tomar as ações para garantir a correta execução deste planejamento. É importante saber as deficiências do elenco e buscar saná-las. Identificar boas oportunidades no mercado. O risco, se bem calculado, também é necessário. Por isto, considero positivas algumas ações: a contratação de Richarlison, apesar do valor, e o investimento em Orejuela e Sornoza (que as contratações se efetivem…). Rojas é uma incógnita. Contratado por um ano e meio, tem que entrar arrebentando, pois foram seis meses de preparação. Foi bastante positivo o início da construção do CT, mas ainda não é suficiente

Divisões de base. Além dos erros de contratação, aproveitamos mal a base. O trabalho é bem feito, mas deve ser melhorado buscando atender o time principal. Neste ano, tivemos a participação mais efetiva de Gustavo Scarpa, Douglas e do quase veterano Marco Júnior. Outros tiveram poucas chances. Para 2016, o aproveitamento pode ser maior.

Material esportivo: confesso ter gostado da troca inicialmente. Percebi como uma oportunidade. Valor maior de patrocínio, possibilidade de um bom início de parceria, algo parecido com o que foi feito com a Unimed e a própria Adidas. Não embarcamos sozinhos. O Atlético Mineiro também fez a mesma aposta. Não condenaria a gestão por este insucesso. Estão agindo para corrigir o erro. Mas que a experiência sirva de lição para uma análise mais detalhada para este tipo de contratação

Estádio. Sofremos muito nos últimos anos por conta disto. O Maracanã, nossa casa, ficou indisponível em vários momentos por conta dos seguidos eventos que ocorreram no Rio de Janeiro. Esta fase acabou, mas o clube precisa ficar atento em relação a possíveis interferências futuras e agir para evitar surpresas. Não podemos correr o risco de perder o contrato com o Maracanã. Gostei da experiência no Giulite Coutinho, eu não descartaria esta parceira ou outra nos mesmo moldes para alguns jogos. Para médio prazo, a construção de um estádio.

Eleições no Fluminense. O Tricolor teve o seu primeiro pleito com a participação dos sócios do futebol como votantes. Considero um marco positivo. Como melhoria, é necessário um programa de sócio torcedor que o aproxime mais do clube. As próximas eleições têm que possibilitar outros locais de votação. Além disto, a eleição apresentou pouca renovação. As três chapas tiveram, de alguma forma, participação efetiva na gestão do Fluminense em algum momento. O grupo vencedor representa a situação, mas vem mais heterogêneo. Difícil saber se isto será positivo ou negativo. Prevejo muito trabalho e lições aprendidas para 2018.

A grande lição. O futebol é capaz de unir a todos. Torcidas, jogadores, técnicos, clubes, cidades e países. O mundo do futebol se juntou à Chapecoense no momento de dor e sofrimento. Infelizmente, o catalisador desta união foi um acontecimento trágico. Esta força transformadora do futebol, que nos torna melhores, precisa surgir mais vezes, de forma mais espontânea. O mundo precisa disto.

Que cada jogo de futebol no próximo ano seja um tributo a todos os profissionais que se vitimaram no acidente. Que o Fluminense possa aprender com seus erros e, desta forma, ter uma temporada mais vitoriosa. Apesar dos pesares, a vida segue. Um feliz 2017 para todos!

Panorama Tricolor

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Imagem: tipa