As incertezas tricolores (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, primeiramente gostaria de desejar um ótimo ano de 2019 para todos vocês e, principalmente, para o nosso Fluminense. Muito aconteceu desde a última vez em que escrevi para este espaço e, em sua maioria, não foram bons acontecimentos. A saída de Gum devido a um problema com o tempo de contrato não desceu ainda pela minha garganta, principalmente devido à contratação completamente sem pé nem cabeça de Matheus Ferraz por mais de uma temporada. Ou seja: negaram um contrato de mais de um ano a Gum e o permitiram a um qualquer. A permanência de Digão foi um ponto positivo, mas a saída de Sornoza sem reposição (ainda) à altura é daquelas notícias de arrepiar os cabelos. A saída de Júlio César, apesar de previsível, também nos enfraqueceu, já que Rodolfo não vai manter o nível. Por fim, mais uma vez Reginaldo foi preterido. Fica difícil entender. Vou falar um pouco do elenco que teremos para esse ano.

ELENCO DO FLUMINENSE 2019 (até o momento):

Goleiros: Rodolfo, Marcos Felippe, Agenor. A ausência de Júlio César se torna maior ainda sem um titular à altura de nossas tradições. Penso que deviam dar uma chance para o Marcos Felippe. Agenor é uma piada. De Amores ainda está indefinido se vai ou se fica, por conta de sua lesão, da qual ainda não se recuperou.

Laterais: Gilberto, Igor Julião, Ezequiel, Marlon, Mascarenhas. Léo foi embora, como eu previa. Marlon tem um empresário forte, porque aceitaram contratá-lo por três(!) temporadas. Mascarenhas voltou e deve ser o titular, e Ezequiel foi a solução encontrada para compensar as lesões de Gilberto, que acabou ficando.

Zagueiros: Digão, Ibañez, Nathan Ribeiro, Matheus Ferraz, Frazan, Paulo Ricardo. A “troca” de Gum por Matheus Ferraz foi terrível. Reginaldo não ter retornado e Paulo Ricardo ter permanecido, também. Pelo menos reemprestaram o Nogueira e mantiveram o Nathan Ribeiro.

Volantes: Dodi, Ayrton, Bruno Silva, Luiz Fernando, Zé Ricardo, Caio. Jadson foi para o Cruzeiro em troca de Digão, Bruno Silva (em definitivo) e Ezequiel. Estava em baixa, acho que foi uma boa troca. Bruno Silva tem bola pra ser titular. Orejuela foi mal emprestado de novo, mas pelo menos não teremos que aturar Mateus Norton ou Marlon Freitas. Fernando Neto foi preterido também. Dodi ficou e Luiz Fernando voltou. Acho que teremos um setor de volância razoável esse ano.

Meias: Danielzinho, Caio Henrique. Mandaram o Sornoza para o Corinthians e não veio ninguém pro seu lugar. Estão tentando trazer o Ganso, mas depende de o Sevilla não conseguir vendê-lo até dia 31. Vamos torcer. Tentaram o Nenê, mas tanto o jogador quanto a diretoria são-paulina parece que querem que ele fique. Difícil essa negociação avançar. Se os dois não vierem, Caio Henrique vai ter que jogar dez vezes mais do que jogou no Paraná ano passado para termos alguma esperança de dias melhores. Luquinhas foi emprestado e Danielzinho não tem bola pra ser o 10 do Fluminense.

Atacantes: João Pedro, Marcos Paulo, Pedro, Calazans, Robinho, Matheus Gonçalves, Yoni González, Everaldo, Luciano, Pablo Dyego. Mateus Alessandro foi emprestado, como eu previa. Robinho voltou, como eu não previa. Wellington Silva foi dado de presente para o Inter. De resto, nos livramos de várias bombas e trouxemos dois jogadores: Matheus Gonçalves (que me gera desconfiança) e Yoni González, boa contratação para suprir a ausência de Pedro. Não deram chances a Matheus Pato, mas ao menos subiram João Pedro e Marcos Paulo, o que era uma necessidade, dada a queda de produção de Everaldo e Calazans.

O time titular, na minha visão, deveria ser o seguinte: Marcos Felippe, Gilberto, Digão, Nathan Ribeiro (Ibañez) e Mascarenhas; Ayrton, Luiz Fernando, Bruno Silva e Caio Henrique; Pedro (Yoni González) e Marcos Paulo. Isso é o bastante para o resto do ano? Claro que não. Precisamos muito do Ganso (ou de um jogador com sua qualidade técnica) para a meia cancha, e de um bom reserva pra ele (ou que jogue com ele) na mesma posição. Por isso seria tão bom trazer o Nenê. De resto, acho que sentiremos a falta de um goleiro de mais qualidade, e se as lesões começarem a nos incomodar pelo resto do ano, vamos sofrer, pois nossos reservas são fracos. A ausência de um ídolo talvez seja o que mais pese, o que dobra a importância de trazer Ganso. Sem Gum, não temos qualquer referência dentro de campo. O técnico, que acabei acertando em termos de aposta, Fernando Diniz, precisa colocar, desde já, as barbas de molho.

A partida contra o Volta Redonda nesse sábado foi uma experiência nada agradável de se assistir. É claro que é impossível esperar um desempenho de ponta em início de temporada e desfalcado de vários jogadores, mas o treinador precisa observar alguns pontos e mexer no time de forma decisiva e precisa. Embora ele seja adepto do “TIKI-TAKA”, haverá oportunidades durante a partida em que essa tática não vai funcionar. O Fluminense demorou muito para começar a ir ao fundo cruzar bolas com mais ênfase e, devido a isso, só conseguiu trazer um ponto. Erros acontecem, mas dois pênaltis num mesmo jogo oriundos de contra-ataques fulminantes sofridos por perdas de bola não podem se repetir. Diniz precisa entender que a maior parte do elenco de que dispõe simplesmente não possui qualidade para manter 90 minutos – e mais os acréscimos – de toque de bola incessante. A precisão do passe é baixa na média. Quando tiver jogadores mais limitados à sua disposição, ele precisa fazer o simples.

O próximo compromisso do Fluminense será na quinta-feira, dia 23, no Moacyrzão contra o Americano. Seria importante já termos todos os jogadores regularizados para podermos contar com Bruno Silva, Caio Henrique e Yoni González, principalmente. De resto, é torcer para que Digão se recupere da lesão que sofreu e que Nathan Ribeiro possa ser escalado. Com peças melhores, a tendência é que consigamos um resultado positivo. E não há outro objetivo possível se quisermos nos classificar para as semifinais da Taça Guanabara. Já deixamos dois pontos pelo caminho, e teremos somente mais doze em disputa. Se chegarmos à última rodada precisando ganhar do Vasco, pode dar ruim. O ano de 2019 iniciou-se cheio de incertezas, com o temor de um rebaixamento devido a um elenco ainda mais fraco, problemas financeiros e caos político. Oxalá tenhamos um patrocinador master, contratações de peso e a saída de Abad ainda no primeiro trimestre para acalmar as coisas. Merecemos um ano novo tranquilo.

Curtas:

– O Fluminense foi um desastre mais uma vez na Copinha, sendo eliminado dessa vez pelo poderoso Audax de Osasco. Se é que isso traz algum consolo, o modo de jogar do time paulista foi introduzido por… Fernando Diniz.

– A Copa do Brasil começa em fevereiro para o Fluminense. No dia 5, enfrentaremos o River do Piauí no estádio Albertão. O mínimo que se espera é uma vitória, seja qual for o placar.

– E a Copa Sul-Americana começa também em fevereiro para o nosso Tricolor. No dia 13, o Flu pega o Deportivo Antofagasta, do Chile. A partida será no Maracanã. O jogo da volta será apenas no dia 26. Desnecessário dizer que estas duas partidas são talvez as mais importantes do primeiro trimestre, e a preparação para tais compromissos precisa ser total.

– Sei que falo isso em todo início de ano, mas com um elenco enxuto como temos, tanto a Copa do Brasil quanto a Copa Sul-Americana são as nossas melhores chances de brilhar e conseguir títulos. O Carioca é um desejo nosso também, é claro, mas a competição é uma preparação para os torneios de mata-mata que, se o Fluminense titular de Diniz se mostrar competitivo, podem nos oferecer as oportunidades de ter um ano de sorrisos. Temos que apostar, queridos. É o que nos resta.

Panorama Tricolor

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