As curvas: Fluminense x Niemeyer (por Jorge Dantas)

Niemeyer era, além do homem conhecido e reconhecido pela sua arquitetura inovadora e criativa, uma pessoa simples, de alma boa, solidário e cativo da humanidade que ainda resta em nós. Pena que não se pôs a bandeira do Fluminense sobre o seu caixão. Seria a homenagem final a quem se encantou pelo belo, beleza que também se encerra nos símbolos que identificam o nosso tricolor: o escudo, a bandeira, o hino, a sede, a torcida e a sua história.

O conjunto arquitetônico e esportivo das Laranjeiras, sede do clube, tem na fachada do prédio principal, em estilo Luiz XVI, projetado pelo arquiteto Gustavo Pujol, e nos salões internos ornamentados com elementos das chamadas art nouveau e art decó, belíssimos exemplos da arquitetura de alta qualidade, que certamente encantou Niemeyer.

Mas, talvez seja no nosso escudo, principal identificador do clube, que Niemeyer poderia ter encontrado a harmonia que o encantava e o inspirava. As curvas que dão contorno ao escudo tricolor são uma síntese dos traços do fabuloso arquiteto brasileiro, como a se confundir com as colunas do Palácio da Alvorada. Se observarmos bem, o escudo tricolor tem, na parte de cima, os mesmo traços daquelas colunas. Na parte de baixo, as curvas do escudo são côncavas, enquanto as das colunas do Alvorada, convexas. Mas, ambos nascem de traços curvilíneos que se sustentam na harmonia e na suavidade que um corpo de mulher inspira.

São, portanto, elementos muito próximos na concepção. A inspiração pode ter sido a mesma, apesar da distância no tempo. Daí, talvez, a simpatia, mesmo que subliminar ou inconsciente, do arquiteto pelo Fluminense, seu verdadeiro clube de coração.

O Fluminense é um clube fundamentado na beleza. Tudo nele é inspirador, tudo nele é poético, tudo nele é arrebatador. Assim como Niemeyer, o Fluminense é um patrimônio nacional e motivo de orgulho de todo brasileiro que ama sua pátria e que se encanta com a virtude. Ser tricolor é muito mais do que torcer por futebol, é ter um espírito de grandeza comum aos grandes homens e mulheres.

Ser tricolor é ser como o mestre Niemeyer, um amante da beleza, cujo destino é a glória. Por isso devemos ter orgulho de sermos escolhidos para ser tricolores.

Jorge Dantas

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: Oscar Niemeyer

Contato: Vitor Franklin