Ainda sobre a coletiva do presidente (por Robertinho Silva)

O ano era 2020. O rival da Lagoa, após as conquistas de 2019, vindas através de um estúpido doping financeiro advindo do processo de “espanholização” iniciava a temporada mais uma vez como o favorito a tudo.

Como de praxe, a megalomania rubro negra entrava em ação. Jorge Jesus e grande parte do plantel, surfavam na onda da arrogância.

Em um dos surtos, o treinador português questionou a época o excesso de jogos no Maracanã e foi devidamente refutado pelo presidente tricolor, Mário Bittencourt. O mandatário ressaltou o contexto histórico do Maracanã, onde diversos times brasileiros utilizavam o estádio para sediar grandes jogos.

Ao final de sua fala, Bittencourt foi categórico: “Costumo dizer que, quando o time está ganhando, todo mundo acha engraçado o que se diz. Acho que se o time dele estivesse perdendo ele estaria mais preocupado em dizer outras coisas. Lamento e não é só pelas coisas que foram ditas em relação ao Fluminense não. É Vasco, Botafogo… Os clubes não se formaram sem a participação dos outros”.

Chegamos a 2024. Curioso que após a conquista da Libertadores, Mário Bittencourt repete o comportamento de Jorge Jesus quatro anos atrás. Como o mesmo disse, “quando o time está ganhando todo mundo acha engraçado tudo que se diz”.

Existe uma grande claque no universo tricolor que se anestesiou após o título da Libertadores. As críticas, os questionamentos, que antes eram ínfimos, foram totalmente dizimados.

Diversos times brasileiros já conquistaram taças com os bastidores fervendo. O Fluminense não foi diferente. Mas quem se importa? Quem irá fazer o papel de “chato” e “estraga prazer”? Ninguém se aventura. Os poucos que ainda tentam, são devidamente achincalhados por “haters” com as tradicionais falácias de “torce contra”.

Ora bolas, desde quando pontuar os erros é coisa de quem “torce contra”? Isso é o básico. O amor não pode e não deve causar cegueira.

Quem conhece os bastidores do Fluminense, como os colegas aqui do PANORAMA, sabe bem que existe um mecanismo dentro do clube. Quando tudo está bem, toda hora tem gente dando coletiva, frases de efeito são ditas, e muitos se alegram com isso. Mas quando a fase não é boa, ninguém aparece, não vemos uma nota, uma explicação, simplesmente todo mundo some. É um ciclo de nebulosidade. Não é a toa o grande Chiquinho da Zanzibar ter apelidado o presidente tricolor de “pavão”.

Falando nisso, a última coletiva do mandatário tricolor foi bem “pavônica”. Alfinetou o Botafogo na questão da grama sintética, falou sobre Thiago Silva, a possível saída de André, etc. Mas, quando o assunto girou em torno das dívidas do clube e uma eventual formação de SAF, MaBi insulta a inteligência de todos os torcedores.

O Tricolor aumentou expressivamente sua dívida nos últimos anos e isso é pouco comentado. O mecanismo dentro do clube se manteve; vender pratas da casa a preço de banana (ou praticamente doar) pra pagar salários de trintões com pouco ou nenhum retorno esportivo, salvo raras exceções.

E sobre a dívida, como bem explanado de maneira brilhante pelo companheiro André Horta em coluna aqui publicada, não conseguimos ver nenhuma espécie de transparência. Qual é o valor? Foi pago alguma coisa? Se sim, quanto? Tudo é muito vago.

Por último, o venerável presidente falou sobre a questão de uma possível SAF, praticamente insultando a inteligência de qualquer cidadão que raciocine. Ele ressaltou que existem investidores no circuito e que estariam dispostos a investir no clube sem necessariamente obter o controle.

Quem em sã consciência é capaz de acreditar nisso? Não existe almoço grátis, ainda mais no meio do futebol. Quem investe, quer retorno.

É muita ingenuidade alguém acreditar que em pleno 2024 alguém vai investir de maneira vultosa em um clube de futebol, sem saber pra onde a grana será direcionada. Não existe “camaradagem” nesse meio.

Por fim, que possamos continuar comemorando as conquistas esportivas no campo. Que o Fluminense triunfe cada vez mais, mas que não fiquemos alheios à realidade.

Saudações Tricolores.