A solução disruptiva para o Campeonato Brasileiro (por Wagner Victer)


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Alguns anos atrás, quando aconteceu um incêndio na chamada Cidade do Samba, tive a oportunidade de fazer uma sugestão pública que foi acatada pela LIESA para que nenhuma agremiação (Escola de Samba) naquele ano viesse a cair, tendo em vista o desequilíbrio que aconteceu por um ato de força maior.  

A questão da Covid 19 impactou economicamente o mundo, também o Brasil e, logicamente, às atividades esportivas e aos clubes de futebol do Brasil, numa dimensão muito maior do que qualquer tipo de acidente.

É certo que os clubes de futebol do Brasil, independentemente da sua dimensão, tanto os tradicionais como os pequenos, terão uma dificuldade muito grande de sobreviver neste ano 2020 e no próximo ano, 2021, em função do ocorrido, já que o principal sistema de geração de custos continuou atuando, em função basicamente dos salários dos jogadores, sem uma contrapartida devida de receita, patrocinadores e outras reduções brutais que acontecem como direito de TVs, bilheteria, camisas, num cenário catastrófico. Portanto, neste mesmo cenário, soluções diferenciadas devem imediatamente ser pensadas e adotadas pelos dirigentes do futebol brasileiro, até porque isso pode levar literalmente à extinção de tradicionais clubes de futebol do Brasil, diante de uma eventual queda futura sem o mínimo de condição estrutural para a Série de Acesso, de sobreviverem para um dia retornarem.  

É claro que o maior risco se concentra nos clubes que atualmente estão na série A, ou seja, os tradicionais 20 clubes, para que não venham a cair para a chamada liga de acesso. A perda brutal de receita que certamente poderá acontecer e a fragilidade institucional existente podem levar alguns clubes a afundarem ainda mais, sucumbindo definitivamente diante de uma eventual queda. Neste cenário, devemos imediatamente pensar em soluções não convencionais para que, pelo menos neste e também no próximo ano, essa situação de risco não aconteça e, além do mais, que ainda possamos trazer algum benefício esportivo ao futebol brasileiro.

A minha proposta é que neste ano de 2020, em função do ocorrido, não se promova a queda de times para a série B. Para não prejudicar os times atualmente da série de acesso, que eventualmente três ou quatro possam subir em 2021 de forma que o campeonato do próximo ano, 2021, tenha uma equação diferenciada, quem sabe em dois grupos e talvez com mais umas três ou quatro partidas. Então, nos futuros campeonatos poderíamos até voltar à situação atual, porém de maneira progressiva, caindo dois por ano.

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A vantagem desse novo modelo proposto é que estabeleceria uma tranquilidade muito grande aos times da Série A já em 2020, para que não façam loucuras financeiras e mantenham atletas caros fazendo contratos longos e, além disso, possam fomentar algo muito importante, inclusive para suas finanças futuras, que é promover já esse ano atletas de base, que muitas vezes vão ganhar uma nova dimensão esportiva e espaço para futuras vendas e logicamente renovando o futebol brasileiro que, muitas vezes, tem esse processo feito de maneira muito tênue e devagar, em função do tradicional medo dos clubes em não caírem.  

Não dá para pensar outra solução mais prática, pois o que poderá acontecer esse ano, tal qual nos incêndios nos barracões das Escolas de Samba, é que grandes clubes venham a colapsar no meio do caminho do campeonato ou que não tenham condição de prosseguir, não só nesse ano e também no próximo. Além disso, temos que transformar essa situação em uma grande oportunidade para que os jogadores da base possam subir, criando um campeonato renovado e podendo estabelecer de fato outro patamar do ponto de vista salarial para os atletas que atuam no Brasil, além de criar mecanismos claros de novas carências e prazos maiores, para que os clubes possam sobreviver.

É claro que uma medida como essa pode eventualmente ter algum tipo de reação contraria da grade televisiva, porém elas são na pratica “sócias” desse processo de queda iminente, pois podemos afirmar que a queda de qualquer grande clube brasileiro, em especial os três grandes do Rio que estão sob esse risco como Vasco, Botafogo e o nosso Fluminense, enfraqueceriam demais o futebol, em especial suas finanças do Rio de Janeiro. Esse fenômeno pode acontecer também como aconteceu com o Cruzeiro, que está numa situação extremamente descompensada em função da sua queda para a série B e da situação atual e dos compromissos existentes, frutos da má gestão e de práticas indevidas.  

Temos que lançar imediatamente esse tema para discussão, não ter medo de enfrentá-lo e fazer isso antes do início de um campeonato não é virar a mesa, pois se for feito ao longo do campeonato ou ao final, aí sim poderá ter uma leitura diferente. Um momento diferenciado envolve soluções para sair da crise que sejam disruptivas e, portanto, diferenciadas, até para a sobrevivência do futebol brasileiro e que proporcionariam alegrias às nossas torcidas nos próximos dois anos, até porque, como disse, a queda nesse momento da atual situação envolverá o fim de muitas agremiações esportivas tradicionais no Brasil.

Panorama Tricolor

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