A sobrevida de Eduardo Baptista (por Paulo Rocha)

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A goleada de 4 a 0 sobre o Bonsucesso foi o primeiro resultado positivo do Fluminense nesta temporada. É importante ressaltar, contudo, que o time ainda continua sem padrão tático definido e que só obteve o placar folgado diante da fragilidade do adversário – que se viu obrigado a escalar seis jogadores na última hora por razões burocráticas. Ou seja: a vitória deu sobrevida ao técnico Eduardo Baptista, mas não nos dá confiança no time para a temporada.

Sim, houve aspectos positivos. O reaparecimento de Giovanni na lateral-esquerda foi um deles. Por mais que eu aprecie mais elogiar os jogadores da nossa base (no caso Léo Pelé e Ayrton), Giovanni é um jogador mais experiente, mais pronto para entrar neste momento. Foi bastante efetivo, se apresentou, chegou à linha de fundo, enfim, mostrou ser o cara ideal (neste momento) para vestir a camisa 6.

A dupla de volantes também esteve bem. Pierre, em que pese sua pouca intimidade com os passes, é um jogador aguerrido e que não se omite. Coloca a cara para bater, como dizem. Fosse apenas um “troglodita” não seria admirado pelas exigentes torcidas de Palmeiras e Atlético-MG, clubes pelos quais passou – e foi campeão. Já Douglas mostrou que, além do bom sentido de marcação, erra poucos passes e possui um chute fortíssimo de canhota.

Outro que me agradou, e muito, foi Danielzinho. Jogando mais pela beirada do campo, tumultuou a marcação adversária no segundo tempo e distribuiu alguns belos passes – o que deu para Wellington Silva e originou o quarto gol foi magistral. Quanto a Fred, fez o que dele se espera: gols, Ainda este ano, caso não tenha nenhuma lesão séria, se tornará o segundo maior artilheiro da história do Fluminense.

A primeira vitória de 2016 dá a torcida tricolor o “direito” de vestir a camisa do clube durante o carnaval com menos peso. Mas é bom lembrar que goleada sobre o Bonsucesso (aliás, um remendado Bonsucesso) não é nada de mais para o Fluminense. É uma obrigação. De nada adiantará o grupo de jogadores estar fechado com o treinador se este não conseguir achar um time ideal e instaurar nele o padrão tático que se exige para a conquista de títulos.

Eduardo Baptista ainda vai que ter que nos convencer de que é o técnico ideal para o Tricolor. Anseio que consiga e que queime a língua de todos os que o criticaram – inclusive a minha. Mas que ele obteve apenas uma sobrevida, ninguém pode negar.

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Todo sábado de carnaval eu me lembro de, com 11 anos incompletos e pelas mãos de minha mãe, chegar à sede das Laranjeiras para o Baile do Cartolinha Dourado. No portão do clube, fiquei sabendo que, no Maracanã, o time goleava o Corinthians por 4 a 1 com três gols do estreante Roberto Rivelino – que começava naquele dia a se tornar o maior ídolo que tive no futebol. Que saudade daquela infância, da Máquina de Rivelino e das mãos abençoadas e carinhosas de minha mãe. Que saudade. Bom carnaval a todos.

Panorama Tricolor

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Imagem: pr/pra