A quem interessa o VAR? (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, confesso que na minha bola de cristal otimista não estavam previstos os gols perdidos por Marcos Paulo e Evanílson que, combinados à expulsão de Hudson, transformaram uma vitória que parecia certa num empate com gosto de derrota, não apenas por todo o cenário do jogo em si no segundo tempo, com o time não conseguindo arrumar uma maneira de segurar o ímpeto do Atlético de Goiás, mas também pela cegueira do VAR no lance do gol dos caras. Quer dizer então que ninguém viu a falta clara em Michel Araújo? É complicado. Ganhando, passaríamos à segunda colocação, posto que temos e teríamos saldo maior que o do São Paulo, atual vice-líder. Empatando, ainda ficamos no bolo, pois os resultados nos favoreceram, mas não dá para negar que causaria um grande incômodo a certos veículos midiáticos ter que dizer, a plenos pulmões, que o Fluminense brigaria pela liderança da competição. Afinal, os patrocinadores que favoreceram um time aí que conseguiu R$ 1 bilhão de diferença pros demais em três anos não poderiam ver seu produto desvalorizado, né?

Não estou querendo afirmar nada com isso, nada mesmo, nem quero colocar os interesses dos sites de apostas em xeque, mas vamos à pergunta fatídica: a quem, hoje, interessa o VAR? Antes da última rodada, circulava uma tabela mostrando as intromissões do VAR a favor e contra os clubes. Adivinhem o mais prejudicado? A Geni. Ah, mas o veículo que trouxe a informação fez questão de deixar claro que não se avaliava o uso que o árbitro fez após julgar os lances. Muito bem. Mas e quando a tecnologia precisa interromper, posto que há uma infração que aparentemente a arbitragem não viu, e não o faz? No fim das contas, não são pessoas que decidem que informação repassarão? Pessoas que são falhas, corruptíveis, questionáveis? Se não há uma fiscalização adequada da operação destas pessoas pelos representantes dos clubes, de que adianta? Voltaram com o futebol em meio à pandemia para encenar uma pantomima a cada rodada? Às favas com o resultado! Mesmo quando vencemos, houve situações em que fomos tungados. Só que na vitória isso não fica aparente, porque não há prejuízo de pontos.

Odair errou em escalar o Hudson, que claramente estava sem ritmo – e deixou isso claro no final da partida contra o Vasco. Deveria ou ter entrado direto com Yago ou com André. No segundo tempo, o demérito de Odair foi não conseguir fazer o time simplesmente jogar e competir. Sem confiança, restou à equipe tentar segurar o resultado e partir em efêmeros contra-ataques para tentar marcar o segundo – sem sucesso. Só apertamos quando eles mesmos recuaram, satisfeitos com o empate conseguido com o empurrãozinho camarada da arbitragem. Nesse domingo tem jogo contra o São Paulo, que tomou uma cipoada do Galo e vão querer tentar se reabilitar. Eu acredito sempre numa vitória nossa, principalmente contra uma equipe que, a despeito da segunda colocação no campeonato, é instável e acumulou alguns insucessos vexaminosos esse ano. Isso, é claro, se não acontecer alguma situação em que em vez de lisura tenhamos favorecimentos inadequados. Não podemos esquecer que na rodada seguinte, pra VARiar, temos o novo velho queridinho do VAR pela frente. Olho vivo.

Curtas:

– Eis que o destino nos prega uma peça e nos condena a jogar com o Atlético-GO três vezes em um mês. A equipe goiana será nossa adversária na Copa do Brasil, onde não tem VAR, e onde ainda não tem necessidade de desfavorecer uma certa equipe em detrimento de outra. Este jogo de quarta-feira, de uma certa maneira, foi bom para que Odair possa ter entendido como eles jogam, quem são os jogadores principais e, fundamentalmente, como anulá-los. Precisaremos disso para passar de fase e evitar que o ano acabe em setembro.

– Vou frisar bem, porque posso estar sendo mal interpretado: nossa competição é a Copa do Brasil. Até que possamos sentir firmeza no desempenho do time no Brasileiro, nossa melhor chance de conseguir um título nacional esse ano é pela competição de mata-mata. Faltam dez jogos, cinco adversários. Muito menos que as 31 partidas restantes no Brasileirão.

– A FluTV poderia começar a prestar um serviço imprescindível na luta pela lisura no futebol brasileiro ao criar um programa, um bloco, sei lá, qualquer coisa, propondo-se a analisar as interferências do VAR (e a falta delas) nos jogos do Fluminense. Peguem as gravações dos jogos mesmo, os trechos em que acontecem os lances. Isso não é nada impossível de ser feito e, com um pouco de boa vontade, poderemos começar uma verdadeira defesa institucional ao nosso Tricolor. Hora de fazer pressão pra cessarem as sacanagens!

– Palpites para as próximas partidas: São Paulo 0 x 2 Fluminense; Fluminense 4 x 0 X.

Panorama Tricolor

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