A presença, a prece e o silêncio (por Crys Bruno)

Oi, pessoal.

Ao ler, ontem, que Abel compareceu ao treino e trabalhou, três dias após receber a notícia mais devastadora e dolorosa da sua vida, exclamei: “- Meu Deus! Ele foi!”.

Fiquei imaginando sua esposa.

Certamente, a senhora Claudia pensou que para seu companheiro de vida seria melhor voltar ao ambiente de trabalho para ser abraçado pelo amor do futebol.

A dor da perda pede silêncio, prece, lágrimas e amor.

E presença.

Sábado, estarei no Maracanã, em silêncio e prece, as lágrimas deverão aparecer porque ver aquele homem de sessenta anos, a corporização de um guerreiro de coração limpo e sincero, já tão admirável, em dor profunda, esmorecido, mas ali, de pé, mesmo arriado, demolido, vencido, é, por si só, comovente.

É de pé que Abel quer ver os jogadores do Fluminense essa noite, no difícil jogo contra o Sport-PE, em Recife.

É de pé que Abel quer ver o Fluminense ficar.

E ficaremos: eretos, apesar da sua dor e abraçados a ele.

Hoje será um jogo atípico.

Claro que queremos a vitória e tenho certeza que os jogadores do Fluminense entrarão em campo diferentes, porque uma vitória, essa noite, terá um significado singular.

De pé, apesar de destroçado, mas ali, presente: assim estará Abel à beira do campo.

De pé, e por ele, que nossos jogadores nos representem e joguem como ele gosta de ver.

Sábado, estaremos todos juntos. De pé, mas, sobretudo, com o único sentimento que enfrenta de igual para igual a agudez da dor, o amor.

Mesmo que seja o amor de uma multidão desconhecida, mas será o nosso amor, do torcedor do Fluminense.

Até sábado, no Maracanã, com amor, abraçando Abel, João Pedro, Fábio e dona Cláudia. 

“O resto é silêncio.”

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Imagem: buc