A bobeada de Diniz (por Vitão)

Após errar no meio de semana contra o Boa Vista, Diniz mais uma vez não foi bem. É lógico que a culpa não é exclusiva do comandante, mas os dois últimos resultados precisam servir de alerta nas Laranjeiras.

Cadê o futebol envolvente, criativo e eficaz que o Flu praticou na temporada passada? Onde está a organização tática que rendeu elogios e encantou em 2022? Até quando vamos usar o início de temporada como escudo para o começo que está nitidamente ruim?

O Fluminense mais uma vez se apresentou desorganizado, desligado e sem objetividade. O Tricolor até controla e mantém a posse, mas não consegue infiltrar, ser agudo e fazer os gols. Na primeira etapa, o Flu não chutou no gol adversário, o que mostra a ineficácia do volume de jogo.

Até quando Diniz vai insistir com Yago? Como já citado em minhas colunas anteriores aqui no PANORAMA, o Flu iniciou a temporada com muita dificuldade de romper as linhas do adversário. Um dos motivos é obter profundidade somente na beirada que Árias joga, único jogador no time que possui essa característica de romper as linhas com drible e velocidade, seja puxando para dentro ou buscando a linha de fundo. Mas Diniz continua insistindo em jogar com Yago fora de posição ao invés de lançar outro atleta mais agudo que ajude a infiltração na área do rival. O campo tático abaixo mostra o Flu atacando pela direita e Yago perdido ao lado de Cano.

O Fluminense precisa urgentemente de profundidade e capacidade de drible nas duas beiradas para diminuir a obviedade de suas ações ofensivas.

No intervalo, Diniz tirou Yago e colocou Keno. Rapidamente aumentou o leque de opções para Ganso fatiar a bola. Enfim, profundidade pelos dois lados e pênalti oriundo de uma assistência de Ganso para Keno. Mas, ao invés da penalidade ser batida pelo camisa 10 ou por Árias, o escolhido para a cobrança foi Calegari. Quando ele colocou a bola debaixo do braço e os outros afastaram, eu já imaginava o que estava prestes a acontecer.

Era, de certa forma, óbvio. Colocar o lateral improvisado, que tentou ser negociado antes da temporada, para bater o pênalti em um clássico pegado, foi outra obviedade ignorada pelo comandante tricolor. A tragédia estava anunciada. O Botafogo jogava fechado e esperava uma escapada para fazer o gol. Abaixo o campo tático mostra o adversário engatilhado para ganhar a partida.

Em terra de óbvio, quem tem um olho é rei. Diniz sabia como o adversário viria e escalou mal. Castro também sabia como o Flu viria e montou seu time para o cenário óbvio. O Botafogo entrou organizado, bem distribuído em campo e com o propósito tático adequado para os desafios que a partida obviamente iria impor.

O Alvinegro entrou com as linhas bem cerradas e ainda contou com a apatia tricolor que insistia pelo centro e rodava a bola com lentidão. Castro já havia envergado os espaços nas costas dos laterais. Tiquinho jogou em cima de Manoel e esse embate físico adiantou o posicionamento do zagueiro, o que deixou o Flu ainda mais vulnerável ao contragolpe. Mais uma vez o Flu dominou, tocou, rodou e não machucou. Saiu derrotado por um adversário inferior, porém organizado e com mais vontade de vencer.

Diniz precisa colocar a locomotiva tricolor novamente no trilho. Não adianta tomar o gol para depois sacar zagueiros e meias e encher o time de atacantes. Chega de remediar o que existe prevenção. O nosso técnico precisa parar de errar e colocar o time para jogar, no mínimo, o que apresentou ano passado.

Por fim, precisamos urgentemente das gravações dos treinos do Fluminense. Coisas muito estranhas estão acontecendo por lá, como o Marrony voador e o Calegari que bate pênalti melhor que o Ganso. Talvez nesses treinos o Felipe Melo e o Bigode também estejam jogando bem para justificar tamanha insistência. É hora de recuperar a moral com bom futebol e atitudes lógicas, desenhadas pela obviedade. Salve o Tricolor!