Sem brilho (por Mauro Jácome)

O que todos dizem é que o Fluminense é muito superior ao Vasco. E é verdade. Pega-se a súmula e a diferença é gritante. No entanto, esse desequilíbrio técnico no papel só se reflete no placar quando há brilho. Caso contrário, nivela-se. E isso foi o que aconteceu no Engenhão.

Há, ainda, a alternativa tática. Uma estratégia bem montada pode suprir apagões dos jogadores. Num jogo em que, sabidamente, o Vasco se fecharia e jogaria no erro do Fluminense, o mapa da mina seria pelos lados do campo. O meio, óbvio, estaria congestionado. Ainda, a troca de passes teria que ser rápida e contínua para a desmarcação dos atacantes e a criação de espaços perto ou dentro da área.

Ambos os fatores derrotaram o Fluminense. Taticamente, o time teve muitos espaços, mas que foram dados pelo Vasco e em uma área de segurança, longe de seu gol. O tricolor ignorou os lados. No primeiro tempo, Carlinhos e Bruno pouco chegaram e, quando foram mais ousados, erraram nos cruzamentos. Carlinhos ainda acertou um que terminou numa boa chance. Wellington Nem tentou jogar nas costas do Nei e se aproveitar da instabilidade de Dedé. Nei não foi e Nem ficou preso.

O segundo tempo, até o primeiro gol do Vasco, foi parecido com a etapa inicial. O Fluminense ia, o Vasco segurava. A partir do gol de Bernardo, o jogo se transformou e entrou numa dinâmica de times desesperados. Começou com o Fluminense correndo atrás da virada, atacando com tudo e conseguindo dois gols em lances consecutivos. Era hora de se segurar e inverter os interesses: eles atacam, nós contra-atacamos. A estratégia não deu certo. O Vasco logo empatou e, da mesma forma, virou em seguida. O relógio já passava dos quarenta e o tricolor desmoronou e jogou a toalha.

Voltando ao papo lá do início, os jogadores do Fluminense não estavam numa tarde-noite feliz. Isso fez falta, pois é do conhecimento de todos que o Chef Abel não oferece um cardápio muito extenso de jogadas treinadas.

Há muito tempo, Cavallieri não se portava tão preso debaixo das traves. Nos três gols vascaínos ele sentiu o cheiro da bola, tamanha a proximidade com que passou pelo seu nariz. Eram bolas difíceis, sim, mas nada que um ou dois passinhos à frente não possibilitassem o corte.

A zaga, ah, a zaga! Gum toca mal, mas Anderson fez pior ao permitir que a bola chegasse ao Eder Luís. Os outros dois gols foram semelhantes. Nem Edinho, nem Gum acharam os adversários, tampouco conseguiram a antecipação. Bruno foi sofrível mais uma vez e Wellington Silva, pelo menos, participou do gol da virada. Carlinhos subiu muito de produção no segundo tempo e criou inúmeras jogadas.

Jean esteve bem abaixo do seu normal, errando passes, alguns perigosos. Deco, de quem ainda se espera jogadas surpreendentes, virou um burocrata. Toquinho de lado, nada mais. Thiago Neves correu, mandou uma bola na trave, mas errou muito mais do que acertou.

Na frente, Nem fez um bonito gol, mas não foi sombra daquele atacante veloz que deixava os defensores malucos. Fred tentou, tentou, mas, no geral, foi dominado por Dedé e Renato Silva.

Quando a turma tem um rendimento abaixo da capacidade, é muito difícil superar um adversário que, mesmo inferior no papel, tem a vantagem do empate e, mais ainda, a sorte de as falhas dos outros serem tão generosas.

Mauro Jácome

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: lancenet

Revisão preliminar: Rosa Jácome

4 Comments

  1. Complicado demais. O jogo era nosso. 1º tempo, era questão de tempo até o gol sair. Até a entrega do Gum. 2º tempo, Maurão, viramos. Era agora se fechar lá trás, dane-se, segurar o jogo, atacar só qdo fosse oportuno e necessário. Mas não… Não arrumaram a porra da zaga. Era tirar um do meio e colocar zagueiro…
    Temo pela Libertadores. Não estamos firme nem tampouco jogando como um campeão de Libertadores. Parece que vou continuar com 2008 entalado na garganta…

Comments are closed.