Vitória 0 x 1 Fluminense (por Edgard FC)

Ainda de ressaca, das boas, da noite anterior em que comemorei junto de amigos queridos a existência nesse mundo, quase completando em anos o que um tempo de jogo de futebol tem em minutos, eis que tinha um compromisso de assistir o Tricolor jogar contra o Vitória no Barradão.

Sob muita chuva, que inclusive causou interrupção no sistema de som dos canais da detentora da transmissão, nos permitindo desfrutar parte do jogo sem a narração, o duelo em campo era para saber quem queria jogar menos futebol.

Cano, de primeira, acertou a trave direita do goleiro rubro-negro, arrancando aquele ‘uhhh’ dos torcedores do Fluminense, por áudio e por escrito em grupos de conversas via celular. Foi, antes do gol, o melhor momento do ataque da equipe comandada à esmo por Renato.

Enquanto tinha um a mais em campo, após expulsão de Dudu pela equipe da casa, Fuentes tentou um cruzamento despretensioso, mas a bola ricocheteou no adversário e sobrou para que Hércules acertasse um lindo chute em diagonal, da esquerda para a direita, indo com mais graça e talento que a política nacional.

Bola na rede, um a zero no placar, a ordem agora era evitar futebol, segurar o placar, mesmo que para isso tivesse que recuar até não ter mais para onde.

Em meio a erros e bobeiras, com um a menos, o Vitória também chegou: em belo ataque articulado após saída errada de Hércules, Renato Kayzer encontrou seu colega Erick livre na direita, sem ser incomodado pelas forças de defesa, ele finalizou na trave esquerda de Fábio.

Igor Rabello, após fustigar Kayzer em uma bola aérea, recebeu o segundo amarelo e também foi expulso, a fim de equilibrar o jogo e manter o princípio do jogo da disputa igualitária.

O jogo não era nem um bocado mais que tolerável, assistíamos porque a paixão nos aprisiona, mas também a sensação de acreditar que, abandonando o jogo, teríamos perdido o tempo anterior e esforços investidos. Então, cala a boca e vai.

Ainda pensava na noite anterior, com os filhos (que são quatro), companheira e irmãs que produziram um belo recital musical com músicas que marcaram minha vida, desde ao caboclinho Chegança de Antônio Nóbrega, passeando por Lobão, que tocará esta noite no Circo Voador, com Vida Bandida e Universo Paralelo, sem esquecer a musa Dua Lipa, presente nos enfeites do bolo feito por minha mãe, que é boleira de mão cheia, tocando também Tigresa de Caetano, fechando o convescote em grande estilo.

Foi ótimo que a equipe tenha conseguido segurar a vitória a fim de não provocar um dissabor neste final de semana agradável, fora da curva. Sei que não é um recorte da realidade, mas sim apenas um alento da melancólica realidade brasileira, onde a maioria segue firme – como uma geleia de mocotó – e forte no peito e na raça. Que assim seja também para o Fluminense na terça e no porvir.

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VITÓRIA 0 x 1 FLUMINENSE
Campeonato Brasileiro – 24ª Rodada
Estádio Manoel Barradas (Barradão) – Salvador/BA

Sábado, 20/09/1982 – 16:00h (Brasília)
Renda: R$ 608.557,00
Público: 27.467 pessoas presentes

Arbitragem: Matheus Delgado Candançan (SP). Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Fernanda Kruger (MT). Quarto Árbitro: Denis da Silva Ribeiro Serafim (AL). VAR: Márcio Henrique de Gois (SP)

Cartões amarelos: Dudu 1’ e 25’, Pepê 64’ (VITÓRIA); Kevin Serna 20’, Igor Rabello 44’ e 45’+3’ (FLUMINENSE)
Cartões vermelhos: Dudu 25’ (VITÓRIA); Igor Rabello 45’+3’ (FLUMINENSE)

Gol: Hércules 37’ (FLUMINENSE)

VITÓRIA: 1-Lucas Arcanjo; 27-Raúl Cáceres (2-Claudinho 76’), 4-Camutanga, 5-Lucas Halter© e 13-Ramon; 21-Dudu, 6-Pepê, 33-Erick (7-Romarinho 63’), 11-Osvaldo (8-Ronald 32’/23-Fabrício Santos 65’/31-Renzo López 76’) e 10-Matheuzinho; 79-Renato Kayzer. Téc.: Rodrigo Chagas. 4-2-3-1

FLUMINENSE: 1-Fábio; 23-Guga (43-Júlio Fidelis 73’), 4-Ignácio, 21-Igor Rabello e 12-Gabriel Fuentes; 94-Otávio, 35-Hércules (5-Facundo Bernal 71’), 17-Agustín Canobbio, 90-Kevin Serna (18-Ruben Lezcano 32’/26-Manoel INT’) e 45-Lima (Joaquín Lavega 32’); 14-Germán Cano©. Téc.: Renato Portaluppi. 4-2-3-1

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