Infelizmente a torcida do Fluminense não conseguiu descansar o suficiente na última data FIFA, direcionando suas atenções e preocupações apenas para a Seleção Brasileira, que finalizou sua participação nas Eliminatórias para a próxima Copa do Mundo classificada melancolicamente na quinta posição, com um recorde histórico de gols sofridos.
Na última segunda-feira, dia 8 de setembro, ocorreu uma reunião no magnífico salão nobre do Fluminense, que havia sido convocada pelo Conselho Deliberativo do clube com a seguinte pauta definida: esclarecimentos e atualizações sobre a SAF. Para surpresa de muitos, principalmente daqueles que não conhecem os métodos da atual gestão, em longuíssimos e cansativos discursos tanto do presidente quanto do seu número 2, anunciaram que na verdade a reunião seria utilizada para apresentar a proposta de SAF…
Duas coisas, antes mesmo da proposta, me causam estranheza. A primeira é o CDEL convocar uma reunião para discutir esclarecimentos sobre a SAF e na verdade uma proposta real ser apresentada. Será que os conselheiros que deixaram de ir na reunião não teriam comparecido se soubessem da verdadeira pauta? Ou será que os que estavam presentes não poderiam ter se preparado melhor para a reunião? Outra questão é o material da proposta não ter sido distribuído para os conselheiros de forma antecipada, de modo que pudessem estudá-lo e preparar boas perguntas para a reunião.
Depois dos cansativos discursos do presidente e seu número 2, aconteceu a apresentação das pessoas envolvidas no fundo que está propondo a compra da SAF do Fluminense. Resumidamente, a proposta apresentada envolveria um pagamento inicial de 250 milhões de Reais por 65% da SAF e um compromisso de investir 6,4 bilhões em 10 anos.Tricolores mais incautos ficaram maravilhados com os montantes, até que boas perguntas dos conselheiros fizeram o vice presidente do clube confessar de forma confusa e até meio envergonhada que esse investimento seria feito com as próprias receitas do futebol.
O Fluminense teve receitas próximas de 700 milhões de Reais nos últimos dois anos. Não é necessário ser um advogado ou especialista em investimentos para concluir utilizando matemática básica que, mantida a média dos últimos anos, a receita nos próximos dez anos somaria em torno 7 bilhões de Reais. Então o consórcio de bilionários apaixonados pelo clube promete investir apenas o que o clube já arrecada? Para que então serve essa SAF? Projeto de poder da atual gestão do clube?
É absolutamente necessário e indispensável que a atual administração procure dar toda a transparência possível para os sócios do clube e que promova os debates e questionamentos suficientes para que todos tenham tranquilidade e confiança de que este importante passo a ser tomado seja dado em direção a fazer o Fluminense voltar a ocupar o espaço que lhe é destinado, o topo do futebol mundial.
Outra questão que precisa ser debatida e esclarecida é a já divulgada possibilidade de participação do atual presidente do clube como CEO da SAF. Tenho certeza que o caro leitor deste PANORAMA TRICOLOR há de concordar que isso é um claríssimo caso de conflito de interesses. É impressionante que o atual presidente do clube seja advogado e dono de um escritório de advocacia, mas que não tenha nenhuma vergonha de se oferecer para ocupar este cargo com vultosa remuneração.
Uma venda da SAF sem muitos debates e sem a máxima transparência, recheada de conflitos de interesses, cheira mais a um golpe para saquear o clube e perpetuar o atual presidente do clube.
SAF sem debates e transparência é GOLPE!