Sobre a arquibancada tricolor e os arredores (por Paulo-Roberto Andel)

Mais um Fla-Flu, mais uma vez a presença ínfima da torcida tricolor no Maracanã, ainda que o nosso time passe por um bom momento dentro das quatro linhas.

Trata-se de um problema antigo que vem sendo agravado com o tempo. E com muitas variáveis, ao contrário de certa análise simplista que se vê por aí.

Se o torcedor do Flu, pouco afeito à presença constante nos jogos, passou a fazê-lo voluntariamente desde o difícil 1999 e o fez até 2012 pelo menos, o que houve?

De cara, o baque da Libertadores 2008. Pouca gente fala, mas o bom público do final daquela temporada e da seguinte, 2009, só aconteceu com ingressos quase gratuitos para a torcida.

As temporadas de 2010, 2011 e 2012 foram de disputa de títulos e, por isso mesmo, já atraíam público naturalmente. Se não foi o devido, é porque o Fluminense tinha virado nômade, sem casa. Desde então, a presença tricolor se tornou cada vez mais escassa, a ponto de uma geração inteira de jovens tricolores ter sido forjada pela TV/internet.

A falta de referência como mandante, a satanização planejada das torcidas organizadas (visando desmobilizar oposição política e críticas à direção), o tempo de vacas magras, o mar de ódio da internet (política idem) e o sem número de opções tecnológicas também afetaram a torcida tricolor.

Mas o caso dos Fla-Flus chama atenção. Em 2009 o deserto tricolor já era real (0 x 2, Adriano). De lá para cá, ganhamos dois Brasileiros, um Carioca e a natimorta Primeira Liga. Eles tomaram a hegemonia do Estadual, ganharam um Brasileiro, uma Copa do Brasil,foram a N Libertadores, dominaram a imprensa, ajeitaram suas contas, regularmente contratam grandes jogadores e colocam 30 mil pessoas em qualquer jogo no Maracanã pelo Carioca.

Nossa torcida se afastou, nada é feito além de palavras de ordem da militância colérica, o rombo multimilionário (ou quase bilionário) galopa vigorosamente sobre as Laranjeiras e, para piorar, há quem pense que a solução passe pela construção de um elefante branco na Barra para “libertar o clube”. Não precisa ser muito inteligente para perceber que, se não conseguimos isso a cinco minutos do Centro, com táxi + ónibus + trem + metrô + Uber, dificilmente o faremos em qualquer lugar do Rio, sem contar que a ânsia pela megalomania sugere mais os interesses particulares do que qualquer outros.

Dentro de campo o Fluminense dá bons passos para temporadas melhores do que as últimas. Na arquibancada, exige uma completa reformulação. Nos bastidores, precisa de uma verdadeira revolução para não morrer enforcado em sua dívida astronômica. Enquanto isso, vamos torcendo, torcendo, sobrevivendo e buscando esperança. Precisamos de gente de verdade para as difíceis empreitadas. Até quando esperar?

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Os livros “O Fluminense que eu vivi”,”Gol de Barriga 2″ e “O Fluminense na estrada” encontram-se à venda na loja oficial do clube nas Laranjeiras e também nas filiais Nova América e Shopping Boulevard, além do Sebo X.

Na semana que vem chegam às lojas os volumes 1 e 2 da série Roda Viva.

PANORAMA: a casa da literatura tricolor.

Panorama Tricolor

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